A Aventura se inicia!

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A rotina de todos os dias levantar da cama para ficar horas trabalhando como assistente em uma taverna já estava se tornando algo sem sentido na cabeça do pequeno goblin. 

As coisas onde ele vivia eram difíceis para sua especie. Ele não tinha nome, família e algumas vezes sequer direitos. Para as pessoas, ele era só mais uma criatura que seria útil apenas para carregar coisas ou espantar ratos que tentavam se esgueirar pelos buracos da parede. Para alguns, eles sequer tinham diferenças com os tais roedores urbanos, ainda com a reles ideia das pequenas criaturas esverdeadas trazerem doenças consigo.

 Mas de qualquer forma, o Goblin havia se acostumado a ser tratado como inferior, tendo em vista que não conseguia fazer nada contra aquela ideia imposta nas pessoas que viviam no vilarejo... Mas ainda havia algo que trazia emoção para a vida do pequeno, algo que sempre o deixava animado. Aquele vilarejo ficava na rota de um reino próximo, o que tornava o lugar um ponto de parada para os comerciantes e viajantes que desejavam sair ou ir para o tal reino, e sempre que podia, o Goblin escutava as historias que estas pessoas contavam enquanto bebiam, e mesmo que fossem mentiras ou não, o pequenino sempre ficava com seus olhos brilhando em admiração, sonhando na ideia de estar vivendo aqueles contos extraordinários.

 Mas, um dia apareceu um aventureiro, um homem que era conhecido por muitos como "O Rei das Feras", um homem alto que tinha longos cabelos negros dos quais paravam em suas costas. Usava o que parecia ser a pele de algum animal de pelagem acinzentada em seus ombros e em seu rosto utilizava uma especie de tapa olho preto com o simbolo branco da guilda que ele fazia parte estampado. Quando aquele homem entrou na taverna, todos se calaram e o observaram, tanto com admiração, com medo e até desprezo. Cada passo que ele dava era acompanhado por um grande peso mesmo ele não tendo um físico avantajado, parecendo ser algo quase magico.

 O homem se sentou na frente do balcão com uma expressão indescritível, parecendo que estava entediado, mas era difícil de descrever a emoção que sentia. Com a taverna em total silencio, ele apenas disse "Cerveja" com uma voz profunda que fazia o Goblin que pegava os pratos sujos das mesas sentir todo seu corpo vibrar, para então a pequena criatura se aproximar e observar melhor o homem, e mesmo não fazendo nada que chamasse sua atenção, o aventureiro levou seu olhar para ele, o encarando com seu único olho visível que tinha a íris vermelha como sangue, fazendo certo frio subir por sua espinha enquanto dava um passo para trás, virando-se e andando em um ritmo acelerado para longe, buscando abrigo do olhar frio atrás do balcão.

 Por algum motivo, o Goblin sentia algo totalmente diferente vindo daquele homem, parecia que ele estava certo de que nada poderia derrota-lo, como se tudo ao seu redor não conseguisse sequer encostar nele, e de certa forma, era algo fascinante pro Goblin, que geralmente sentia o total oposto por naturalmente ser fraco. No final da tarde, quando o tal dito "Rei das Feras" se cansou de beber e estava saindo do bar, a criatura de pele esverdeada rapidamente o alcançou, parando alguns passos de distancia e parecendo tomar coragem para então dizer algo.

-Eu quero ir com você!

Ele disse com os punhos fechados e expressão decisiva em seu rosto, parecendo certo que era aquilo que ele queria, mas foi respondido com apenas um olhar frio que parecia analisar a criatura do pés a cabeça.

-Se vier comigo... Certamente irá apenas me atrapalhar ou acabar morrendo. 

O Goblin recuou e engoliu a seco um tanto assustado, com aquilo parecendo ser mais uma ameaça do que um aviso. Mas mesmo assim, ele se colocou novamente em posição.

-Quero me tornar aventureiro! Ser confiante igual você, to cansado de ser tratado... Igual nada!

Dizia o pequeno enquanto cerrava seus punhos e olhava para o homem de cabelos negros, que então após um suspiro voltou a falar.

-Se você quer se tornar algo, faça seu próprio caminho, sua própria historia... Não se prenda á alguém e espere que seja respeitado assim...

E então, de dentro da taverna era possível escutar uma pessoa resmungando e perguntando "Onde esta a praga", claramente se referindo ao Goblin. O que fez ele olhar para trás com certo medo mas voltar sua visão para o aventureiro, e antes do pequeno poder dizer qualquer coisa, o homem jogou uma adaga que caiu na frente do Goblin, o assustando e se afastando.

-A escolha é sua...

Disse ele que então apenas deu as costas e voltou a caminhar pelas ruas do vilarejo até sair da visão do Goblin, que se manteve confuso por alguns instantes enquanto olhava a adaga que então ele pegou em suas mãos e analisando-a pode perceber que sua lamina era feito com algo que parecia um osso, e seu cabo era coberto por um couro preto que parecia ser muito resistente.

A pequena criatura agora estava certa do que queria... Ele iria sair daquele vilarejo e procurar viver suas próprias historias que poderia contar para todos! O Goblin então correu para dentro da taverna, passando direto pelo homem que estava o procurando sem sequer prestar atenção na bronca que ele iria lhe dar, apenas subindo para os quartos do local e entrando no que ele dormia. Por sorte, ele não tinha quase nada de valor, então nada ali valeria a pena levar, com a exceção de uma coisa... Um pequeno saco que a criatura deixava escondida dentro de um buraco na parede, algo que mais havia valor para ele... Coisas aleatórias que ele achou no chão! Pedras brilhantes, pedras com formatos diferentes, uma bola de lodo e alguns ossos de criaturas pequenas. Aquele era o único e maior tesouro que ele ja teve, e usou uma corda para amarrar-lo em seu cinto de couro junto á adaga do outro lado de sua cintura.

O Goblin estava pronto para começar sua aventura, trilhar seu próprio caminho! Ele se colocou para fora da taverna, com um saco de sujeira aleatória, uma adaga de osso e um grande coração. A aventura se inicia!

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2020 ⏰

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