Sombras e Neve

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Sejam bem-vindos, gafanhotos. Esta história vem diretamente de uma realidade paralela... ou talvez só da minha cabeça depois de muito café e pouca cama. Espero que gostem desse surto, porque eu com certeza vou acordar amanhã me perguntando o que foi que eu escrevi.

Agora, peguem seus snacks, ajustem suas expectativas (de preferência para bem baixas), e vamos ao início desse caos criativo!

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Jack


Como os Guardiões puderam pensar que eu estaria tramando com o Breu?
Traí-los? Eu?

Passamos tanto tempo juntos. E mesmo assim... nunca confiaram plenamente em mim.

É isso aí, Jack. Sozinho de novo.
E o Homem da Lua? Só mais um dos idiotas que finge não me ver.

Soltei uma risada amarga, balançando a cabeça de um lado para o outro.

Breu...
Ele parece ser o único que fala a verdade. Que realmente é sincero — e coloca sinceridade nisso.

Admito: é contraditório.
Mas a solidão tem esse gosto estranho, entre veneno e consolo.

Tudo o que eu queria era me esconder do mundo.
Me enfiar embaixo de uma cama e fingir que o resto do universo não existia.

E lá estava eu, no topo de um monte, invocando uma tempestade de neve que provavelmente causaria uma avalanche.
Sem pensar. Sem me importar. Me sentindo... culpado.

Se eu não tivesse pego meus dentes antes, se eu não tivesse ido com ele... talvez tivesse impedido o desastre dos ovos.

Foi culpa minha.

Malditos pesadelos!

Eu era o mais forte contra o Breu... e ainda assim, não contive minha curiosidade.
Ele me atraiu.
E meu coração... quis seguir.

Eu só queria entender. Só queria saber por que eu existia.
Mas será que foi errado colocar minha felicidade antes dos outros?

— Que droga.

Foi quando senti a presença.
Atrás de mim.

— Jack, o que faz aqui tão sozinho?

Não precisei me virar. Eu já conhecia a voz.

— Não te interessa — rosnei, apertando o cajado com força.

— Eles te abandonaram, não foi?
Eu te avisei — disse ele, com aquele tom entediado que só o Breu tem. — Só eu neste mundo posso te entender.

— Entender? — Ri, seco, cruzando os braços. — Você só quer me usar. Some daqui, bicho-papão. Eu não tenho medo de você.

— Eu te dei uma escolha, Jack. Diferente deles, que te sequestraram na calada da noite. — Ele deu um passo à frente, com o mesmo sorriso calmo, cheio de veneno. — Você só precisa parar de se preocupar com o que os outros pensam... e começar a se olhar.

— Me olhar? — A palavra me arrepiou. — Me deixa em paz, Breu. Não quero nada vindo de você.

— Paz? — Ele riu baixinho. — A paz que eles prometem é só uma ilusão. Comigo, você pode finalmente entender o que realmente importa.

Origem dos Guardiões: Frio e TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora