Roses

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Em retrospectiva, Haru Katou tê-lo chamado para buscar um maldito cachorro perdido não era nem de longe a pior coisa que poderia ter acontecido a Daisuke — foram as consequências disso.

O início da sua queda, por assim dizer.

Haru Katou era uma pessoa bondosa por trás da fachada mal humorada e quando ele ligou, o moreno sentiu algo que não saberia explicar. Felicidade? Animação? Reconhecimento? O que quer que fosse, o outro estava procurando por ele, apesar de suas constantes demonstrações de repúdio contra a sua pessoa. Daisuke poderia ajudá-lo, não era nada difícil, levaria menos de cinco minutos para acionar o seu mordomo e satisfazer as vontades daquela criança chorona do parque.

Exceto que o brinco-ponto havia caído, ele estava sem celular, sem dinheiro, sem nada.

Não era um dia afortunado para Daisuke Kambe, ali estava ele, sem um tostão furado no bolso, sentindo-se totalmente patético e vulnerável, como se estivesse despido, desconhecia aquele sentimento.

E, no fundo de sua mente, uma pequena voz dizia que ao menos Katou estava ali com ele, e que era menos pior apenas por esse fato.

Estranho.

Depois do longo dia, o inspetor o levou ao mercado — porque aparentemente as pessoas fazem compras por elas mesmas —, os dois andaram pelos corredores, enquanto Daisuke empurrava o carrinho e Katou colocava as coisas que precisava dentro, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e era a primeira vez que o milionário se sentia tão fora de seu elemento.

Katou o levou para sua casa, então. Um cubículo, o pensamento lhe cruzou a mente antes que pudesse impedir-se, não era nada como a sua mansão, tudo parecia uma versão compacta das coisas que estava acostumado. Entretanto, foi com estranheza que observou haver algo de confortável naquele lugar, suficiente para as necessidades do outro homem. Tinha um lugar para dormir, um banheiro para sua higiene, um pequeno espaço onde podia cozinhar — algo que parecia trazer alegria ao detetive.

Quando Daisuke foi colocado para cortar algumas batatas e ajudar com o jantar, ele cortou o dedo, e surpreendeu-se que ninguém veio correndo atender ao seu ferimento, como Suzue faria. Ele até tentou chamar a atenção de Katou, mas o inspetor lhe disse simplesmente que era só lamber que iria melhorar. Por incrível que pareça, ele tinha razão.

O acastanhado também lhe deu algumas roupas confortáveis para vestir, e como foi bom tirar aquele terno sufocante, normalmente, nem em casa Daisuke costumava usar coisas daquele tipo, porém o tecido fofinho parecia abraçar o seu corpo, oferecendo uma sensação aconchegante.

O moreno tentou ignorar o fato de que as vestimentas tinham o cheiro de Katou, achava que isso o deixaria enojado, nunca em toda a sua vida havia colocado uma peça sequer que não fosse devidamente lavada, muito menos as roupas de outra pessoa, todavia não estava contando com o calor em suas bochechas e uma leve vontade de continuar sentindo o aroma da colônia que o inspetor usava.

Katou estava se esforçando em agradá-lo, Daisuke percebeu. Ele o alimentou, até mesmo saindo do seu caminho para preparar mais coisas, tentando encontrar algo que atendesse ao paladar "requintado" — enjoado, honestamente — do ricaço abrigado em sua casa, mesmo que ele não precisasse fazer isso.

Haru Katou era uma boa pessoa.

E quando eles se acomodaram em frente ao kotatsu da sala-quarto de Katou, dividindo uma enorme garrafa de soju de batata e assistindo a algum dorama policial na televisão, em um canal aberto, Daisuke supôs, não parecia que o detetive pagava por algum serviço de TV por assinatura, o acastanhado começou a resmungar.

— Dai-su-ke~ — O inspetor arrastou suas palavras, atraindo a atenção do milionário para seu rosto, além do fato de que havia usado seu nome. O coração do de olhos azuis bateu de um jeito estranho, mas sem HEUSC para avaliar sua condição física, era impossível saber se estava passando mal ou era só o efeito do álcool. — Você tem tanta sorte... — Katou soluçou. — Tanta sorte, deve ter todas essas mulheres aos seus pés, porque você é tão bonito... rico e bonito. Certo, Daaaai-su-ke~?

Money Can't Buy Me Love - Fugou Keiji | DaiHaru | HanahakiOnde histórias criam vida. Descubra agora