Remorso

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Kitana dividia a atenção entre comer e dar uma olhada em um dos almanaques, era muita informação, teria que aprender a relacionar uma coisa com a outra. O bom de ficar sozinha é que tinha um tempo consigo mesma, para organizar todos os eventos que sucederam nos últimos dias. Despertou de seus pensamentos ao ouvir a porta batendo, o que faria? O que diria? Mesmo assim se sentiu mal em não atendê-la.

O homem a ficou olhando, logo a reconheceu, acabou sorrindo.

− Eu posso ajudá-lo? Está procurando Liu Kang? Ele saiu para trabalhar. – Respondeu. Observou-o suspirar.

− Meu nome é Kung Lao.... Somos amigos, ele disse quando volta? – Curioso.

− Não, eu sinto muito. Mas acho que não demora, ele disse que traria comida e tem apenas mais um potinho na geladeira. – Pensativa. – Pode tentar voltar amanhã.

− Ele deixou você sozinha aqui? – Lao acabou perguntando. Kitana estreitou os olhos, porque ele era tão familiar?

− Ah, eu me lembro de você porque você estava no torneio, mas se você estava no torneio e está aqui.... – Séria, observou ele sorrir.

− Fui um covarde. Não pude enfrentar Liu.... – Sincero, ela percebeu o pesar nele.

− Por que não entra? – Convidou.

− Não quero incomodar e eu queria mesmo vê-lo. – Simples. Ele não achava boa ideia ir escancarando a vida do mais jovem assim para ela, se ele quisesse ele lhe explicaria tudo.

− Não se preocupe, ele está bem. Pelo menos foi o que me disse, creio que amanhã poderá vê-lo. – Kitana respondeu, percebeu que ele também não falaria nada, era curioso pensar se com aquela personalidade horrível Liu conseguia manter amigos por perto.

− Obrigado, também é bom ver que está bem. – Simples.

− Obrigada. – Respondeu. Observou ele descer as escadas, agora havia parado para pensar, se Liu havia aceitado a proposta de Shang Tsung e antes havia lutado pelo Plano, provavelmente ele e esse amigo teriam muitas desavenças, ou este ficou chocado ao vê-lo do outro lado no torneiro, eram muitos questionamentos e ela só queria saber o que estava havendo logo, fechou a porta, sentou-se e voltou a atenção para a comida e o almanaque novamente, não haveria como se preocupar com isso agora, quando voltasse poderia perguntar a ele, esperando que ele não mandasse ela cuidar de sua vida como vinha fazendo.


Quando anoiteceu como pedido ela trancou tudo, havia gostado de todas as coisas práticas que havia na casa, comeu mais uma das comidas embaladas que estava na geladeira, comprovou que o frio realmente tirava o gosto dos alimentos e queria prova-las em temperatura normal. Leu até sentir sono, seu corpo ainda estava dolorido e as queimaduras ainda eram um incomodo, lembrou-se de onde ele havia deixado a pomada e a passou depois que tomou banho, poderia facilmente se acostumar com aquela vida. Acomodou-se para dormir, mas quando estava quase pegando no sono, naquele limiar entre o consciente e o inconsciente só conseguia ver as cenas que a assombravam, o pai morto, as ruínas do palácio e o assassinato da "irmã".

Acordou bruscamente com o barulho da porta abrindo, aquilo fez suas costelas incomodarem, mas não se importou.

− Se acalme, sou eu. – Liu Kang disse simples, tinha sacolas em mãos.

− Seu rosto. – Ela comentou percebendo a marca arroxeada logo abaixo do olho direito.

− Não é nada, as vezes acontece. – Deixou as compras na mesa da cozinha e sentou-se na poltrona, estava cansado. – O-o que.... – Reclamou quando ela levantou a manga esquerda da blusa negra que ele usava.

If There is a Next LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora