— Akira, o que aconteceu? — Shouto sentou-se ao lado do filho no sofá da sala e apoiou uma das mãos sobre o ombro, para que olhasse em seus olhos. — Estou preocupado com você.
O garoto de cabelos loiros e de olhos heterocromáticos (vermelho e azul) cruzou os braços, as lágrimas começaram na linha da água. Ele não sabia como falar para seu pai o que estava sentindo, também não conseguia decifrar a enxurrada de sentimentos em torno do despertar de sua peculiaridade.
— Se não quiser falar comigo, logo o seu pai estará em casa e você pode...
— Não! — O menino abraçou Shouto em torno da cintura, escondendo o rosto no blusão de tricô branco. — Não é isso, papai.
— Akira...
O bicolor abraçou forte o filho, colocando o pequeno corpo em seu colo, dentro do abraço amoroso, para deixá-lo mais confortável. Desde a chegada do filho, Todoroki sentia-se sensível com a responsabilidade de educar e amar uma criança, sempre pisando em ovos, com medo de cometer qualquer erro que pudesse desestabilizar as emoções de Akira.
Para alguns, o cuidado extra na criação (na medida do possível) era um exagero, mas ele entendia muito bem os transtornos de uma infância difícil e completa de traumas. Mesmo depois de adulto, ainda lutava contra vários fantasmas e sabia que alguns morreriam com ele, por isso toda a atenção e estudo em relação à paternidade. Bakugou também havia passado por situações horríveis na infância e compartilhava dos mesmos sentimentos, mas o marido lidava muito melhor com situações como aquela, quando o Akira apenas se fechava para todos.
Então, a única coisa que Shouto possuía certeza, era mostrar o quando amava e se importava com o bem estar do filho. Uma das mãos afagou a cabeleira macia e a outra apertou mais o abraço entre eles, deixando-o livre para chorar o quanto quisesse nas roupas do pai.
Os dois ficaram um tempo sentados, apenas o choramingo de Akira quebrando o silêncio da tarde.
Não demorou muito mais Bakugou chegar, alertando a casa inteira com o som dos pesados coturnos sendo deixados na entrada. Ele cruzou a sala, puxando algumas peças do uniforme de combate, mas parou assim que observou o marido e o filho sentados no sofá ao som de choros.
— Então... — Aproximou-se de Shouto e o beijou na testa, depois nos lábios e sentou-se no sofá para descabelar os fios perfeitos do loiro. — Por que você está chorando, Akira? Você viu o dindo Deku? Ele é assustador com aquelas sardas de mer... de feijão.
O pequeno deixou escapar uma risadinha abafada, afastando-se do pai para olhar para o outro. Bakugou sentiu o coração em mil pedaços ao observar o rosto amassado e vermelho do choro, os olhos cintilantes de lágrimas que apenas salientaram as cores distintas. Ele nunca pensou que conheceria alguém mais belo do que o marido, exceto uma mistura perfeita dos dois, como era Akira.
— Aquilo aconteceu... — O loiro quase perdeu a voz, os olhos correndo de Katsuki para Shouto, novas lágrimas nos cantos dos olhos. — Minha individualidade, ela apareceu.
O casal se olhou, milhares de expressões correndo sobre as faces, um misto de alegria e medo indecifráveis.
— Você quer mostrar para seus papais? — O bicolor quase engasgou-se, não estava pronto para aquele momento, de jeito nenhum.
— Mostre para nós, antes que seu pai desmaie. — Bakugou segurou a mão de Todoroki e apertou forte, mostrando-se consciente da situação e de todo o significado para eles. De todas as coisas que viveram — boas ou ruins — por causa de seus poderes.
Akira deu alguns passos para trás, ainda coçando os olhos para se livrar das lágrimas. Os pais estavam com o coração a toda velocidade dentro do peito, agora juntos e abraçados para observar o filho no meio da sala.
Ele ergueu as pequenas mãozinhas no ar e criou dois cristais de gelo e com voz chorosa disse:
— Eu não ganhei os poderes do papai Katsu e só metade do papai Shou. — Antes que qualquer um pudesse dizer algo, o loiro arremessou as lascas no chão, que explodiram, deixando dois buracos no tapete.
Surpresa!
Em segundos, Bakugou já estava com Akira no colo, longe dos destroços, e Shouto congelou as fagulhas do tapete.
— Filho, você possuiu um pouco de mim e um pouco de seu pai nos seus poderes. — O bicolor deixou que algumas lágrimas caíssem dos olhos, aproximando-se da dupla para um abraço. — Acho que você também descobriu isso agora.
— Não importa o poder, você é perfeito. — Katsuki afundou o rosto no pescoço do filho, lágrimas também saindo dos olhos, mas com um sorriso afiado nos lábios. — Mais perfeito ainda por puxar algumas coisas de mim, Akira.
Shouto deu um tapinha na cabeça do marido, os dois riram juntos, apertando mais o filho nos braços. Akira sorriu, feliz por possuir os pais mais incríveis de todos.
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Icybomb • bnha | tdbk | todobaku
FanfictionAkira Bakugou - filho de Katsuki e Shouto - despertou sua individualidade. E foi um baque descobrir que herdou apenas um dos poderes. Entre choros e abraços, constatou que possuía algo muito mais importante do que gelo, fogo e explosões. Ele possuía...