Capitulo unico

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O colégio era um lugar bem legal pra mim, as pessoas no geral me adoravam, eu nunca fui muito do povo, mas eu era gentil ao meu modo com todos. Quando eu estava por volta dos 13/14 anos eu fiquei pela primeira vez com um menino, foi horrível, mas a partir me abriu um horizonte de possibilidades e eu me assumi bi, pelo menos pro meu irmão.

Eu conheci o Naruto no fim do fundamental, ele era tão alegre, tão vivo e eu o admirava de longe. Pra falar a verdade acho que eu amei ele desde antes do idiota tomar coragem pra me chamar pra sair. Nós éramos um casal fofo e eu era, na verdade ainda sou, completamente apaixonado por ele. Mas desde o começo eu pude notar a insegurança que ele tinha em relação as pessoas, ele tinha muito medo e tempo todo, medo de não ser aceito, medo de ser pouco pra mim, o que é óbvio que ele não era, ele era perfeito pra mim, mas o medo é como um câncer e com ele veio o ciúmes. Eu era muito novo e não entendia muito sobre a vida, então eu aceitava o ciúmes dele e me privava da companhia de várias pessoas, até da minha família, isso tudo antes da gente casar.

O casamento foi igual eu sempre sonhei, nós dois de terno, ele tava tão lindo nesse dia que chegava a me doer. Nos meus votos eu fiz questão de repetir várias, vaaarias vezes o quanto ele era maravilhoso pra mim, perfeito e como a minha vida só era completa por que eu tinha ele ao meu lado, pra que assim talvez ele acreditasse.

No primeiro ano foi ótimo, a gente saia, a gente transava bastante, eu sempre fui mais romântico, mas ele me trazia flores, ta que era sempre depois de uma briga, mas eu achava tão fofo aqueles olhinhos azuis pidões pedindo pra eu não ficar bravo. Mas, como tudo na vida, essa fase passou, a gente se afundou em trabalho, ele na empreiteira e eu em casa, ele dizia que o dinheiro da empreiteira era suficiente pra manter a casa e as viagens então eu não precisava ficar enfiado no tribunal o tempo todo. Olha, eu amo direito, sei que a maior parte das pessoas deve pensar que eu fui obrigado a ser advogado pela minha família, mas não eu cursei por amor mesmo, eu tinha meu irmão como exemplo, mas na minha cabecinha na época ele tava certo, pra que ficar enfiado em um escritório ou no tribunal se eu posso ficar de boa em casa, só mantendo ela arrumada e assistindo TV.

Mas as coisas dentro daquela cabeça oca dele foi ficando piores, ele não me deixava beber, não me deixava sair de bermuda ou de regata, eu não saía sozinho, eu não podia receber ninguém se ele não estivesse em casa, entre outras coisas. O meu irmão foi única pessoa que ainda vinha aqui, escondido dele até, era um saco, mas eu aceitava por que pra mim ele tava querendo me proteger.

Não vou dizer que eu também era uma pessoa fácil, eu proibi ele de falar com alguns amigos também, antes do casamento, até por que depois a gente nem tinha amigos. Enfim, eu também comecei várias brigas e eu sou impulsivo de mais então eu partia pra cima, cheguei até a dar uns tapa nele uma vez.

Foi logo depois de uma briga grande, era nosso aniversário de 4 anos de casados, basicamente 10 anos juntos, eu arrumei a casa, fiz a comida favorita dele, coloquei um short que eu não usava a séculos, pra quem sabe a gente se reconciliar na cama né. Mas quando ele chegou ele não viu nada, nem comida, nem casa, short então. Aí ele começou a gritar, eu não tava entendendo nada, era algo sobre o nosso vizinho ou o porteiro eu sinceramente nem me lembro bem das palavras, mas eu lembro com clareza do soco, foram dois, no meu rosto. Eu me lembro de cair no chão e já sentir a ardência nos olhos, pelo soco e pelas lágrimas, ele me pediu desculpa, ou não pediu, eu nem lembro mais. Eu só sei que eu entrei no quarto, tranquei a porta e só sai de lá quando tive certeza de que ele tinha saído trabalho na manhã seguinte.

Eu queria contar pra alguém, pro Itachi, pra Sakura, sei lá, mas eu fiquei com vergonha, o que iriam pensar de mim, um homem adulto de 1,80 que apanha do marido, não, eu não podia contar, mas eu também não iria deixar barato, eu fiquei 2 semana sem olhar na cara dele, a casa eu mantinha arrumada por mim, não por ele, a comida eu fazia por mim, não por ele, ou pelo menos era o que eu fingia acreditar. Eu também acreditei que seria só  aquela vez, mas aconteceram outras, motivos bestas, sempre ciúmes ou ele achando que eu jogava o dinheiro da minha família na cara dele, absurdos.

Meu amor não foi suficiente Onde histórias criam vida. Descubra agora