[02] Um inquilino?

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#NossaCama  🛏️

—  Horário do óbito 06:05 da manhã, dia 21 de maio de 2020.

Ouço a voz do médico de plantão falar, cansado.

Apenas essa frase e apenas isso, faz com que sinta um enorme peso no peito e solte um suspiro de frustação. Mas não consigo conter o soco fraco que dou na minha própria coxa, saindo do pequeno leito.

Eu amo ser enfermeiro, amo minha profissão e o que faço, a sensação de salvar uma vida é indescritível. Só que a de perder um paciente também é.

—  Jungoo? — Ouço novamente a voz do médico, que nesse plantão, concidentemente é meu melhor amigo, doutor Jung Hoseok. — Está tudo bem?

—  Está... é que... ele era um senhor tão... achei que fosse sair dessa. —  Respondo, suspirando mais uma vez e com expressão cansada. — A gente sempre tem essa expectativa quando se apega a um paciente.

—  Infelizmente. Na faculdade pedem para termos empatia e ao mesmo tempo, não nos envolvermos, é uma tarefa bem difícil. Então... preciso que dê baixa no prontuário do paciente. Vou ligar pra família. —  Respondeu e pude sentir em sua voz o quão doloroso é.

Apenas assenti enquanto seguíamos para o balcão de informações da UTI. Hoseok pegou o telefone da família e balancando a barra do jaleco, uma mania sua quando está nervoso, e foi para uma parte mais silenciosa, longe do vai e vem de médicos, enfermeiros, técnicos e sons dos aparelhos. As vezes me sentia sufocado em meu próprio ambiente de trabalho.

Peguei o prontuário do senhor Cho, observando a evolução do paciente, que infelizmente desde que foi levado para a unidade de tratamento intensiva, não houve tantas melhoras, devido seu quadro de leucemia grave. Sabíamos que essa realidade era a mais provável, mas pra salvar alguém, queremos até mesmo o impossível. Fiz minhas ultimas anotações e entreguei a fixa para uma enfermeira, que encerraria ali no computador.

Saquei o relógio de mão que estava no bolso do jaleco, vendo que estava no final do meu plantão e logo poderia ir para casa. O turno noturno sempre seria cansativo, mas felizmente já estava me acostumando, sigo essa rotina já tem alguns anos. Desde muito novo eu tinha o pensamento que trabalharia na área da saúde, mas não fazia ideia de qual maneira. Resolvi optar pela enfermagem depois da perca de meu pai, ele perdeu a luta para o câncer e passei longos períodos de tempo no hospital, no final, acabei tomando gosto pela profissão.

Fiquei parado, encostado no balcão, olhando para o nada e escondendo o bocejo com minha mão até que ouvi uma voz suave me chamando:

—  Jungkook, Jungkook. Pspsps! Jungkook-oppa!

Fiz como quem não ouviu nada, franzindo as sobrancelhas, procurando pelos leitos. No meu interno, segurava o riso, enquanto os chamados permaneciam. Porém, parei no mesmo instante quando vi uma movimentação do leito ao lado direito até notar a menina ao lado da cama, se segurando nas barras enquanto que com a outra mão, segurava o suporte de soro, de brinde seu rosto de sono. Fui mais rápido em sua direção.

—  Jeon Heejin! Você acabou de sair de uma cirurgia, não pode levantar assim! — Dei bronca, sendo agora, o apoio da adolescente para fazê-la voltar até a cama, deitando-a devagar.

—  Eu te chamei e você não veio! —  Tentou explicar-se, birrenta e bocejando.

—  Você não pode resolver andar pelo andar só porque ficou curiosa com a movimentação. —  Rebati, ajeitando o travesseiro. Tentei não transparecer quando passei a mão pelo objeto fofinho, tirando de lá alguns fios de cabelo. Enrolei e joguei no lixo, notando o olhar da menina em minha ação.

Apartamento de nós dois. • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora