Ao descer do carro em frente a propriedade dos avós de Leandro, por não olhar o chão acabo pisando em uma poça de lama, molhando os meus sapatos e a barra do meu vestido. Inconformada e tentando disfarçar minha frustração sigo em frente, meu olhar alcança a beleza do local. O verde em contraste com o azul do céu, me faz esquecer por alguns segundos a consequência da minha falta de atenção.
Em seguido apresso o passo em direção a um poço que fica perto do pomar, pego o balde pequeno que tem uma corda presa em si. O jogo e abaixo em direção a água, a qual está bem baixa, por isso preciso esticar mais um pouco o balde que quase alcança a água, mas a lama nos meus sapatos torna o chão escorregadio. E por não ter muita aderência meus pés saem do chão e grito, porém ao invès de cair no poço abaixo sou puxada para cima, não preciso olhar seu rosto para saber que se trata de Leandro. Que após me segurar firme junto a si, olha-me sério.
No entanto, ao perceber que ainda estou assustada leva-me em direção ao balanço. Comigo sentada e já mais calma. Ele inicia a bronca.
_ Ana nunca mais chegue perto de um poço, como pode quase se matar enquanto pega um simples balde de água?
_ Achei que conseguia alcançar, calculei mal, obrigada pela ajuda. Mas por que há tão pouca água?
_ O poço está secando, vamos ter que furar outro, estou desde ontem cavando um novo, mas vou demorar alguns dias ainda. Já que sozinho é mais difícil e vovô já não pode me ajudar.
_ Entendo, onde estão seus avós?
_ Estão no pomar, vamos lá.
Dona Maria logo vêm em nossa direção, a abraço e pergunto se está bem, o avô de Leandro acena de longe. Eu e ela saímos juntas em direção a pequena casa, na cozinha enquanto bebo água ela pega algumas coisas para o almoço na dispensa, antes que eu me ofereça para ajudá-la, seu marido aparece.
_ Ana pode deixar eu ajudo com o almoço, aqui leve para Leandro um pouco de água, ele voltou para cavar o poço, não quis entrar e descansar.
Concordo com seu pedido, saio da casa, faço o caminho de antes e o encontro dentro de um buraco na altura da sua cintura, ele demonstra cansaço, mas não para com o trabalho braçal.
_ Ei! Para um pouco, o sol está forte, deixe isso para mais tarde.
_ Não posso, eu quero terminar logo, não se preocupe já estou acostumado com o sol forte, mas você não, entre e quando o almoço estiver pronto eu lhe faço companhia prometo.
_ Então beba um pouco de água pelo menos.
Enquanto ele bebe, penso no que posso argumentar para que entre comigo, mas nada me vêm à mente, já tinha esquecido o quanto ele é cabeça dura, sua teimosia sempre foi a maior causa das nossas brigas durante o namoro. Porque ele nunca sedia em nada, era como uma mula empacada!
_ Certo, seu cabeça dura eu vou entrar, pode ficar assando nesse sol.
Preocupada mas sem demonstrar me distancio de um Leandro risonho, mas em vez de entrar na casa, sento no balanço de mais cedo, aproveito a sombra da árvore ali perto e fecho os olhos. Um tempo depois e já quase dormindo sinto um carinho no cabelo, desperta encaro seus olhos bem de perto.
_ Você parece cansada, não dormiu bem ontem a noite?_ Dormi pouco fiquei pensando em alguns problemas da escola.
_ E quais seriam? Quem sabe eu posso ajudar?
_ Problemas financeiros, a escola se matém com doações que mês passado foram bem poucas. Os comerciantes não contribuem como antes. Estou pensando em dar aulas de reforço no colégio particular do centro. Posso ajudar com o meu salário.
_ Amor é um lindo gesto, mas seria bem trabalhoso. Você praticamente não teria tempo livre. Vamos pensar em outra solução. As doações são para pagar o que na escola?
_ Bem, o material dos alunos e dos professores. Como cadernos, lápis, giz etc... Também para comprar o lanche do recreio, muitos não tem o que levar e chegam já com fome. Eu levo bolinhos sempre que posso, mas escondido dos meus pais.
_ Olha eu posso separar algumas frutas do pomar para você levar. Umas maças, morangos, pessegos também. E temos um estoque de geleias, posso doar algumas. Já em relação ao dinheiro dos materiais posso conversar com alguns amigos do comércio.
_ Isso não vai te dar prejuízo?_ Claro que não, estamos faturando bem com o pomar. Sei que seus alunos são importantes para você e te admiro muito pelo trabalho que faz.
_ Não sei nem como te agradecer, você é o melhor namorado do mundo.
O abracei por um longo tempo, só nos separamos quando o seu avô chamou para o almoço.
O dia terminou com Leandro me acompanahndo até a cidade, passamos na escola para entregar as frutas e as geleias com a dona Jô. Deixei acertado com padeiro a encomenda de alguns pães para amanhã de manhã. Assim os pequenos teriam algo para comer com a geleia e as frutas.
Leandro conversou e convenceu três amigos a doarem mensalmente para a escola, além disso o próprio se comprometeu a doar também.
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Um amor com limites
RomanceUm poeta francês escreveu uma vez: " Tínhamos prometido que todos os nossos pensamentos seriam comuns e que as nossas almas seriam uma só. Ora, esse sonho nada tem de original, a não ser o fato de que, sonhado por todos os homens, não foi realizado...