00. Senhor Jeon

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— Senhora Kwon, o senhor Jeon está aí. Ele pediu para que você permitisse a entrada dele urgentemente. — A voz de Soora ecoou em meus ouvidos.

Apenas tive tempo em me revirar na cama, encarar o teto e analisar as possibilidades de não permitir que ele entrasse em minha casa. Talvez, dentro de todos esses anos, aquelas mágoas profundas que eu sentia em meu peito, não foram esquecidas.

O gosto amargo em minha língua, as lembranças dolorosas de um passado que desejei muito esquecer. Mesmo, sendo ele aquele que mantém nos dias de hoje. Dentro de todos esses anos, depois que sai de sua vigilância, não imaginei que teria de passar por aquilo.

Mas, ao todo modo, respirei fundo e ainda sentada na cama, acenei para Soora.

— Permita que o senhor Jeon entre. — Sem muito me questionar, ela saiu a passos apressados. Logo, ouvi o barulho da porta sendo aberta e da voz inebriante dele ao cumprimentar Soora.

Sempre causando boas impressões nas pessoas, sempre sorridente. Sempre Jeon Jungkook e sua falsidade forçada. Bom, talvez um pouco exagerado de minha parte, mas, quando se trata dele, nada é tão exagerado ao ponto de piorar.

E tanto ele, quanto eu, sabemos bem o que passamos juntos e os motivos pelos quais eu o odeio com todas as minhas forças. Mas, nas palavras dele, é apenas frustração de jovem de vinte e três anos.

Enrosquei-me nos lençóis, sentindo os meus seios ainda nus, se apertarem contra os lençóis macios e quentes. Completamente despida, me encontrava apenas enrolada nos cobertores. Assim como os meus cabelos bagunçados e a minha cara tão conhecida de tédio e derrota.

— Bom dia, Sarang. — Pisquei algumas vezes, sentando-me na cama. Cobrindo os meus seios nus com o cobertor e encarando sua face tão conhecida por mim. Que por muito tempo, perturbou os meus sonhos e encheu meu coração de dor.

Um suspiro escapou por meus lábios e eu tampouco sabia o que dizer. Mas, bom dia, aquilo estava longe de ser um bom e nós dois sabíamos.

— Nunca é um bom dia, quando temos que nos ver de novo. — Em uma confirmação fraca, ele apenas acenou. — O que veio fazer aqui Jungkook?

— Sou o seu tutor, Sarang. Ando recebendo reclamações suas, devido as suas faltas na faculdade.

Os meus olhos se reviraram e eu ri.

— Eu estou mantendo as minhas frequências na faculdade em dia. Sem contar que estou trabalhando para conseguir me manter. — O cenho dele se franziu e eu suspirei. — Eu não utilizo boa parte do seu dinheiro, Jungkook.

— Deveria..

— Não acho que eu deveria. Apenas quis um emprego e assim o fiz. A minha faculdade está terminando e breve você não precisará me sustentar.

— Na verdade, eu já não preciso sustentar você mais. Afinal, já tem vinte e três anos. — Desta vez, o meu cenho se franziu e eu fiquei completamente perdida.

Foi estabelecido que ele me enviaria dinheiro até os vinte e três anos, contudo, por que ele ainda continua me enviando dinheiro sem nenhum tipo de propósito aparente?

— Você não precisa mais.

— Sua mãe iria querer que eu ajudasse você. — Eu suspirei, passando as mãos sobre meu rosto, negando. Ele não começaria com aquela mesma picuinha de sempre.

— Minha mãe está morta, Jungkook. Assim como o meu pai. Não é sua obrigação e jamais será sua obrigação me sustentar. Eu não sou sua filha. — Encarei seus olhos e respirei fundo ao sentir minha garganta fechar. — Já está na hora de você parar, Jungkook.

𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔, 𝐣𝐣𝐤.Onde histórias criam vida. Descubra agora