Mais um final de ano com mamãe me tratando como uma simples bebezinha que acabou de nascer. Mais um final de ano tentando me manter na realidade e aceitar que papai não vai está conosco no Natal; O papai? Bom, ele saiu de casa a um ano e só dava as caras duas vezes no mês. Porque? Porque minha vida é tão injusta.
Meu único rim que tenho está praticamente "morto" e tenho que aceitar isso também. É triste ver mamãe recebendo as ligações do hospital, sei que tem algo decepcionante por vim, eu espero à três anos e nada de um órgão propício pra mim. Minha mãe já fez vários testes mas ela não é compatível, assim como meu irmão, meus tios, primos...nada. Meu pai é o único q não fez o exames, até acho que parou de fazer terapia e voltou com sua vida nos bares, tento não pensar nisso.
Só um milagre pra inverter tal situação . A busca de órgãos é tão competitiva que chega a cansar, além de ser algo demorado. Eu não quero que tenham dó de mim, mamãe não dorme direito desde o dia que os médicos anunciaram que eu nasci com apenas um rim, e agora, eu preciso ir ao hospital toda semana já que meu único rim está doente não dando conta das minhas "impurezas".
- Vamos filha! - Mãe está com duas manchas ao redor dos olhos, significando que passou a noite em claro. - Preparei dois sanduíches e coloquei na sua bolsa. -- ela abre as cortinas permitindo que os raios de sol de verão reflitam sobre meu quarto. Cubro a cabeça com a grossa manta fingindo preguiça e desânimo.
- Mãe, larga do meu pé! - ela agarra a manta sob mim jogando para fora da cama.
- Mais respeito mocinha! Já pro banho, você tem vinte e cinco minutos para fazer tudo isso. -- olha pro meu cabelo bagunçado que, provavelmente, terei trabalho pra desembaraçar.
- Ok, tô indo -- solto um bocejo e arranjo forças pra levantar da cama, o frio da manhã não ajuda nesse caso.
Mamãe sai do quarto me esperando na sala, ela irá me levar para o hospital.
Caminho rapidamente para o banheiro ao lado do quarto. Tinha acabado de olhar para o relógio e demorou sete minutos para minha coragem vim, hei de me apressar.
Quando saio do meu banho, quente e relaxante, visto-me e desço as escadas.O Natal está chegando, e como de costume, minha mãe arruma a casa fazendo-a ficar linda a cada ano. Sei que é para descontrair de toda a preocupação, é bom pra ela, o que também é bom pra mim.
Há algumas caixas sob o sofá com várias decorações a espera.- Mãe?
- Sim pequena flor? -- ela tá com vários papéis nos braço, o que é previsível que tenha trabalhado muito com seus alunos.
Sim, mamãe além de lidar comigo também tem que organizar provas, trabalhos e correções de outras pessoas. Ela é professora e eu a considero forte por lidar com isso tudo.
- O que essas caixas fazem aqui? -- aponto para as caixas.
- Hãm... -- ela para de falar para apanhar alguns papéis que caíram no chão, então, eu a ajudo. -- Eu não tive muito tempo para a arrumação da casa..
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Entrega de Esperanças
Romance|Uma nova chance para Amar| Na região de Brokfost, uma garota de cabelos longos ondulados enfrenta uma fila longa para a busca de um órgão que tanto precisa. Com sua baixa auto estima contínua por uma pouca esperança, ela até aceita que seu destino...