killer love.

one&only.

Como princesas do mar, as sereias nadam. Em algum distante lugar, elas reinam.
Diante de tal majestosidade, quem seria capaz de não render-se?
Bem, esperamos que você seja. Não se renda, não se deixe levar pelos belos encantos das escamas dividas, pois elas não terão piedade de ti. Matarão, comerão sua carne, farão o impossível para satisfazer os mórbidos desejos que sentem.

Jisung acabara, pela décima vez, de ler aquele livro de contos. O garoto era completamente apaixonado por mitologias e lendas urbanas e, depois que descobriu um livro que juntara as duas coisas, foi como um amor à primeira vista. Um perigoso amor.

Com seu livro em mãos, o Park dirigia-se à praia mais próxima. Era como um ritual para si, sempre que acabava de ler aquele livro, ia até a mesma praia e sentava-se na mesma grande pedra. O livro era patrimônio da biblioteca pública de sua cidade, Derry, mais específicamente da parte em que contavam histórias do próprio local. Pois é, sereias assassinas eram uma lenda urbana da cidade em que o tão apaixonado Park morava, diga-me, isso não pode ser uma coincidência, certo?

Talvez seja destino.

Seus devaneios foram interrompidos ao que o garoto chegou à praia e notou que a maré estava mais alta que o de costume. A bandeira vermelha voando no alto indicava que o mar estava impróprio e perigoso demais para entrar, mas não é como se um simples pedaço de pano fosse impedir o loiro. Não iria nadar, afinal, apenas teria que molhar-se um pouco para chegar em seu local sagrado: a grande pedra isolada à alguns metros da beira. E assim o fez, deixando apenas seu livro e seus sapatos na areia, não queria que seu amado conto fosse perdido nas águas salgadas em que se passavam sua história.

Lembram do que eu disse sobre destino?

O esperto Jisung não demorara a perceber que não estava sozinho naquele lugar. Ninguém era louco o suficiente para ir até lá em uma maré alta, assim como também não iriam em maré baixa, todos da cidade são mesquinhos e superficiais o suficiente para que não ligassem para nada além de suas rotinas monótonas e sem sentido algum. Nunca iriam perder o seu precioso tempo sentando-se em uma pedra para observar o oceano, afinal, estavam ocupados tentando suprir sua ganância por dinheiro com a desculpa de que era por sobrevivência.

- Acho que eu nunca te vi por aqui. - Finalmente resolveu abrir a boca, mesmo que ainda não tivesse de fato visto quem estava ali.

- Como sabe que nunca me viu, sendo que nem chegou a de fato me ver? - Aquela voz, doce e melodia, causara alguns arrepios no Park.

- Nunca vi ninguém por aqui, logo, sei que nunca vi você. - Jisung sempre mantinha a voz mansa, como se nada no mundo pudesse o fazer mudar seu tom.

- Touché. Mas sei que já ouviu falar de mim, ou melhor, leu. - Finalmente aparecera próximo ao Park, com apenas a cabeça para fora da água.

- Você, por algum acaso, é um ser de centenas de anos e estava presente nos livros da história de Derry? Caso contrário, nunca li sobre ti, não leio livros e revistas que não me apetecem. - Esboçou um leve sorriso, o garoto em sua frente era magnificamente lindo.

- E se eu disser que sim? - Sorriu largo, pegando impulso com sua cauda para que se sentasse na pedra ao lado do Park.

Isso mesmo, com sua cauda.

E, pela primeira vez durante todos os seus longos dezenove anos, Park Jisung ficara sem palavras. É claro que qualquer pessoa normal pensaria que aquilo era uma fantasia, que o outro garoto apenas estava pregando uma peça em um dia de tédio. Mas Jisung, desde os seus cinco anos de idade, tem acesso à histórias, fotos e recriações de sereias que já foram vistas em Derry. Ele sabia exatamente o que era real e o que não passava de uma ilusão.