Prólogo

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2008 , Daegu

Kang Dahye

Minha psicóloga me deu esse diário para eu tentar expressar meus sentimentos, já que não consigo conversar com ela nas consultas. Talvez eu arranque essa página depois de escrever tudo. Se eu ler isso em voz alta na próxima consulta, com certeza ela vai querer que eu fale com ela sobre isso. E eu não quero falar sobre isso com ninguém.

Mas eu sei que essa merda esta me afetando, tô tendo pesadelo quase todos os dias, e ás vezes eu vou chorar junto com minha mãe na rua, já que essa casa parece amaldiçoada, ainda mais à noite, o horário onde tudo aconteceu.

Eu costumava achar que meu pai era um super herói, daqueles que fazia o bem para todos. Lembro que quando sobrava um pouco de comida, ele ia procurar algum morador de rua para ajudar, entre outras coisas que me faziam acreditar que realmente ele era meu herói.

Sempre achei que ele não deixava minha mãe trabalhar, por amor a ela. Já que assim ela teria tempo de terminar a faculdade quando eu e meu irmão estivéssemos mais velhos. Eu me sinto tão idiota por ter o admirado por todos esses anos, e não fazer ideia do que minha mãe passava.

Por que eu nunca estranhei quando minha mãe aparecia com um roxo em lugares que a roupa dela geralmente escondia? Ou quando meu pai parecia estranho demais depois de chegar do trabalho?

Talvez seja porque na minha cabeça a única coisa que poderia alterar uma pessoa, era bebida alcoólica, e nunca senti nenhum cheiro de álcool vindo do meu pai, como consigo sentir toda vez que vamos visitar meu tio Saejin. Minha mãe protegeu o máximo possível essa admiração que eu e Euigeon tínhamos dele.

Me sinto péssima por ter sempre defendido aquele monstro, e nunca perceber o quanto minha mãe sofria... Até aquele dia. O pior dia da minha vida. Só de lembrar já estou chorando e me sentindo impotente de novo.

Lembro de acordar com um barulho estranho, vindo do quarto dos meus pais. Eu nunca tinha escutado uma briga deles antes, não como aquela. Mas isso porque minha mãe nunca havia apanhado tanto, e nem meu pai se drogado tanto.

Os policiais chegaram na minha casa um pouco depois que eu abri a porta do quarto deles, já que os vizinhos escutaram os gritos da minha mãe e o denunciaram. Eu só consigo lembrar dos policiais levando meu pai a força, e ele não conseguindo me olhar nos olhos... Mas mesmo no escuro, consegui ver o sangue da minha mãe escorrendo pelo seus punhos. Tudo isso porque ela pediu para ele parar de colocar nossa família no meio de suas dividias de drogas.

Minha mãe ficou internada por quinze dias, por ter tido fraturas pelo corpo todo, por isso minha avó paterna veio de Ilsan cuidar da gente. Minha avó me contou que tinha vergonha de admitir, mas que meu pai era viciado desde jovem, só que vivia entre períodos 100% sóbrio, e momentos como esse último, onde ele perdeu todos os limites e acabou deixando eu ver quem ele realmente era.

Eu sei que nunca vou superar o que vi, e a dor que senti quando perdi meu pai. Ele pode não ter morrido, e mesmo tendo ódio dele, não consigo desejar sua morte. Mas eu juro que nunca mais quero ver ele perto de mim ou da minha família. A figura de super herói, tornou-se uma sombra de escuridão que vai me perseguir pelo resto da vida.

The Boy Next Door- Min Yoongi 🏀Onde histórias criam vida. Descubra agora