A essência escarlate

Notas de Alma ;

- Senhorita Faith, não? Bem que ouvi os boatos de que você produzia as mais belas essências e perfumes, pelo visto estavam certos. Gostaria de fazer uma parceria? - o perfumista não tirava o sorriso dos lábios, fazendo com que a corajosa Emile Faith ficasse nervosa, aquele cara estava exalando um ar tão estranho que a fazia tremer de leve, ele se aproveitou da deixa e chegou ainda mais perto da famosa "auxiliar de perfumista", sussurando no ouvido dela. - Você não vai se arrepender, docinho. - ele tocou de leve o pescoço dela.

Emile se afastou por instinto, mesmo sabendo que aquilo iria trazer desconfiança ao perfumista e iria acabar com sua pose de corajosa, não sabia o que fazer diante aquela situação, tinham muitas pessoas olhando para ela esperando que falasse algo, por causa da afastada um frasco que estava em sua mão caiu no seu pé e por sorte não quebrou, o choque do vidro sobre sua pele fez com que voltasse a realidade, respondendo as perguntas dos clientes e tirando a paciência do homem perto de seu ouvido, claro que aquilo o deixou bravo, mas no momento o ideal para ter a atenção dela era mostrar que era alguém calmo, ficou ouvindo-a dizer algo como "esse perfume ficará divino em você, senhorita", ficou esperando com que Emile ficasse desocupada e pudesse em fim ouvir a proposta de parceiria, quando ficaram só os dois e o aroma doce de uma essência no ar, ela sorriu ignorando a presença dele para poder arrumar o restante de suas vendas, preparando-se para as próximas da noite. Pobre Emile, mal sabia que ignora-lo seria a pior escolha, tudo que o perfumista ali queria após ser ignorado era acabar com suas vendas e de quebra sentir o corpo frágil da famosa "auxiliar de perfumista", sem mais nem um resquício de paciência eminente, ele fez um gesto para que ela o acompanhasse, que deu certo, Emile queria ver o que aquele homem todo cheio de si queria.

- Onde está o especialista? Preciso de um novo perfume urgente, meu marido não deitará com uma dama não produzida, e está é a última coisa que falta para poder em fim estar "produzida". - uma dama com um leque exuberante comentou irritada, ela parecia ser da nobreza só pelas vestimentas que usava, em seu corpo esbanjava as mais caras joias do país, rindo de todas as mulheres envolta que se mordiam desejando ser ela. - Vamos, vamos! Não tenho o dia todo. - comentou mais uma vez, abandando fortemente o leque em seu rosto, estava irritada por ter sido forçada a comprar um perfume para um homem que sequer amava e ainda mais por estar agindo de forma contrária do que realmente agia, aquilo tudo era desgastante para ela.

- Ele está ali, madame Henrietta Welle! - um funcionário apontou para a entrada, onde o perfumista entrava juntamente de Emile, o olhar dele estava repleto de confusão. Afinal por que seu chefe traria uma amante em horário de trabalho? Foi o que ele pensou. - Senhor Gordon, ainda bem que chegou. - ele comentou, suspirando aliviado por não ter mais de aturar a nobre com seu lequezinho na mão, mas voltou a sua compostura normal e fingiu um sorriso para ela.

- Perdoe-me a demora, madame Welle. Fui tratar de negócios, sem contar que não esperava pela sua visita, então. - Gordon parou a frente da madame, mas ao invés de cumprimenta-la ou até mesmo beijar sua mão em sinônimo de respeito, puxou um cigarro na mesa atrás dela, acendendo sem nem se importar com qualquer um presente na loja, ao dar uma longa tragada ele resolveu continuar. - O que procura? - foi direto, queria de uma vez por todas acabar com aquilo, para poder conversar com Emile a sós, se é que vocês leitores entenderam.

- O melhor perfume que tiver! - Henrietta fez uma voz arrogante, mas ela sequer queria um perfume e sua cara transmitia isso, uma nobre como ela já tinha os mais caros perfumes em seus aposentos, então não faria sentido pegar outro, embora para nobres dinheiro não seja um problema.

- Essa dama tem perfumes magníficos. - Gordon riu entre sua tragada, apontando o dedo para Emile que estava atrás de si, o breve momento em que o cigarro saiu de sua boca foi para sorrir para Faith. - Tenho certeza de que gostará de algum deles. - ele disse dando de ombros, andando até o balcão, quando em fim conseguiu ficar no vão que geralmente atendia os clientes ou seja a parte de trás do móvel, apoiou seus cotovelos ali e segurou suas bochechas, observando as duas conversarem baixinho.