Parte I.

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Segurava o copo vermelho que tinha pegado em algum lugar da festa em uma mão e meu aparelho celular na outra, por isso não demorei a perceber as milhares de mensagens que me bombardearam avisando que qualquer esperança de ter companhia ainda alimentada pela minha mente, tinham agora ido pelo ralo.

A duas semanas atrás a fabulosa Carrie Wilson começou a divulgação da sua anual festa de halloween, mas quando eu, Reggie e Alex perguntamos se poderíamos tocar, ela apenas respondeu Nossa música já está organizada, encontro vocês lá, estejam fantasiados.

Agora vendo a loira vestida como alguma animação da disney que desconheço, penso que deveria ter matado a festa como Reggie fez, sim um dos meus melhores amigos desistiu de música alta, dança e bebida porque sua família resolveu, hoje pela manhã, passar o feriado em uma fazenda. Já o outro avisou, a exatos dois minutos, que está mais uma vez de castigo, porque seus pais ainda não aceitaram sua sexualidade.

Tomo mais um gole da bebida, se ia ficar sozinho precisava de alguma distração.

- Luke Patterson - a anfitriã veio na minha direção.

- Carrie Wilson - respondi, imaginei que fosse para fazer isso.

- Você tem uma banda certo? Sunset Swerve.

- Na verdade é Sunset Curve.

- Não me importo, tivemos um problema com as caixas de som e preciso que vocês toquem uma ou duas músicas até resolvermos. - ah, não era ela que tinha a música organizada?

- Na verdade, os outros dois integrantes da banda não estão aqui.

- Toca você sozinho, eu não me importo, só preciso que distraia as pessoas. - pensei sobre, não tinha nada melhor para fazer, além de que, se recusasse era provável que a garota me xingasse de todos os nomes que conhecesse, coisa que eu, definitivamente, não queria.

Subi no palco improvisado e peguei uma guitarra sem me importar de quem era, mexi nas cortas me divertindo, mas Carrie me olhou com uma cara feia então resolvi começar a tal apresentação de uma vez.

- Oi galera, eu sou o Luke da Sunset Curve. - falei - Só que sem o resto da Sunset Curve. - alguns riram, outros continuaram como se nada estivesse acontecendo.

Só que foi bem aí que eu a vi - Julie Molina - minha paixão desde os dezesseis anos, e inspiração secreta para minhas músicas românticas e de amor não correspondido, bem ali na frente do palco, com um vestido vermelho e chifrinhos de diabo, olhar para ela me fez lembrar da música perfeita para aquela noite, segurei a guitarra mais um vez, me perguntando internamente se depois de hoje minha inspiração continuaria secreta.

- Então, eu vou cantar pra vocês enquanto a Carrie arruma o som - arrumei o microfone - Essa se chama Hurts good e é uma composição minha.

Toquei a guitarra e arrumei o cabelo deixando meus olhos em um local fixo da plateia.

- It's hard to speak

Mumbling my poetry

But talk is cheap

And your body is saying other things

Vi Julie começar a se balançar no ritmo da música, foi a motivação perfeita para continuar.

- No need to fear

Cause the crew is here

If tonight you're free

Well come and get a groove with me

Glowing like no other

Can I get another

Must be nice to look like that

Ela estava sorrindo e eu também porque o sorriso dela era a coisa mais linda que eu já tinha visto.

- Who gave you my number

They deserve a pay bump

Who taught you to move like that

Ela fez uma carinha engraçada e continuou dançando.

- Say that you want me just to want somebody

Tell me you need me cause I need somebody

None of these lines will ever make you love me

Hurts good to want ya take the pain I get from you

Tinha chegado finalmente ao refrão, ele dizia como eu me sentia em relação a Julie, a vontade de tê-la que não podia ser atendida.

- A killer queen

Never really as she seems

A super freak

She's stallin with her magazines

Well I'm right here

And I volunteer

If tonight you're free

Well come and get a groove with me

Continuava encarando a cacheada nos olhos e a essa altura acho que ela já tinha percebido.

-Hey I know you're trouble

Pouring me a double

Damn it's nice to feel like that

You're my biggest wonder

I think I could love ya

Must be nice to live like that

A morena agora dançava como se a vida dependesse disso, apertei a guitarra outra vez.

- Say that you want me just to want somebody

Tell me you need me cause I need somebody

None of these lines will ever make you love me

Hurts good to want ya take the pain I get from you

Talvez eu devesse agradecer a Carrie por seu som ter parado de funcionar.

- My head aches

My heart aches

I'm awake

I'm alive

Julie jogou e cabelo para trás e eu comecei a fazer um solo de guitarra que a música não exigia, estava mais vivo do que nunca.

- Say that you want me just to want somebody

Tell me you need me cause I need somebody

None of these lines will ever make you love me

Hurts good to want ya take the pain I get from you

Hurts good to want ya take the pain I get from you

No momento que toquei o último verso da música escutei um barulho absurdo atrás de mim, eram as caixas de som que tinham resolvido voltar a funcionar.

- Obrigada Luke - um vulto vestido de preto apareceu na minha frente e tirou o microfone do pedestal que ele estava - a música voltou, podem continuar a festa pessoal!

Com a loira me colocando palco abaixo tive tempo de raciocinar o que tinha acabado de acontecer, precisava de ar e muita calma.

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