Capítulo Um - Confusão no restaurante

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Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra
E água fresca
Meu Deus
Quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse
"Filha, você é a Ovelha Negra
Da família"
Agora é hora de você assumir
Uh! Uh! E sumir!

- Ovelha Negra, Rita Lee

AMANDA

Essa semana eu estava reclamando do meu trabalho e de como algumas pessoas do mundo da música são superficiais. Agora estou aqui pagando por tudo que disse sentada na mesa de um restaurante chique, onde brinco com o troço que chamam de comida que colocaram em meu prato, enquanto minha adorável irmã fala sobre roupas e sapatos da nova grife que ela possou para fotos. Não sei como meus pais a olham com tanta fixação e parecem apreciar as bobagem que ela diz. A única vez que a atenção da mesa se volta para mim é quando o convidado do jantar de gala desta noite dirige a palavra a mim. - E você Amanda no que trabalha ? - eu levanto a cabeça assustada. Nunca, eu digo jamais ninguém que mamãe e papai convida para esses jantares fala comigo uma ou duas palavras, muito menos me pergunta algo. Com o susto o troço que eu estava cutucando com o talher voa em direção a outra mesa e cai no busto de uma senhora. Ela automaticamente vira sua cabeça em minha direção, parecendo a menina do filme Exorcista. Meus olhos ficam arregalados e sussurro um - desculpe - para minha vitima.

Quando volto meu olhar para a mesa de jantar, todos me observam cautelosamente. Meu pai e minha mãe me dão um olhar de desaprovação, minha irmã faz um barulho de negação enquanto olha para suas unhas e nosso convidado, que se chama Paulo tem um sorriso estampado no rosto. Pelo que parece, fiz sua noite ficar mais alegre.

- Então Amanda, no que trabalha ? - ele volta a perguntar com um sorriso ainda maior no rosto.

- Eu trabalho em um estúdio de música e desenho tattoos para um amigo que tem um estúdio de tatuagens. - dou de ombros.

- Você desenha tatuagens ? - duas perguntas no mesmo jantar, isso está ficando épico. Quando ia começar a responder sou cortada pela voz grave e desdenhosa do meu pai.

- Sim, ela faz essa porcaria. Já falei para ela que isso não é um trabalho e sim um hobby. Só quero saber quando ela vai tomar vergonha na cara e arranjar um emprego descente. Não paguei faculdade cara para ficar trabalhando com música e tatuagem. - Meu pai fala cuspindo toda sua fúria em minha direção. Tento morder a língua para me controlar - Você devia ser igual a sua irmã ! - respiro fundo, isso foi a gota d'agua. Me levanto e rasgo o verbo

- Você não respeita a minha música e nem minha opção de trabalhar com o Ben, Até ai tudo bem. Mas querer que eu seja igual a puta da minha irmã, que enche a boca para falar sobre a droga da grife que ela possou para fotos, ai é demais.

- Não fale assim da sua irmã. Sente-se e termine de comer. - ele me repreende.

- Agora eu vou falar e você vai escutar. Não quero nem saber dessa droga de comida de passarinho. Você se enche de orgulho para falar de uma filha que tira fotos de lingerie sensualmente e mas apoiar uma filha que ganha dinheiro com música e desenhos artísticos você não quer ! - vejo ele arregalar os olhos quando falo sobre as fotos de lingerie.

- Katherine você não... - ele tenta perguntar mas eu o corto.

- Sim, querido pai. Se não acredita em mim vá na banca de jornal amanhã pela manhã e veja por seus próprios olhos.

- Por que você contou sua invejosa ?! - Katherine resolve se pronunciar.

- Ele precisa saber a verdade. Eu não sou a única ovelha negra. - bebo de uma vez todo o vinho que estava no meu copo, enquanto meu pai discute com Katherine. Pego minha bolsa e começo a procurar o cartão do estúdio do Ben. Quando o acho, coloco a mesma sobre meu ombro e caminho até Paulo. - Aqui tem o número de telefone do estúdio de tatuagens onde trabalho. Aparece lá, eu desenho uma para você.

Como se livrar da minha irmã gêmea - Confusões em dose dupla ( EM BREVE)Onde histórias criam vida. Descubra agora