verão de 82

48 6 28
                                    

Harry Styles.
Não me lembro mais de todos os detalhes de seu rosto, mas jamais conseguirei esquecer seus olhos verdes.

No final das férias de verão de 82 foi quando me afundei pela primeira vez – como me afundaria tantas outras vezes mais estando perto dele.

Ele era um garoto difícil, e que não se importava com o que diziam dele. Como ele mesmo havia me dito.

Para os velhos ele era muito "fora da caixa"; para todos que frequentavam aquela escola, achavam que ele não pertencia àquele lugar. Mas acima de tudo, ele era perfeito para mim.

Com os cabelos loiros escuros e com olhos expressivos, que brilhavam ainda mais quando sorria. Ele foi a pessoa mais verdadeira que conheci. Que não perdia nenhuma oportunidade de aproveitar o que a vida tinha para lhe oferecer. E ele aproveitou.

Sentia vontade de o matá-lo quando abria a boca e logo depois fazer igual comigo mesmo, pois não suportaria viver sem seus comentários sinceros.

Apenas o conheci de verdade quando Sra. Parker escolheu as duplas para seu trabalho de história.

Ele me escolheu ali. E eu jamais me esquecerei daquele momento.

Não foi surpresa quando a professora falou que Harry era minha dupla. Quando ouvi aquilo, senti como se eu tivesse morrido e voltado à vida, segunda depois.

Talvez naquele momento, eu já teria me apaixonado. Como descobri tempos depois.

Ele conseguia me destruir e me construir de novo, para que me destruisse novamente.

Naquela época, eu desenhava pessoas enquanto estavam distraídas e não notavam. Era estranho, como ele me disse, mas eu gostava. E isso foi quase tudo que me restou para que me lembrasse de seu rosto anos depois.

Ele olhou para mim, e sorriu. Mesmo que nós dois soubéssemos que não queríamos fazer aquilo juntos. Ele não abriu a boca para reclamar com a professora que não queria aquilo. Apenas sorriu.

Juntamos as mesas e ele disse antes de qualquer coisa:

– Não vamos fazer isso.

– Mas é a primeira nota do semestre – o respondi, enquanto ele me encarava.

– Clarie passa qualquer pessoa com média um – ele não chamava nenhum professor por Sr. ou Sra. segundo ele, não era justo. Sua mente era diferente de qualquer outra pessoa.

– Vamos para algum lugar depois da aula. Pense nisso como se fosse nosso trabalho.

– Não sei... preciso de nota – tentei lutar. Era impossível. Ninguém dizia não a ele.

– Se permita sentir, Tomlinson.

Ele sorriu novamente e seus olhos espectadores brilharam. Ali tive a certeza de que queria fazê-lo sorrir mais vezes.

Até o final da aula, eu senti medo.

Harry apenas fingia ler um livro enquanto mascava um chiclete e eu fingia escrever, como ele havia dito para fazer, assim ninguém suspeitaria.

– É nojento – ele disse de repente.

– O quê?

Ele apenas apontou com a caneta para um casal da sala.

– Quando eu me apaixonar, será em algum lugar com entrada proibida, roupas molhadas e o sol brilhando mais que ouro.

Ele não sabia que ele mesmo era o sol dourado.

Ou pelo menos no meu mundo.

O sinal tocou atrapalhando o que ele dizia, antes que todos se juntassem na porta da sala para saírem, ele me arrastou para fora.

– Vem. Temos um lugar para ir.

Não disse nada. Naquele momento, já tinha aprendido que não adiantaria discordar. Ninguém conseguia fazer isso. Não em sã consciência, pelo menos.

'.⭒

n/a: a história vai se passar em um universo onde não existe homofobia, então não vai ter nada de julgamentos e essas coisas (mesmo sendo nos anos 80).
XX

always you | larryOnde histórias criam vida. Descubra agora