Capítulo 3 - Casa

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Espero que vocês possam curtir esse capítulo, mas tenho que informar que ele tá cheio de gatilho. ❤️Abuso Sexual e Psicológico;❤️Menção a tentativa de suicídio ❤️Por favor respondam meu questionário do TCC tá nas notas finais.


❤️Boa Leitura❤️

NEJI

Eu não sei a quanto tempo estava na cama, se tinham se passado dias ou meses, mas eu estava gostando. Eu poderia odiar Temari e Shikamaru mas eles eram melhores do que qualquer outra opção, a quem estou tentando enganar..., eu nem tinha opção.

Eu não sei quanto tempo eu dormi desde que o médico me examinou e eu voltei para esse apartamento, pelo que ouvi quando acordei, Temari havia dito em um comunicado à imprensa que eu me recuperava de uma cirurgia, eu não sei dizer se fiz ou não alguma cirurgia, parece que meu corpo não me pertence, na verdade meu corpo não me pertence...

Quando eu comecei a melhorar, Temari começou seu trabalho de relações públicas e passou a me fotografar. Afinal eu era um investimento até quando eu estava doente.

_Cadê o ursinho que recebemos hoje Shikamaru? – Temari tirava as fotos com o próprio Smartphone, a ideia dela não era parecer profissional, eles haviam feito parcerias com inúmeras lojas, o ursinho em questão era de uma dessas parcerias, junto com o pijama que eu vestia.

_Tá uma gracinha... – As mãos de Shikamaru posicionavam meu corpo, eu não tinha mobilidade física, estava completamente dolorido e muito machucado, eu ainda tinha que fingir sorrisos. _Pronto. – Ele posicionou meus braços abraçando o ursinho e abaixou a coberta para que o pijama ficasse amostra enquanto me apoiava sentado encostado na cabeceira da cama.

_Neji, olha para o ursinho não para a câmera. – Eu obedeci, não seria inteligente não obedecer, com a pouca força que eu tinha apertei o urso enquanto ela me fotografava. Aos poucos as fotos "inocentes" passaram a ganhar um duplo sentido, eu não estava com a parte de baixo do pijama então quando Shikamaru me deitou novamente e posicionou meu corpo ele deixou que a coberta ficasse propositalmente largada, deixando parte do meu corpo a mostra.

Era para parecer um ato inocente e fofo segundo os mesmos, as fotos eram diárias quanto mais agradáveis maior era o retorno, segundo Shikamaru o meu tempo doente estava rendendo mais do que o esperado, tudo sempre rendia para esses dois.

Os dias seguiram nesse ritmo, eu fazendo propaganda e eles recebendo por isso, era isso, eles recebiam todo o dinheiro e depois repassavam parte para alguém, eu nunca recebi nada, e eu nem sei quando isso começou a ocorrer.

Eu lembro muito pouco da minha vida antes de vir para cá, eu só lembro que meu pai faleceu, eu sei que tenho uma prima e que ocorreu um acidente e eu estou aqui, mas não sei dizer quanto tempo faz ou qual a minha idade.

Eu quase não falo, eu quase não escrevo, eu quase não penso por mim, na maioria das vezes eu estou em um estado letárgico. Eles me mantêm em uma coleira, eu não posso comer ou beber nada fora do cronograma deles, meu corpo recebe o melhor tratamento estético, eu tenho tratamento de saúde, dentário e capilar, eu sei que alguns desses são parcerias e/ou patrocínios, mas não sei dizer quais eu só os recebo.

Uma vez eu perguntei o que era alguma coisa na minha pele e Shikamaru respondeu que era para agir como um carro na oficina, os donos apenas levam os carros na oficina para fazer reparos necessários, o carro é um objeto e objetos não questionam, eu sou objeto e não devo questionar o que fazem comigo.

Os dias seguiam com mais e mais fotos...

_Abre as pernas – eu estava sentado em cima da mesa da sala, vestia uma blusa de mangas demasiadamente grande para mim, estava de cueca box e meias coloridas. Eles sempre falam o quão parecido com uma bonequinha de porcelana eu sou, fácil de manipular e totalmente quebrável, Temari posicionou a xícara quente em minhas mãos e o vapor do café invadiu minhas narinas. _Não beba.

Era sempre assim, não beba, não coma, não engula, eu fazia propaganda de inúmeras coisas que eu nem colocava na boca, mas fingia gostar, uma vez eu tinha que fazer propaganda de chocolates, eu estava com tanta fome que eu nem vi quando mordi a barra de chocolate, eu não preciso dizer o quão complicado foi para mim depois.

Quando eu cheguei aqui, sim aqui, eu não sou daqui, sou de outro país e é por isso que pedir ajuda sempre foi tão difícil para mim, eu lembro que eu resisti, eu até mesmo tentei fugir, mas eu nunca consegui fazer com que me entendessem, a realidade é que eu sei que Temari e Shikamaru são apenas um pedacinho de toda essa merda, existem outros como eu, existem muitos outros.

De tempos em tempos chegam mais e mais pessoas que se tornam o que eu me tornei, nada, eu sou exatamente isso, um nada, eu não sou um influencer, modelo ou pop star, isso era o que as pessoas queriam que eu me tornasse, eu era uma bonequinha que seria descartada se não tivesse mais como arrumar. Eu queria ser descartado.

Eu já tentei me matar, mas não deu certo e tudo passou a ser muito pior do que já era. A liberdade restrita que eu já tinha se tornou inexistente, eles me vigiavam, vestiam e me dopavam, essa é a minha vida.

As vezes eu sonho com a Hinata, eu não lembro muito dela, eu sonho com seus abraços e seus sorrisos, ela é a única lembrança boa nos meus sonhos, e eu acho que se a encontrasse ela seria a única pessoa que eu não teria aversão ao toque.

É torturante pensar que seu corpo não te pertence, que você é só um objeto que vai ser usado, machucado e descartado e que ninguém se importa. Quer dizer se importam, se eu me machucar demais eles não ganham lucro e não é isso que eles querem, eles gostam do dinheiro que meu corpo proporciona.

É, é muito dinheiro, eu já servi desde banqueiro a alto escalão de distintos governos é para isso que serve o "álbum secreto" repleto de poses humilhantes, eles me vendem, eu sou "perfeito" para servir aos mais exigentes padrões.

Eu me odeio, odeio cada pedacinho desse corpo indefeso e frágil, odeio esse monte de nada que não consegue fugir ou falar, odeio ser tão medroso e obedecer a essas pessoas imundas, eu me odeio ainda mais por achar que a Temari e Shikamaru não são as piores pessoas do mundo, eu sabia que não eram existiam piores.

Eu sei que pertenço a alguém muito poderoso para quem Temari e Shikamaru trabalham, é para ele que eles repassam parte dos lucros é para ele que eles informam sobre minha saúde e agenda, eu não sei se já me submeti a essa pessoa, mas sei que é uma pessoa pior do que os dois, eles sentem tanto medo dessa pessoa quanto eu sinto deles.

_Temari, vamos ter que ir... – Shikamaru falava pesaroso enquanto Temari parecia sentir o peso daquelas palavras eu não entendia o que estava acontecendo. _É bonequinha, parece que você vai voltar para casa. – Casa..., eu não entendi aquilo, mas o peso daquela única palavra me tirou todas as poucas forças que eu tinha, eu me agarrei ao lençol e meu peito se apertou, "voltar para casa" deveria ser algo bom, mas nada de bom acontece na minha vida. 

❤️D❤️

Selfie - Por trás das máscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora