O ABISMO DOS SONHOS

Sensações e Questionamentos

Há uma semana atrás Dylan teve um feito bem conturbado para saber digerir sem se questionar, ele não sabia o que sentira naquele exato momento, pois as sensações eram totalmente diferentes do que ele se preparava para sentir, não era algo premeditado, pois era totalmente imprevisível na mente dele.

Andando sem destino apreensivo ele ficava, sem se entender ele chorava, mas não era lágrimas de arrependimento, e sim de indecisão, na mente dele fluía perguntas que ele não tinha uma resposta óbvia, e isso o deixava nervoso, com medo e frustrado. Até que ele lembrou de Clary, e recordou de sempre conversar com ela quando ele não se entendia, porque ela o conhecia tão profundamente que não era necessário nem ele perguntar nada, só pelo olhar dele ela sabia.

_Dylan, você quer falar algo? Você rodou todo esse Campus e não chegou a lugar nenhum, parece que você não está bem. _ Disse Hannah, curiosa e preocupada com a reação de Dylan.

_Eu não sei o que tá acontecendo comigo.

_Quando você se sentir assim, pode me chamar, eu quero que você tenha novos sentimentos, que você conheça o mistério de não pensar tanto, só deixar fluir... _ Acalmou-o com suas palavras totalmente zen.

_Obrigado, Hannah. Mas eu quero ficar sozinho agora, preciso entender o que estou sentindo.

_Tudo bem meu anjo, estarei aqui se precisar. _Abraçou-o e deu um beijo na bochecha de Dylan.

Hannah sentiu que o que Dylan estava sentindo era por causa dela, ela teve uma sensação estranha, como se algo tivesse dilacerando seu coração. Ela passou o dia inteiro lendo livros de filosofia, que aborda sobre a felicidade humana, algo que para ela não tinha uma resposta certa, pois cada um tem sua felicidade em algo ou alguém, ou até mesmo em seu ego.

Em outro lugar bem distante dali, bem, bem distante estava Clary, pensando no seu amado, em que ele está fazendo ou pensando, sem pensar tanto ela ligou para Dylan.

_Oi amor, como você está?

_Oi, eu tô bem amor, só um pouco vazio, sinto sua falta. Queria poder te dar um abraço agora e não falar nada, só te abraçar. _Disse Dylan, com um tom triste na voz.

_Não queria estar tão distante de você, sinto que precisamos um do outro, é tudo muito novo agora, tenho medo de não me reconhecer mais nesse lugar.

_Eu também, é justamente isso... Eu nem precisei dizer nada, você me entende tão bem que... Eu... Eu te amo muito, Clary. Só quero que você saiba disso. _Emocionado ele falou, quase soluçando.

_Eu também te amo meu amor, te amo muito, e eu sempre vou te entender, temos uma conexão.

_Sim amor, você me entende mais do que eu mesmo, e eu nem sei o que dizer... Você é tudo! _Disse Dylan, com um tom mais enfático.

_Sempre amor. Eu vou ter que desligar agora, as meninas me chamaram para ir na sala com elas, vai ter uma festinha, até mais amor, te amo.

_Também te amo. _Disse Dylan.

Aquela ligação fez com que Dylan entendesse que as sensações que ele estava sentindo era por ter medo do novo, por não se permitir coisas novas e por não dar chance de conhecer um novo lado de si mesmo. Então ele logo percebeu que a vida dele sempre foi programada, sonhos escalados como se fossem um currículo para ele ser um ser humano padrão, mas ele sabia que um dia tudo ia virar de ponta cabeça, e ele ia experimentar coisas não previstas, que ia sentir algo inexplicável pelo misterioso, e era isso que ele estara sentindo por Hannah, um mistério, que ele não tivera com Clary, pois ela fora o sonho dele, e ele realizou, não havia mais um mistério entre ele e Clary.

Com essa nova descoberta ele foi até Hannah, e perguntou o que ela sentiu por ele, e se ela já havia sentido isso antes, naquele momento ambos se entre-olharam, como se por um olhar já dissesse tudo o que ele havia perguntado, e novamente... Rolou o beijo.

_Hmmm o que foi isso meu anjo? Você me deixou sem ar hahaha. Você tem uma pegada que é difícil de resistir. _Disse Hannah, com uma respiração ofegante e sexy.

_Eu não sei o que você tem que me deixa louco, não consigo controlar a vontade de te beijar, sinto que você me deseja e isso me deixa com muita vontade.

_Eu... Eu... Amei esse beijo, você tem um jeito que me deixa com as pernas bambas, e eu não sei controlar também, mas... Você tem uma relação, Dylan. E eu sei que você sente algo por ela, e eu entendo você. _Desabafou Hannah.

_Eu amo a Clary, ela é a mulher que eu sempre sonhei, mas eu sonhei, entende? Não foi algo que eu não imaginava tipo contigo, foi algo que eu sonhei e conquistei, foi batalhado mas não imprevisível.

_Eu entendo meu anjo, você gosta do perigo, da adrenalina de não saber o que está por vir, isso não é incomum, mas também não é compreendido por todos. _Deu um passo para trás, e fitou os olhos em Dylan.

_Sim... Mas é esse o problema, a minha vida inteira eu quis aprovação, ser compreendido, amado e desejado. E eu nunca vivi algo como agora, que eu não soubesse o que iria fazer, enfim, vou descansar agora, boa noite.

_Boa noite. _Despediu-se de Dylan.

Após aquela noite ele entrou em um questionamento pessoal, e pensou em Clary e Hannah, tentando buscar uma resposta em si que o dissesse quem seria a pessoa certa para ele ou se ele estaria disposto a amar as duas o mesmo tanto. As duas são lindas mulheres, mas com a personalidade totalmente diferente, pois uma era autêntica, sabia o que dizer e quando dizer, já a outra é misteriosa, seduzente e compreensível... Sem saber o que fazer ele recordaram todos os momentos com cada uma delas, como o baile em que ele e Clary se beijaram pela primeira vez e da árvore que foi a paisagem em que ele e Hannah se beijaram, com todos esses pensamentos vieram sensações inusitadas e assim ele teve a resposta.

Havia um diário em que Dylan escrevia tudo, desde sentimentos a lugares e momentos que ele passara, e o jeito de ele se entender foi escrevendo, e deixando que suas palavras o tocassem, ele fez um triângulo amoroso, com personagens que fossem como ele, Clary e Hannah, fazendo com que àquilo virasse uma história de romance e drama, era a desculpa perfeita para ele não se culpar e melhor ainda, ser a história para o trabalho de literatura que ele havia pensado em fazer, para impulsionar sua futura carreira como escritor.