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Estava bem escuro quando voltamos, fizemos o jantar e fomos comer na sala. Só nós dois, como de costume.
- A lua está bem cheia hoje. - Minha avó diz antes de levar a colher cheia de comida até sua boca. - Foxê nãum ista cumendo - engole e volta sua atenção para mim. - Alguma coisa está te incomodando.
- Quem disse isso? - Enfio uma colherada de comida na boca.
- Você demorou mais de um minuto pra tocar na comida. - Ela aponta a colher para mim. - E eu te conheço há... Vamos ver... Ah, toda sua vida. Sei muito bem os seus sinais, mocinho.
- Deve saber mesmo, já que nem eu sei. - Digo ao preparar mais uma colher. Nem sei o motivo de eu estar assim.
- Alguma coisa na escola? - Pergunta ao encher um dos copos de suco.
- Nada de tão preocupante.
- Então me diga, se não é tão preocupante assim.
- Bem... - tento pensar no que está me incomodando - você já brigou com alguma amiga sua?
- Então você quer dizer que Ben vem interagindo com você depois de dois anos ignorando você e você não entende?
- Okay, isso foi muito certeiro - fico perplexo. - Como você sabe dessas coisas?
- Tem um livro cheio disso no seu quarto.
- Um livro?
- Sim, na segunda gaveta.
- Aquilo é o meu diário! - Grito de vergonha.
- Não está escrito "diário" nele. - Ela sorri ao colocar um pedaço de cenoura na boca. - Então a culpa não é minha.
- Por Deus... - Sinto meu rosto queimar de vergonha. Quanto ela havia lido?
- Falando sério, - pega seu copo e bebe o suco de morango que está nele - acho que: se isso te incomoda, então vá perguntar. Vocês são jovens. A personalidade de vocês ainda está se desenvolvendo com muitas mudanças e, além disso, você não sabe se aconteceu algo para ele parar de falar com você.
- Ah... - Encaro a comida no prato. - Talvez?
- A família dele não é muito legal, lembra? - Faz careta. - Nunca gostei dos pais dele.
- Por que não?
- Cegamente religiosos. - Ela revira os olhos. - Isso de geração pra geração. Os avós de Ben também eram pastores, assim como os pais dele.
Nunca conheci a família de Ben quando era pequeno. Se conheci, eu não lembro. Mas lembro de um carro sempre vir buscá-lo nos portões da escola.
- Ainda assim - cruzo os braços. - Ele deveria me pedir desculpas.
- Aposto que ele já fez isso. - Ela retira um pedaço de papel. O mesmo da mesa com o pedido de desculpas.
- Vem cá, nada escapa de você?
- Não é culpa minha se você deixou isso no bolso do avental e eu sou Maria fifi. - Pousa o garfo na carne. - A questão é: vai ser tão frouxo quanto ele ou vai perguntar? Vai ver ele só quer o melhor amigo de volta e não sabe como fazer isso.
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Guardiões: Heaven X Hell
RandomKim costumava ser um garoto comum antes de conhecer algo que estava escondido atrás das sombras de sua cidade. Um mundo completamente diferente em que ele desejaria ser um garoto normal como antes. 12/10/2020