Capítulo 10.

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"Ninguém merece tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar." — Gabriel García Márquez.

[...]

Eu não estava conseguindo jantar. Só estava virando a comida de um lado para o outro com o garfo. Não sabia ainda o que faria para fazer Harry me contar sobre o que havia entre ele e Niall, mas eu precisava descobrir o quanto antes.

Quando namorava Niall, só em mencionar nessa história ele ficava nervoso e pedia para trocar de assunto, até que um dia eu desisti de descobrir. Mas o que poderia ter sido?

— Nem tocou na sua comida — papai diz, me pegando de surpresa.

— Me desculpa, o que disse?

— O que está acontecendo, Melissa? Nem tocou na sua comida — papai pergunta olhando para mim.

— É que tem um trabalho aí e estou nervosa com ele — digo e olho para a comida.

— Como se eu não conhecesse você — papai diz e solta uma risadinha baixa. — Conheço você filha, e sei que vai arrasar nesse trabalho. O que está havendo?

— Nada demais, é só isso mesmo.

Não era de certa forma mentira, estava realmente preocupada com o trabalho. Harry já havia deixado claro que não estava com vontade de ler o livro e eu não estava afim de fazer tudo sozinha. Mas não era isso que estava perturbando meus pensamentos.

Ao terminar de arrumar a cozinha após o jantar, me dirijo para o meu quarto e decido abrir meu caderno, para tentar estudar um pouco.

Assim que abro meu caderno e vejo minhas primeiras páginas do início do ano, não consigo deixar de rir e pensar como as coisas podem mudar muito rápido e em pouco tempo! Essas horas provavelmente eu estaria com Niall, na casa dele... Mas tudo mudou. Fazia muito tempo que não via Maura e Theo, e até mesmo Bobby. Mesmo não conversando sempre com meu ex-sogro, eu gostava dele. Bobby mesmo dizia que eu era a filha que ele nunca teve.

Agora eu estava sozinha tentando me concentrar para estudar. Coisa que eu não precisava, bastava sentar e a vontade de ler já estava presente. O que seria daqui a 1 ano? Será que um dia eu conseguiria olhar novamente para Niall sem sentir raiva? Duvidava muito.

Perdida em pensamentos, não consigo me lembrar o momento exato que caio no sono, e quem apareceu em meus sonhos naquela noite não foi os olhos azuis que sempre aparecia, e sim novos olhos verdes.

     “Vendo meu reflexo em frente ao espelho não conseguia acreditar que aquela mulher era eu. Meu vestido comprido cheio de babados era rosa e cobria todo meu corpo, na verdade, ele poderia facilmente se arrastar pelo chão ao caminhar. O colar de diamantes cobria todo meu pescoço e não consigo deixar de imaginar o preço da jóia. Meu cabelo estava preso em um coque alto e não tinha nenhum fio fora do lugar. A forma como eu estava vestida mostrava que a década não era a mesma que eu vivia no presente. Era uma época muito distante...

Ao escutar meu nome ser chamado no andar de baixo, levanto meu vestido e começo a seguir a voz. Pelo barulho que estava no andar de baixo, indicava que estávamos dando uma festa.

Tento me concentrar em descer as escadas para não cair. Era vestido demais para um corpo pequeno que estava escondido no meio de tanto tecido. Ao conseguir chegar no último degrau sem cair, levanto meu olhar e quero mostrar para todos o quanto estava deslumbrante. Mesmo não reconhecendo nenhum rosto que ali estava presente.

Passo meus olhos por todos os cantos daquele salão afim de achar dois olhos específicos.

Ao parar meu olhar em um homem que estava no fundo do salão, sinto meu coração bater tão forte quase como se ele fosse fugir da caixa torácica. Como alguém podia deixar outra pessoa daquele jeito apenas com sua presença?

Half a Heart. [h.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora