01. Meu pequeno gafanhoto

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SEUL | 21:30PM

Assim que Jungkook passou pela porta, fora barrado por Jimin. O Park tinha uma carranca no rosto e já parecia saber do que se tratava. Principalmente porque Jungkook não era lá um dos melhores quando a questão era disfarçar seus sentimentos e que também havia chorado por questão deles.

Desde que Jungkook disse a Jimin que iria até Sarang, o Park sequer havia concordado com a ideia. E sabia que Jungkook não lhe devia explicações, mas, ir atrás de alguém pelo qual ele mandou embora a anos atrás, era como pedir para ser dispensado de volta. Observar as olheiras e os olhos vermelhos de Jungkook, apenas confirmaram o que o Park já sabia.

— Eu disse a você, não disse? — Recebeu uma negativa de Jungkook, que apenas puxou o braço e respirou fundo. — Muita coisa aconteceu Jungkook, e você sabe que eu estou certo.

— Então você quer minha confirmação para quê? — Puxando o terno para fora do corpo, o Jeon apenas caminhou casa a dentro. Ignorando a confusão que se instalava em sua cozinha, já que provavelmente poderia ser Namjoon com sua pequena Taehee. — Fui até ela, porque acreditei que ela poderia me perdoar, Jimin.

— Você machucou a garota de uma maneira que eu te mataria se fosse comigo. — Jimin se aproximou logo depois de fechar a porta, se sentando ao lado de Jungkook, que passava as mãos sobre os cabelos. — Sei que ocorreu sentimento entre vocês dois, mas, o que você fez foi demais Jungkook.

— Eu estava desesperado, porque eu tinha acabado de acordar em uma cama, com a filha da minha melhor amiga, completamente pelado e ciente de que ela se entregou para mim. — Jungkook suspirou, os olhos cabisbaixos e a vontade de chorar voltando novamente. — Era um momento difícil para nós dois, Jimin. Soojin foi muito importante para mim, quando descobri que ela havia morrido, eu morri Jimin.

— Eu sei, meu pequeno gafanhoto. — O Park se aproximou, passando as mãos sobre os cabelos sedosos e bonitos do mais novo. — Mas, no ponto de vista dela é diferente. Quando entregamos o que é de mais importante para nós, para a pessoa que a gente confia, queremos que ela cuide, queremos zelo. Você não deu isso a ela quando acordou no dia seguinte, mandando ela ir embora.

Jungkook confirmou a cada palavra. Estava se sentindo a cada segundo cada vez mais perdido. Sabia perfeitamente que suas ações não justificavam seus sentimentos. Ele estava profundamente desolado depois da perda de Soojin, assustado ao saber que seria tutor da filha dela e principalmente, que a garota havia se apaixonado por si. E que isso, isso era recíproco.

Mas, sabia que nada do que dissesse apagaria a dor que Sarang estava sentindo. Das lembranças dolorosas. Perder a mãe e consequentemente ser mandada embora depois de se entregar de corpo e alma a alguém pelo qual se apaixonou.

Jungkook deixou um soluço escapar e escondeu o rosto por entre os dedos grandes. No fim das contas, sua mãe sempre estaria certa. A culpa era mais destruidora do que a raiva.

Sentia culpa, raiva e qualquer outro adjetivo negativo que pudesse descrever a si mesmo. Estava desolado e talvez, apenas talvez, devesse se perdoar. Mas, sabia que não conseguiria. O sentimento que jurou ser apenas passageiro, ainda continuava ali.

O atormentando, por todos os momentos de sua vida. Aos trinta e dois anos, sentia-se perdido. Mesmo com sua estabilidade profissional, família, amigos e uma filha.

Sim, ele havia adotado uma pequena menininha. De cabelos pretos e olhinhos tão redondos e bonitos quanto os seus. Muitos diziam que ela já era sua filha, unicamente por ser tão parecida consigo. Era óbvio e sempre seria óbvio, todo o sorriso bobo quando Jungkook ouvia tais palavras.

𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔, 𝐣𝐣𝐤.Onde histórias criam vida. Descubra agora