1984 - 8:40

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A música ficara mais alta ao decorrer dos segundos, como se estivesse aproximando do banheiro. Sentindo um calafrio, o homem percorre sua atenção devagar até a porta, como se já esperasse pelo pior. Seu coração palpitava nervosamente. Ele sai debaixo do chuveiro, deixando-o ligado, para o que quer que fosse, pensasse que ainda estivesse no banho, assim esticando seu braço até a toalha e pegando-a, enquanto dava passos cautelosos. Ao pôr a toalha ao redor de sua cintura, cobrindo parte de seu corpo nu, o rapaz pega a navalha em mãos, que se encontrara sobre o mármore da pia. A melodia lhe parecia alta o suficiente, como se estivesse logo fora daquele cômodo, institivamente segurando a navalha com mais firmeza, pronto para utilizar a lâmina. Devagar, o albino pôs a mão na maçaneta, abrindo-a rapidamente, deixando a navalha cair no chão, pois se assustara com o toque repentino do telefone e o incrível nada a sua frente, sendo uma grande quebra no suspense, porém aliviante, poderia ter sido algo pior, de acordo com sua mente. O instinto o faz arfar de medo, curvando-se para pegar a navalha mesmo trêmulo e de coração acelerado, porém atento, não sabia se o perigo era real. O telefone permanecia tocando, tornando-se uma esperança ao sardento, que caminhara pelo corredor, com destino ao telefone, com um olhar desconfiado, não confiando em sua própria casa. Seus passos apressados o faz chegar mais rápido à seu destino, puxando o telefone e levando até seu ouvido, mas nada ouvira, a ligação estava fora de área. Pondo o telefone de volta no gancho, logo nota que deixara o chuveiro ligado, retornando para o banheiro com mais calma, e logo que possível desligando o chuveiro.

— "O que de fato foi isto?"- Se questionou mentalmente sobre o medo que sentira, como se o medo de morrer tomasse de conta de seu corpo, do contrário de se manter calmo e bem armado para reagir.

Para trabalhar com o que trabalha, devia sufocar este sentimento, e mostrar-se o mais confiante e corajoso possível, perguntando duramente a si mesmo se havia esquecido de todo treinamento árduo. O ruivo comete um deslize no chão molhado, no entanto, ele consegue se manter  em pé. Caminha sem muita presa até seu quarto, pondo-se à frente de seu guarda-roupa, logo vasculhando o mesmo, em busca de seu uniforme, que estranhamente não se encontrava lá.

— "Talvez eu tenha deixado na lavanderia"- Confirma a si mesmo a possibilidade, pegando roupas de seu cotidiano e pondo sobre sua cama, puxando uma gaveta e retirando o mais importante, roupa íntima.

Já estava tarde, não poderia atrasar-se mais que isso, teria de dar alguma desculpa ao chefe. Pôs a se vestir após jogar sua toalha sobre a cama, um ato que denuncia sua falta de organização, por fim penteando seus cabelos ruivos. Quando se encontrara bem-trajado, o homem pôs sua navalha no bolso da calça, não sabia quando necessitaria dela novamente, e enfim deslocou-se para fora de seu quarto. Passando pelo corredor, chega até a sala e caminha até a porta, parando em frente a mesma, ao notar que havia pisado em algumas flores, que aparentemente estiveram lá por muito tempo, suas pétalas murchas e secas estavam espalhadas em frente a porta. Mesmo estranhando o fato, ele abre a porta sem hesitar, retirando-se de dentro de casa, porém para em frente da porta ao lembrar de algo essencial.

— "Minha carteira..."- Pensa, desprezando a si mesmo, pois estivera esquecendo de muitas coisas recentes e importantes.

De qualquer forma o homem retorna para dentro de casa, em busca de sua carteira, que logo se encontrara sobre o balcão americano, achando sem muito esforço. Caminhando à frente do balcão, pegando e levando a carteira até o bolso de sua calça, e novamente o telefone começa a tocar, retirando do albino um suspiro, talvez impaciente, no entanto não atenderia, tinha de fazer coisas mais importantes por agora, assim como passar na farmácia antes de ir à delegacia. E foi a decisão que tomou, retornando para fora de casa e ignorando o fato de seu telefone ter voltado a tocar, como outras vezes mais cedo. Ele tranca a porta de sua casa, logo indo à caminho da farmácia, o rapaz sentira uma leve dor de cabeça, e junto dela uma sensação estranha no peito, como se algo ruim estivesse prestes a ocorrer. A farmácia se encontrara na esquina mais próxima do rapaz, bastava atravessar a rua para chegar ao seu destino. Enquanto atravessara a rua, ouvira seus próprios batimentos cardíacos nitidamente, o sentimento de haver alguém o seguindo se tornara cada vez mais presente. Chegando ao outro lado da rua, ele se volta para trás, mas não havia ninguém o seguindo, mais especificamente, não havia ninguém na rua. Apressara suas passadas para adentrar o comércio, empurrando a porta da farmácia e se locomovendo dentre as prateleiras. O atendente da farmácia levara sua atenção até o ruivo.

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⏰ Última atualização: Dec 07, 2020 ⏰

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