Capítulo 01

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Suas grandes mãos passando por todo meu corpo, aquela terrível sensação de sujeira. Eu era novo de mais para saber o que estava acontecendo...

- Não chore Obito, não chore - Ele enxugava minhas lágrimas enquanto falava docemente aos meus ouvidos - Seja um bom garoto e não chore...

7 anos depois...

O clima estava calmo, o cheiro de café passeava pela casa, a luz do sol batia nas cortinas e entrava pela janela, e, sentado a minha frente, estava ele...

- Terei que sair mais tarde do trabalho hoje, mas não se preocupe, irei lhe buscar no colégio como sempre. - Madara fala e toma um gole de seu café enquanto lia o jornal

"Espero que uma pedra te atinja no caminho para casa e você morra!"
Essas eram as palavras que eu gostaria de dizer, mas não foi isso que saiu da minha boca

- Okay, obrigado por avisar, Tio.

[...]

Dentro do carro, as ruas pareciam passar tão lentamente. O céu azul trazia uma vaga sensação de paz, fechos meus olhos para apreciar aquele momento

O carro para e me apresso para sair de lá, mas meu tio me para segurando meu braço

- Não está esquecendo nada? - Ele pergunta

"Ah, é mesmo, essa é a hora que eu deveria lhe dá um tiro na cara, mas... Não tenho a arma!"

Me aproximo de meu Tio e encosto minha boca na bochecha de Madara, em seguida saio, dessa vez, se interrupções

Segurando para as lágrimas não caírem, limpo minha boca

- Esse pesadelo terá um fim! - Falo a mim mesmo cerrando meus punhos

[...]

A aula passava, lenta, rápida. Não sei, eu não estava prestando atenção em nada, apenas aguardava ansiosamente para o fim da aula. Meu tio, Madara, me abusa desde que minha mãe me abandonou. De início eu não entendia, ele me falava que aquilo era o que as pessoas faziam quando se amavam, e eu, como criança, acreditava. Mas, como?! Como uma dor tão grande poderia ser demonstração de amor?! Mas isso terá um fim, hoje mesmo eu irei fugir, fugir de todo esse pesadelo...

[...]

Todos os alunos saiam em direção suas casas, eu deveria esperar meu tio chegar para ir para casa também, mas hoje era o dia perfeito. Ando em direção a rodoviária da cidade, já estava tudo preparado, mas mesmo assim a ansiedade e o medo me consumiam

Sempre olhando para os lados, eu temia que meu tio aparecesse e me levasse de volta para aquele tormento. Sua feição de fúria invadia minha mente. Tento me controlar, eu não podia andar pra trás agora, estava tão perto da minha carta de euphoria

Estava em uma fila para confirmar a passagem, indentidade e entrar no ônibus. Me certifico se está tudo okay. Eu havia roubado dinheiro do meu tio para poder comprar uma indentidade falsa, não havia sido fácil, afinal, eu não conheço quase ninguém na cidade, por sorte, meu tio é um cara de boas condições financeiras...

Respiro aliviado por já estar dentro do ônibus, tudo estava ocorrendo bem, bem até demais...

Encosto minha cabeça na janela do ônibus e fechos os olhos, algum tempo depois sinto alguém se aproximar mas mantenho meus olhos como estão, até que escuto a pessoa dizer

- Se incomoda se eu sentar aqui? - Abro meus olhos rapidamente

Mantendo meu olhar na janela me recuso a olhar para o lado, me recuso a acreditar que ele está aqui

- Eu lhe fiz uma pergunta - Sua grande e fria mão encosta em meu ombro e eu sinto todo meu corpo perder a cor, meu mundo perde o chão - Não vai responder?

Viro minha cabeça lentamente até que meus olhos encaram meu tio

- Não! Não pode ser! - Falo repetidamente desesperado - Não pode, não pode, não pode!!! Isso não é real!! ISSO NÃO É REAL!!!!

Tudo se apaga e em seguida se acende, meus olhos se abrem rapidamente e olho ao redor, havia sido apenas um pesadelo

Respiro aliviado e volto a me encostar na poltrona do ônibus

[...]

A viagem acaba, desembarco junto aos outros passageiros e vou andando pela cidade. Eu não sabia onde estava, não sabia que cidade era aquela, mas aquele lugar era melhor do que minha própria casa

Já era tarde da noite, meu celular estava nas últimas e o dinheiro que me restava era pouco

- Tenho que achar um lugar para passar a noite, mas onde? - Pergunto a mim mesmo

Andar aleatoriamente sem saber para onde estava indo era algo idiota de se fazer, mas essa era minha única escolha. Chego a um bar, o clima não estava nada agradável. Eu sentia que todos ali estavam esperando eu fechar o olhos para sacar suas arma e atirarem em minha direção

- Relaxa Obito, isso é coisa da sua cabeça. Vamos comer e vazar daqui! - Digo baixo para mim mesmo

Sem perceber esbarro em alguém
- Olha por onde anda garoto! - O cara, obviamente bêbado, me tira da sua frente bruscamente e continua andando

Vou rapidamente para o balcão e me sento encolhido. Estava com medo daquele lugar e das pessoas de lá. O que poderia acontecer comigo se eu continuasse lá?

- O que vai querer senhor? - Uma voz com um timbre gentil me pergunta, tirando-me de meus vagos pensamentos

- Uh... Um d-drink... Por favor. - Respondo meio sem jeito, o garçom me encara como quem desconfia de algo e apenas sai

"Mais que merda eu tô fazendo?! O que eu tô fazendo aqui?! AAAHHHHH!!!!!"

- Carne nova no pedaço? O chefe vai gostar de saber o que tem aqui! - Ouço um riso macabro atrás de mim, o que me faz sentir calafrios pelo corpo...

Um Arco Íris No Fim Do Túnel -HIATUS-Onde histórias criam vida. Descubra agora