O sol marca sua silhueta perfeita

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Quando sai do hotel mais cedo não passou na minha cabeça em momento algum que por relance ficaria tão filtrado em algo que não seria a paisagem encantadora do jardim que me esperava, mas cá estou, analisando descaradamente todos os seus detalhes sem nem me importar que as pessoas percebam. Sua beleza prende os meus olhos e se torna a única coisa visivelmente atraente para o meu campo de visão.

É tão inevitável, que nem mesmo eu, sei dizer qual foi o momento em que tirei minha câmera da bolsa e deixei de te observar apenas com os olhos, para por vez, deixar a lente fazer isso por si só e agora contra a luz, o sol marca sua perfeita silhueta, que mete majestosamente com a paisagem de tons frios, cada vez mais presentes na foto.

Completamente contra a luz, dançando com as flores vermelhas que lá se destacavam, sem simetria, apenas um ser aproveitando uma calma tarde inocentemente e sem planejamentos, digo, como modelo perfeito para minha foto, sendo colírios para os olhos de um artista.

Clichê, mas nem mesmo Van Gogh pintou tamanha perfeição e céus, se este estivesse aqui sem dúvida alguma daria um quadro espetacular.

Há tempos fazendo isso e essa é a primeira vez em que me sinto marcado por um modelo involuntário em meio as minhas obras, estreando que ao invés de fotografar cenários e objetos, deixando as pessoas como complementos visuais, coloco o foco unicamente em alguém, com cuidado para aproveitar da esbelta iluminação estabelecida.

Me pergunto constantemente se ao ir até você e pedir que modele voluntariamente para mim, eu me torne alguém estranho e louco o suficiente a ponto de te assustar. Como artista, temo isso, não quero espantar a única pessoa que em segundos se tornou o pincel mais bonito da minha obra nomeada fotografia.

Em todos os meus anos como fotografo amador, nunca pensei que ficaria tão encantado com algo que não fosse um novo espaço fixo, vejo que me enganei por completo, já que meus dedos apertam constantemente o pequeno botão que sinaliza quando uma foto é tirada.

Dizer que é uma sintonia entre os tons avermelhados e sua sombra, seria a forma perfeita de descrever todo o cenário, o sol está em seu momento de despedida, a ponto de se por a dormir e as demais tonalidades apenas complementando a foto, não há colorações alheias, todas são necessárias, tanto que parece ser combinado antecipadamente.

Por mais que queria, ou não, meus olhos não perdem contato com a vista, como um imã puxando toda a atenção para si.

Inacreditável, a última coisa que foi atraente assim para minhas lentes, aconteceu anos atrás, quando capitei uma criança brincando cuidadosamente com uma pequena joaninha em suas mãos, sem entender o quão delicado e preciosos aquele pequeno ser vivo era, apenas amando e sentindo que a sensação de vê-la voando para longe era a coisa mais prazerosa já experimentada pela a mesma.

Achava impossível que um ser humano me causasse o mesmo sentimento que preencheu meu peito quando presenciei e fotografei essa cena. E claro, não me culpo por pensar assim, caso fosse diferente, essa surpresa existente não seria algo tão viciante quanto agora. Me proíbo de ir embora sem ao menos saber parte do seu nome, seria abominável tamanha estupidez, mas não me leve a mal, estou apenas encantado.

O semblante sorridente me acompanha e torce para que seja algo normal, dando forças para o meu eu interior.

- Com licença, sei que parece estranho, mas... Posso perguntar como se chama?



/Notas da autora:

Foi isso.
Queria dizer que estou completamente aberta a críticas CONSTRUTIVAS e que foi minha primeira escrita publicada, por isso espero que tenham gostado :)

Me digam o que sentiram ou acharam ao ler, ficaria muito feliz em saber um pouquinho mais sobre o ponto de vista de vocês!

Por fim, obrigada por ler minha Oneshot🤍

Notas finas: Estou com outras obras em andamentos e tenho planos para publicar mais pra frente...

O sol marca sua silhueta perfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora