O encontro com o escolhido? - Capítulo 1

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Narradora

- Sai daí agora Marie. - Grita o homem.

- Adam, eu não vou sair.

- Se você não sair eu vou arrombar a porcaria da porta desse banheiro. - Ele grita mais alto dando socos na porta.

Ela estava sozinha, perdida e machucada. Aquela dor ia cada vez mais fundo em seu peito, dilacerava a alegria da sua alma, retirava suas forças para lutar pela vida, vida a qual já à maltratara tanto.

Após a difícil separação de seus pais, a vida de Marie, a garotinha de olhar curioso, e de suas irmãs, tomou um novo rumo. Sua mãe, em busca de uma nova perspectiva, paz e libertação optou por se mudar para uma cidadezinha tranquila no interior, sem muito barulho. O cenário urbano deu lugar a vastos campos e estradas ladeadas por árvores altas, criando um ambiente totalmente diferente. Numa pitoresca casa rural, situada em meio à tranquilidade do campo, foi onde elas moraram, e por pouco tempo foi um local seguro.

Aos domingos, a rotina das meninas ganhava uma nova perspectiva. Sem a presença da mãe, elas se organizavam e se preparavam para ir à igreja por conta própria. Vestiam-se com roupas simples, mas cuidadosamente escolhidas, e caminhavam juntas pela estrada que levava à pequena igreja da comunidade.

Os domingos se tornaram um ritual de autonomia para as três irmãs, uma jornada que as unia ainda mais. O caminho até a igreja, agora sem a guia materna, era preenchido com conversas sinceras e o som suave dos passos das meninas na estrada de terra batida.

Ao chegarem à igreja, o sentimento de independência misturava-se com um anseio por apoio espiritual. O interior simples da congregação proporciona um ambiente acolhedor, onde as meninas encontravam conforto e consolo.

Apesar da ausência física da mãe, a igreja tornou-se um ponto de estabilidade em meio à transição. A fé e a comunidade local ofereciam uma rede de apoio, ajudando as meninas a enfrentar as mudanças com resiliência e fortaleza.

No entanto, um dia nublado e sombrio virou o cenário, transformando a rotina familiar em preocupação. Kristina, a irmã mais nova, adquiriu uma enfermidade grave que pairava sobre a casa como uma sombra indesejada. Uma doença misteriosa envolvia a pequena, manifestando-se com febres altas e calafrios persistentes. A mãe de Marie, visivelmente abalada, dedicava seus cuidados a sua filha mais nova, buscando enfrentar o desafio da enfermidade que se apossara da menina. A casa, normalmente cheia de risadas e vozes infantis, tornou-se um lugar de silêncio e preocupação.

Jennifer, mesmo enfrentando a dura realidade da situação, pediu a Marie que fosse à igreja sozinha, pois sua irmã mais velha ficaria em casa para ajudar com os outros afazeres naquele domingo. Com a tristeza estampada em seu olhar, a mãe incentivou a menina a seguir adiante, confiante de que a fé e a esperança eram necessárias mesmo nos momentos mais sombrios.

- Filha, vá a igreja, ore pela sua irmã! Se alguém perguntar o que aconteceu, responda "vai tudo bem", não pare por nada, e quando chegar se ajoelhe em frente ao altar para fale com Deus! - Essas foram as palavras de um mãe desesperada, mas que ainda tentava recolher suas forças.

A menina, vestida com simplicidade, carregava consigo uma Bíblia desgastada e um buquê improvisado de flores selvagens colhidas nos arredores da casa. Mesmo diante da tempestade que assolava sua família, ela caminhava com um sorriso compassivo. Seus olhos, porém, refletiam uma mistura de tristeza e determinação. Ao sair pela porta da frente da casa, Marie lançou um último olhar preocupado para sua irmãzinha, deitada na cama, e seguiu pelo caminho em direção à igreja.

Tal caminho, que antes era preenchido pelo riso das irmãs, estava agora silencioso. Marie, mesmo envolta pela melancolia do dia, escolheu carregar consigo a luz da esperança.

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