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love isn't random, we are chosen.

Almas gêmeas surgiram repentinamente na sociedade.

Algumas culturas acreditavam nelas e diversas lendas existiam sobre o assunto, além de filmes e livros, mas tal crença nunca pôde ser comprovada.

Até que, certo dia, o primeiro relato surgiu: quando duas meninas trocaram sorrisos pela primeira vez, tudo entrou em desfoque e elas apenas conseguiam enxergar uma a outra.

Claro que quando essa informação viralizou na internet todos prestaram atenção, e pessoas mais preconceituosas falaram que era uma invenção do povo LGBTQI+ para trazer o pecado para a sociedade.

Em suma, grande parte do mundo se manteve incrédulo, e se contentou em pensar que era apenas mais invenção bonitinha dos jovens.

No entanto, conforme os anos se passaram, cada vez mais histórias surgiam em todos os cantos do planeta, e todas tinham algo em comum: o mundo entrava em desfoque através de apenas um sorriso dado à sua alma gêmea.

Algumas matérias foram feitas, debates surgiram e o assunto se tornou algo a ser levado em consideração. Até que, finalmente, um grupo de estudantes de uma faculdade no interior do país onde surgiu o primeiro relato decidiu iniciar testes a respeito daquilo que dominou a sociedade.

Todas as três primeiras etapas que compõem o método científico foram concluídas, até o momento da etapa dos experimentos.

Para tal teste, os estudantes usaram o dito popular que dizia que, entre cem pessoas, talvez houvessem duas que fossem destinadas uma para outra. Então juntaram voluntários em um auditório e fizeram um rodízio para que todos tivessem a chance de trocar sorrisos, enquanto suas funções cerebrais eram computadas através de neurotransmissores, ao que também eram colocados em situações onde a risada pudesse ser verdadeira.

Quando finalmente ocorreu aquilo que todas as histórias diziam, o hemisfério direito do cérebro de dois rapazes, o lado responsável pelas emoções, acendeu. Repetiram esse experimento diversas vezes e, após obterem os mesmos resultados em todas elas, por fim tiveram a confirmação de que almas gêmeas eram reais.

Daquele momento em diante, até os dias atuais, almas gêmeas se tornaram parte da sociedade. Pouco a pouco, o mundo se adaptou a essa ideia e todos sonhavam em encontrar aquele destinado para si.

Todos menos Shinsou Hitoshi.

Grande parte de sua revolta estava relacionada ao modelo parental que teve durante sua infância.

Seus pais, supostamente predestinados, não conseguiam ficar no mesmo cômodo sem soltarem maldições um ao outro. Eles se encaixavam na pequena porcentagem que era chamada de "animae defectione", o latim para a nomenclatura "a revolta da alma".

Era um título usado para aquelas almas gêmeas que se amavam, mas não foram feitas para ficarem juntas, e seu único propósito era ajudar na evolução do outro. Quando tal junção não dava certo, os resultados eram catastróficos.

"Quero que vá para o inferno o universo! Não suporto mais olhar para você", gritou sua mãe enquanto saía de casa com apenas uma mala pequena em mãos e uma passagem para outro estado.

Ela amava seu filho, mas acreditava que não conseguiria passar mais um dia ao lado do marido sabendo que havia traído-o.

De fato, conforme Shinsou crescia, as brigas foram se tornando piores a ponto de até mesmo o silêncio ser gritado.

"Ficaremos bem, eu prometo", foi o que seu pai disse, e essa promessa entrou para a lista das milhares de promessas quebradas que existiam no mundo dois dias depois.

love isn't random, we're chosen. [ KAMISHIN ]Onde histórias criam vida. Descubra agora