Luzes da Cidade

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 Todos estavam de preto, cabeças baixas e quietos apenas o padre citava alguns texto e fazia o mesmo discurso em todo funeral,  a melancolia das pessoas fazia o ambiente fica tenso e degradante, o corpo gelado sem sangue nas veias estava exposto no meio da igreja os convidados angustiados choravam. Diego  meu melhor amigo, meu companheiro, meu amor, os seus pais estavam um do lado se abraçando e lamentando por não terem tomado as providências corretas para salvar sua vida, e no meio da tristeza e a amargura vem o sentimento de culpa, se culpam desde o primeiro momento em que Diego se isolou de tudo e de todos.

  Eu olhei rapidamente para a janela, o clima está deprimente  igual o lugar onde estou, o céu escuro parecia ser mais tarde do que era, as gotas batem no telhado fazendo uma pequena música repetitiva.

 Quando o padre terminou, as pessoas deram seus  pêsames ao Sr e a Sra: Muller,os pais do falecido, eu estava lá parada olhando para  ele, neste momento não caia nem um pingo de lágrima dos meus olhos meu semblante era o mesmo, porém por dentro, tudo o que eu sentia era uma mistura de culpa, tristeza e saudade.  

 Vários flashes passava pela minha cabeça, momentos variados que eu passei ao lado dele, quando fomos ao museu, ao show do Capital Inicial, no verão quando fomos a praia, os passeios sem rumo que fazíamos, e quando ele me tocava, nossas conexões eram únicas ao passo que sua pele se punha sobre a minha  nossos dedos entrelaçando e ele sussurrando "te amo" em meus ouvidos.

 Tudo isso passou pela minha mente, e aos poucos o meu rosto foi ficando molhado com pequenas gotas de água que saiam de mim. Choro aos poucos uso o lenço para secá-las e elas pingam no meu vestido preto, que demonstra como eu me sinto:  LUTO.

 Os braços de minha mãe circula o meu corpo e ficamos ali nos abraçando. .

 Chego em casa com os olhos inchados e vermelhos,subo as escadas e fico sentada na cama olhando para a parede azul com vários desenhos colados, e cada papel pendurado me faz lembrar dele.

"Porque a vida é tão dolorida? Qual é a graça de vivermos dias bons e outros ruins? Será que vou ser firme o suficiente para aguentar uma perda tão forte? Ele não pensou em mim quando tomou essa decisão? Ele não me amava? Porque não me contou sobre o que estava passando? " - Me pergunto, e choro novamente  deixando as lágrimas caírem.

 Coloco uma das minha músicas preferidas que me faz ter sensações intrigantes, pois não compreendo nenhuma delas, apenas sinto, pego o meu caderno e começo a rabiscar desenhos que estão presos dentro de mim, risco e rabisco até que a folha se rasga. Meus nervos ficam à flor da pele e jogo o caderno longe:

"Porque você me deixou?" - Grito com raiva e tristeza.

 Continuo chorando, faço isso por um bom tempo, estou tão cansada que acabo dormindo.

 Madrugada. A chuva para, o vento continua brigando ferozmente com as folhas das árvores,  a lua está adorável seu brilho reflete as poças de água que estão no asfalto e nos gramados dos vizinhos,  dou um sorriso tímido sem mostrar os dentes, estou "feliz" vendo toda aquela cena. Alguns minutos apreciando a vista, faz com que eu fique com vontade de sair e vê-la mais de perto, algo dentro de mim pede um pouco de adrenalina: preciso correr, e esvaziar os pensamentos, que estão consumindo o meu cérebro aos poucos.

 Visto um moletom e o tênis, desço as escada na delicadeza para não acordar minha mãe. O vento brinca sem nenhum cuidado com os meus cabelos curtos e pretos, o ar está gelado, e faz os meus olhos lacrimejarem, no enquanto não ligo, quero adrenalina de qualquer forma.

 Corro.. Corro.. Corro, sem nenhum rumo em mente, meus pensamentos se vão aos poucos e eu só penso na "corrida" e na estrada, isso dura pouco, começo a pensar nele, relembro as perguntas que me fiz no quarto, as lágrimas jelam no meu rosto a cada passo que dou. Isso me faz correr mais rápido. Alcanço um bom quilômetro, até que eu fico sem fôlego, meus pulmões começa arder e  não entram ar, descanso um tempo e continuo dando passos de tartaruga, e aos pouco os meus pulmões ganham vida novamente.

Luzes da Cidade [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora