Prólogo

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— Chego aí em trinta minutos, okay? — falei ao meu namorado do outro lado da linha.

Mesmo sem vê-lo, eu podia imaginar o sorriso que acabara de se formar em seus lábios à medida em que ele começou a pensar sobre.

— Okay. — Uma pausa. — Não se atrase, por favor. — Um suspiro. — Eu estou morrendo de saudade. Você nem imagina como eu desejei que sexta-feira chegasse logo para eu poder te ver.

Desta vez foi eu quem sorriu.

— Eu imagino — alarguei o sorriso enquanto tateava a mesa, atrás das chaves. — Imagino, sim. Porque desejei o mesmo a semana toda.

— Eu te amo, baby. — Ele falou com a voz embargada.

— Eu te amo mais, darling.

Desligamos a ligação juntos e um suspiro ansioso escapou da minha boca. Queria poder me teletransportar para a casa dele neste exato momento e o abraçar, o abraçar tão forte que seria quase impossível nos separarmos sem a ajuda de alguém.

Sinto que cada minuto longe dele, me faz perder mais tempo. Por isso que esta noite eu tomarei a decisão que irá selar nossas vidas: eu irei o pedir em casamento.

(...)

Assim que a porta do elevador se abriu e eu pisei no hall, me lembrei do vinho que comprei para comemorarmos quando ele aceitar - ao menos é o que eu espero que aconteça. Mas se eu voltasse para pegar, atrasaria ainda mais o meu percurso para a casa dele e o tempo ficaria mais apertado. A saudade ficaria maior. Portanto fiz o que achei que era certo.

Amor 💖:

Ei, querido, você pode ir ao mercado e comprar a garrafa do melhor vinho que eles vendem?
Não me pergunte o porquê, te explicarei depois que eu chegar.

Enviei a mensagem e esperei pela resposta. Trinta segundos depois recebi um "okay, baby" e guardei o celular no bolso, saindo do prédio e pegando meu carro logo em seguida.

(...)

Em algum momento da sua vida, você já deve ter se perguntado o que aconteceria se você não tivesse ido a tal lugar, feito tal coisa, falado algo. Se a sua vida estaria melhor, ou pior. Se você foi o culpado por algum acontecimento. Se alguém te odeia em segredo, ou te ama. Se você poderia ter feito algo de diferente para mudar uma tragédia.

Faltavam apenas dez minutos para eu chegar na casa do meu quase futuro noivo. Eu viraria mais algumas esquinas, atravessaria algumas quadras e logo eu estaria em frente àquela casa da cor bege e janelas de madeira. A essa época do ano as luzes de natal já fariam parte da entrada do lugar, do jardim, e dos muitos cômodos que ela tem. A neve provavelmente me atrapalharia de estacionar na calçada, o que me faria abrir o portão com a minha chave reserva - já que eu deixo a outra em casa para não correr o risco de perder - e entrar com o carro na garagem nem um pouco arrumada do Louis. Ele me receberia na porta da mesma, que leva para o corredor, que leva para a sala principal, com os braços cruzados, um sorriso sem dentes e um brilho nos olhos.

Mas o que aconteceu realmente foi o meu telefone começar a tocar desesperadamente.

Eu não costumo atender enquanto dirijo, ainda mais quando é um número desconhecido. Mas a insistência me fez ceder.

— Alô? — eu mantinha meus olhos fixos na estrada e o ouvido a prestar atenção na chamada.

— Senhor Styles? — uma voz suave, meiga e doce, perguntou com hesitação.

— Sim, eu mesmo. — Intrigado, desviei o olhar para o celular. Eu analisava o número quando me veio à cabeça de que lugar ele era.

— Eu sou a Susy, do hospital. — Um silêncio cortante e desesperador. — Estou ligando porque... porque seu número está na lista de pessoas para ligar em caso de emergência do Senhor Louis William Tomlinson.

Aquilo foi o suficiente para fazer minhas mãos deslizarem pelo volante e cairem nas minhas coxas. Eu perdi o controle do meu corpo enquanto tentava processar o que ela havia acabado de dizer. Foi ficando mais difícil de respirar e, agora com o coração a mil por hora, um infarto não seria um choque. Mas apesar de tudo e de todo o barulho ao meu redor parecer apenas um chiado, eu me esforcei para ouvir o que ela disse em seguida.

— Ele sofreu um acidente de carro e está inconsciente. — Ela fez uma pausa. — Poderia vir até o hospital?

E foi aí que aquela questão do "e se" surgiu nos meus pensamentos.

E se eu não tivesse esquecido de pegar o vinho e tivesse deixado tudo como estava, sem ligar para o Louis. E se eu tivesse voltado para pegar e atrasado alguns minutos, que depois iríamos recompensar acordados durante a madrugada. E se, só uma vez na vida, eu tivesse pensado nas consequências.

Talvez eu não estivesse agora indo para o hospital com toda a adrenalina que um ser humano pode conter em seu corpo. 

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