Capítulo Único

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Não. Nunca que Lily Evans aceitaria segurar vela para sua irmã. Não importava o quanto seus pais pedissem. Ela não iria por vários motivos, o principal sendo não ser a maior fã de Vernon Dudley. Petúnia era grandinha o suficiente para ir sozinha num encontro com seu quase-namorado ou algo do tipo.

Esquece. Dudley tinha comprado três ingressos na pista premium para o show de uma banda chamada The Weird Sisters. Mesmo assim, Lily quase recusou se não tivesse sido os olhos pidões de sua irmã que diziam o quão importante era isso para ela.

Meu Deus. Ela nem sequer conhecia as músicas ou os membros da banda. O que diabos ela faria na pista premium? Não que ela não gostasse de música. Pelo contrário, como Petúnia costumava reclamar, Lily Evans tocava baixo, mas num volume muito alto.

Caso algo desse errado, no mínimo, ela culparia Vernon e voltaria a fazer o discurso sobre como sua irmã deveria dar um pé na bunda dele. Lily não queria ser chata, mas tinha que ser honesta. Ela realmente não entendia o motivo de Petúnia escolher namorar esse pedaço de lixo humano.

Pessoas apaixonadas agem como idiotas. Essa era a única explicação possível para Dudley ter comprado errado os ingressos e gastado uma fortuna. O show não era das Weird Sisters, elas eram a atração de abertura. O show era da banda The Marauders. Lily esperava que burrice não fosse transmitida geneticamente ou teria muita pena de seu futuro-possível sobrinho.

Talvez nem tanta pena assim, afinal, era uma banda que Lily conhecia e gostava de algumas músicas. Também, sua melhor amiga Marlene havia tentado infiltrar as duas numa festa alguns anos atrás só porque estava trocando mensagens com um dos membros da banda. A segurança não colaborou com as duas.

— Amor é uma palavra engraçada. — o guitarrista Moony começou um discurso após tocarem as primeiras canções da setlist — Guerras começam por causa dela, assim como a maioria das músicas.

Talvez Lily fosse uma fã normal, mas, para Petúnia, ter a irmã gritando e pulando ao mesmo tempo acabava com qualquer esperança que ela tinha de um clima de romance com Vernon. Então, não pensou duas vezes ao ouvir perguntarem ao público: Quem quer tocar guitarra? O que fez com que Lily ficasse da cor de seus cabelos, morrendo de vergonha por não saber tocar guitarra e não conseguir explicar no meio do barulho que o instrumento que ela sabia era outro.

— Fica difícil escolher assim. — o baterista comentou — Escolhe logo, Pads.

— Calma, Prongs. Deixa eu ver... — o baixista olhava para a multidão de braços levantados — A ruiva!

E claro, Lily era a única ruiva da pista premium. Ao subir no palco deu um abraço rápido em Remus ao se apresentar.

— Lily? — ele checou se tinha entendido certo o nome da garota e trocou olhares com o baixista — Lily é incrível, não é?

—  Lily é sensacional, Moony! - Sirius acrescentou rindo como se fosse uma piada interna — Lily, você já tocou guitarra antes?

— Eu toco baixo, na verdade. — ela respondeu ainda insegura com medo do que aconteceria.

— Ah, ela toca baixo... —  Remus já ia feliz entregando sua guitarra quando percebeu o equívoco —  Pads, ela toca baixo! Entrega a Genevieve, anda.

Lily riu. Ok, não parece tão estressante quando imaginava que fosse ser. Tudo bem que Sirius Black estava relutante em entregar seu baixo para ela, mas com a pressão do resto da banda e dos fãs, ele acabou cedendo.

— Cuida bem dela tá? — posicionou a correia do baixo nos ombros da ruiva, mas como Lily tinha bem menos altura do que ele, teve que abaixar-se segurando o instrumento para ela.

— Ficou ótimo, Lily. Padfoot, você tá fora da banda. — James elogiou e brincou logo em seguida ganhando um dedo do meio do baixista.

— Você sabe tocar alguma música? - Remus perguntou cauteloso vendo o rubor nas bochechas dela — Eu tenho que tocar com você.

E foi então que Lily se deixou relaxar no palco. Suas mãos já tocavam os acordes no modo automático, essa era uma das primeiras músicas que tinha aprendido no baixo. James imediatamente pegou a canção na bateria, já sabendo a música. Afinal, era ele quem tinha composto.

Surpreendentemente, a musa inspiração, por obra do destino, estava há poucos metros de distância tocando sua melodia no baixo. Sem fazer ideia de que a música era sobre ela. Tudo bem que o caso de amor inglês que a letra falava era sobre a época de colegial de James, quando ele conheceu Lily e tiveram um romance anos atrás.

Ela, com certeza, não se lembrava. Ele pensava todo dia.

Já Remus e Sirius não sabiam nem da letra da música direito.

Tudo começou em um final de semana em maio num bar logo após semana de provas. James queria atenção e estava carente demais para qualquer um de seus amigos. Lily queria se divertir e já tinham mandado ela parar de beber. Mais tarde encontraram os dois aos beijos dentro de um carro. E o caso de amor inglês de James não parou por aí. Em todo seu intercâmbio de um mês, virou uma rotina: ir para a casa de Lily, conversar, beber, ficar pelado, beijar — não nessa ordem necessariamente.

Quando James retornou a Austrália e contou para Sirius e Remus de Lily, os dois riram incrédulos. Lily havia virado um fantasma, a namorada ruiva inglesa imaginária do Prongs. Ou melhor, o caso de amor inglês. James sempre deixou claro que não chegaram a namorar.

Ela é tudo em que ele pensa, mesmo anos depois. Mesmo nunca tendo nada oficial entre os dois, a imagem de Lily Evans beijando ele na chuva estava gravada para sempre em seu meu cérebro.

James não consegue esquecer o seu caso de amor inglês. Ainda mais quando ela está cantando uma música sobre si mesma, sem imaginar que Prongs e James intercambista são a mesma pessoa.

O show não pode parar, mas música, após três minutos, terminou com aplausos. Moony e Padfoot ganharam um abraço da fã ruiva inglesa Lily. Por causa do espaço que a bateria ocupava, tudo que Prongs conseguiu entregar foi uma de suas baquetas. Curiosamente, com seu número de telefone escrito.

English Love Affair - JilytoberOnde histórias criam vida. Descubra agora