Notas de Saída ;

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Em um calmo campo de lavanda, onde tudo que era possível escutar era o silêncio, uma garota encontrava-se deitada contra a grama verde brilhante cercada de flores lilases, os cabelos incrivelmente negros e longos da garota davam contraste a sua pele cor de café com leite, suas vestes eram na temática da estação de colheita de lavanda sendo todas num tom roxo claro com branco, uma de suas mãos recostava perto do peito apertando um tipo de colar dourado, enquanto a outra acariciava a grama. Aquele campo era sem dúvidas o paraíso da garota ali deitada, passava inúmeras de suas horas deitada sentindo o cheirinho gostoso que as flores da estação produziam, infelizmente nada é eterno e mesmo contra gosto voltava para sua casa depois de um longo dia, o que acabou acontecendo já que tinha perdido o tempo (e até mesmo cochilado), levantou-se batendo em suas roupas de leve para tirar as possíveis sujeiras que estariam ali e amarrou o cabelo em um rabo de cavalo rápido, perto dela tinha um chapéu de mesma cor do que vestia, sem pensar duas vezes ela agarra o chapéu e começa a andar em direção a sua casa.

O caminho era curto, porém nada mudava o fato de que não gostaria de fazer aquele caminho, a garota com seus 1,70 de altura no meio de sua jornada para casa acabou esbarrando em alguém mais alto, ao olhar com um certo receio a figura a sua frente notou ser seu vizinho, um rapaz de cabelos de mesma cor que os dela, um sorriso meigo no rosto e com vestes completamente brancas, ao ver que encarava-o não tardou a estender sua mão para que pegasse, afinal no momento em que esbarrou no homem a jovem acabou caindo no chão, mesmo relutante acabou aceitando a ajuda.

- Não precisava me ajudar, senhor Lions. - a caída no chão riu envergonhada, tomando a mão do mais alto para si, assim se levantando com sucesso do chão de areia que era a única trilha até sua casa. - Aliás, peço perdão por ter esbarrado em ti, ando um pouco avoada esses últimos dias, então me perdoe! - ela abaixou a cabeça em um sinal de arrependimento, esperando que a pessoa a sua frente fosse ficar brava, mas parou assim que ouviu uma risada.

- Está tudo bem, Emile! Você pode me chamar de Oliver se quiser, não precisa ficar me chamando pelo sobrenome, garota boba. - Oliver ria de leve da reação de Emile, que tentava a todo o custo esconder seu nervosismo, não era a primeira vez que se viam quando a jovem Emile decidia voltar para casa, é como se o mais alto soubesse o horário certo que deveria passar para poder vê-la com seu longo vestido lilás e seu chapéu enorme da mesma cor.

- Senhor Oliver... eu tenho de ir para casa, mas foi um prazer encontra-lo por aqui. Peço que diga a sua mãe que mandei lembranças! - Emile sorriu envergonhada ao ver que as órbitas carameladas de Oliver a encaravam, aquelas mesmas órbitas exalavam um ar tão atraente e maduro, o que acabava chamando a atenção da jovem dama e a fazia encara-lo de volta no mesmo nível.

- Direi sim. - Oliver fitou mais uma vez a garota, vendo que após ouvir isso Emile se preparava para ir embora como sempre fazia depois de se encontrarem "por acaso", mas dessa vez ele não deixaria com que isso acontecesse. - Emile, por favor espere! - ele suplicou segurando de leve o pulso dela, tinha de ser franco consigo mesmo, Oliver sempre foi amigo de Emile na infância, mas após um evento traumático para a pobre jovem, eles se afastaram.

Emile não sabia porque o homem que tanto respeitava, estava segurando seu pulso como se suplicasse para que ficasse por mais um segundo, sempre via Oliver passando pela pequena estrada perto do momento em que resolvia ir para casa, mas nunca iria imaginar que o motivo ao qual ele passava por ali era somente para vê-la, a realidade é que mesmo tentando disfarçar o quanto olhava-a quando se encontravam no centro de seu vilarejo, Oliver não conseguia. Infelizmente o sentimento que nutria por Emile era mais claro do que a mais estrelada noite, porém como iria ficar com ela devido a suas circunstâncias?

- Perdão? - Emile disse entre uma dócil risada, fazendo Oliver ficar mais nervoso do que já se encontrava no momento, ela que estava de costas aos poucos foi se virando para vê-lo, quando se virou por um todo as órbitas escarlates se encontraram com as carameladas piorando mais ainda o estado do que segurava gentilmente o pulso da outra. - Senhor Oliver, está ficando tarde, tenho certeza de que não chegará a tempo em casa desse jeito e muito menos eu. - o tom de Emile não era grosso ou rude, e sim um calmo demonstrando que estava preocupada com ele, o olhar dela estava ainda mais intenso, porém soava como se estivesse apenas admirando o olhar de Oliver e era isso que estava de fato fazendo.

A essência escarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora