Eu mexia minha cabeça bruscamente de um lado para o outro, tentando ver o quão bêbada eu estava. Eu sei que parece ridículo, mas foi um truque muito bom que Seokjin havia me ensinado, pois se fizer isso bêbado tudo se mexe mais devagar que o normal e é uma ótima maneira de medir seu nível de embriaguez quando está sentado. Algumas horas já haviam se passado e nesse momento, nós estávamos brincando de "eu nunca" com shots de soju. Jimin ficou completamente ébrio logo no início do jogo e agora estava cantarolando a música do Nintendo-wii alegremente com sua voz melódica. Eu aparentemente não faço nada, pois até este momento eu só tinha bebido um shot de cinco e Yoongi, diferente de mim, parecia ter feito tudo e mais um pouco, pois ele já tinha ultrapassado o máximo de shots e estava em seu sétimo. Eu acabei sentando perto dele e de Hoseok na mesa, agora que estávamos todos alterados parecíamos até melhores amigos de infância.
– Yoongi, eu achava que você era comportado! – Falei mais alto do que imaginava, dando um tapinha em seu braço.
– De comportado esse aí só tem a cara mesmo! – Hoseok disse pegando umas batatas fritas que já estavam frias e murchas.
Ao longo da noite, eu acabei me distanciando de meus dois objetivos principais, porém agora não importava mais, pois eu estava me divertindo para caramba. Mesmo assim, eu ainda sentia uma pontada de incômodo sempre que via o quão Namjoon estava próximo de Dabin no outro lado da mesa. Eu ainda não havia conversado muito com ela, mas parecia ser uma garota legal, além de ser linda, com cabelos negros e uma pele de pêssego, que combinava perfeitamente com seu vestido de verão branco, repleto por um padrão de pequenas cerejas vermelhas. Tenho que admitir, eu estou me sentindo extremamente intimidada por ela.
Fecho meus olhos e respiro fundo, eu queria apenas tirar essa preocupação boba da minha cabeça e voltar a me divertir, mas estava bem difícil. Sempre que eu me esticava para pegar as batatas fritas, a visão do outro lado da mesa era inevitável e lá estava Namjoon conversando com Dabin, como se estivessem em uma comédia romântica. Que irritante! Eu precisava sair dali e me recompor, o pequeno incômodo havia crescido de tal forma, que estava impossível me concentrar no joguinho de "eu nunca". Levanto-me abruptamente e percebo que os outros me encaravam confusos.
– Eu vou ver porque segunda rodada de batatas ainda não chegou. – Justifico-me já saindo da mesa.
Andar estava um pouco mais desafiador do que eu imaginava e a iluminação fraca e difusa dificultava ainda mais, porém eu só precisava sair dali. Fui andando com meus passos não muito seguros até o balcão onde preparavam os drinks especiais, a cozinha ficava atrás dele e talvez o bartender pudesse me ajudar.
– Olá. – O bartender falou comigo. Céus, como ele era bonito.
– Oi. – Disse em um tom quase inaudível, geralmente eu fico um pouco tensa perto de caras que eu acho atraentes, pois tenho medo de perceberem que eu estou atraída por eles. Olho o cardápio rapidamente e falo de novo – Oi. Um chá gelado, mas com coisas.
– Coisas? Você quer o Long Island Iced Tea?– Ele perguntou esboçando um pequeno sorriso.
– Isso mesmo, essas coisas alcoólicas.
Que vergonha! Não consigo acreditar no quão estúpida eu estou parecendo sempre que abro a boca, em meus pensamentos as frases faziam total sentido, mas quando eu terminava de falar, percebia que elas eram extremamente bobas e confusas. Minha cabeça estava girando e eu sentia como se estivesse distante, mesmo presenciando tudo, era quase como um sonho lúcido. Em um misto de vergonha e essa outra sensação estranha, afundei minha cabeça na pedra álgida do balcão e fechei meus olhos, enquanto o bartender preparava minha bebida. Eu conseguia, apenas, escutar o refrão repetitivo da música que tocava "Stupid boy think that I need him". A letra era lasciva e explícita, mas eu estava gostando, queria ter a coragem de dizer coisas como essas que a garota da música falava. Diferente da realidade, em meus devaneios eu digo o que penso, faço tudo que não tenho coragem de fazer e sou quem eu sempre quis ser. Já na vida real, eu sou apenas uma versão patética dessa 'eu' empoderada e corajosa, que tem o que quer e aproveita a vida, sem se importar com a aprovação dos outros. Queria ter ao menos coragem o suficiente para falar com Namjoon.
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Life On Mars • JJK
Fanfiction"De repente, ele parou de fazer parte de uma memória abstrata do passado e se tornou um elemento concreto de meu tormento atual." Kim Hana descobre que Jungkook, o garoto que a atormentava na infância, está estudando em sua universidade e decide bol...