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P.O.V's Lalisa Manoban

Respirei fundo e guardei o celular o bolso. Estava na hora de falar tudo que tinha pra falar. Mesmo sabendo que ela não queria ouvir, irei amar tudo o que tenho pra falar, pois não aguento mais isso tudo entalado em minha garganta. É torturante. Dói. Existia grandes chances de Jennie estar do outro lado da porta. Mas também existem grandes chances de Jennie estar em seu quarto, me ignorando totalmente.

Vou acreditar na primeira opção.

- Jennie. Eu sei que você está aí. Eu sei que você vai me ouvir, somente por curiosidade.

Meus olhos já estavam lacrimejando.

- Mas eu só preciso que me escute por um minuto. Me dê...- Ergui o dedo indicador, olhando para a porta, na esperança de que ela estivesse ali. -...Uma chance... somente um minuto. Eu quero falar o que nunca tive coragem de falar. Coisas que estão entaladas em minha garganta. Algo meio raro, pois eu sempre sou sincera e falo tudo o que penso. Você sabe disso, não sabe?

Ri fraco, olhando para meus pés, mas logo desviei o olhar para um canto qualquer.

- No dia vinte e seis de março de dois mil e cinco, eu derrubei meu macarrão com queijo em cima da pequena garotinha dos cabelos castanhos. Essa garotinha ficou muito, muito, muito brava. Como se tivesse quebrado seu brinquedo favorito. Ri fraco e suspirei. - Mas, na verdade, eu só havia feito uma mancha em sua camiseta vermelha com listras pretas. Eu lembro que... naquele exato momento, eu fiquei extremamente sem graça, não sabia o que fazer, nem lembro o porquê de ser tão desastrada. Na verdade eu lembro sim. O motivo da minha distração, foi a linda garota dos olhos castanhos, de camiseta vermelha com listras pretas e uma mancha de macarrão.

Ri abobada, abaixando minha cabeça

- Nesse exato dia, a minha vida mudou por completo. Nós fomos na secretaria, pois você reclamou para a professora sobre isso e exigiu justiça. Não sei o porquê de levar esse tipo de coisa tão à sério. A diretora havia falado que isso não era problema. Era só colocar na máquina de lavar com um bom produto e pronto, estava tudo resolvido. - Ri. - Dias depois, você veio falar comigo. Eu fiquei tão envergonhada que aparentemente poderia explodir, de tão vermelha que estava. Eu era aquela garotinha solitária e isolada. Você era a garota amigável e alegre. Todas as professoras lhe elogiavam, todos lhe amavam. Isso me dava inveja. Causava inveja em qualquer um.

Dei de ombros e ri.

- Nós viramos amigas depois disso. Grandes amigas. Estávamos sempre juntas. Sempre unidas. Sempre falando bobagens entre nós. Conversávamos sobre nossos desenhos animados preferidos, nossos super-heróis preferidos, nosso dia. Tudo de mais inútil. Mas, um dia, chegou um garoto bem mais velho na escola, que na sua opinião, era muito bonito. E nome dele era Kai. Esse foi o pior dia da minha vida. Você não queria mais saber de mim. Nossas conversas estavam baseadas em: Kai. Não tinha como piorar. Bom, era o que eu achava. Até você me dizer que... o amava. Mesmo sendo jovens, já entendíamos o que era amor. Amor era... o que eu sentia por você. E senti por inúmeros anos. Até você e Kai começaram a namorar. Eu não podia estar pior.

Suspirei com a lembrança.

- Sempre sorria, para você sorrir. Sua felicidade era a minha felicidade. Eu escondi isso por muitos e muitos anos. Você sempre me contava tudo entre você e Kai, me contou até mesmo a primeira vez de vocês. Eu só queria achar um prédio para me jogar naquele momento. Eu queria que... Você estivesse feliz pela nossa primeira vez, e não de vocês dois. - Ri baixo e tristonha, voltando a fitar a porta. - Eu nunca vou me arrepender de ter levado macarrão com queijo para a escola naquele dia, pois foi um simples macarrão e uma distração, que mudou minha vida para a melhor. Eu não sei como viveria sem você em minha vida, alegrando todos os meus dias, com simples sorriso e bobagens que falamos uma para a outra. Uma vez... Eu estava muito triste. Extremamente triste. Eu tinha vontade de morrer, somente de lembrar todas as histórias que você me contava, sobre você e o Kai. Tudo. Tudo mesmo. Isso aconteceu ano passado, então eu ainda me recordo dessa dor. Minha tristeza teve um motivo. E esse motivo foi você. Eu não entendo o porquê, pois você era a minha única felicidade.

- Quando descobri que te amava de verdade, eu entrei em desespero. Pois não sabia o que fazer, já que você namorava, eu não tinha o que fazer. Eu só sabia... chorar. Eu gostaria de saber se você está me ouvindo agora. Gostaria de olhar para você e sorrir, pois você é o motivo de todos os meu sorrisos. Talvez eu esteja enrolando demais, mas eu realmente preciso falar.

Eu quero falar.

- J-Jennie, eu...

Vamos lá, Lisa. Não é tão difícil.

- E-eu...

Vamos!

- E-eu amo você. Eu amo você mais do que tudo neste mundo. Eu agradeço mentalmente todos os dias por você ter errado o chat e ter mandado aquele "nude" para mim. Eu agradeço mentalmente todos os dias por aquilo ter unido nós duas como antigamente. Eu agradeço sempre pela oportunidade de ter sentido você como sempre quis. Ter mostrado para você o quão grande é esse meu sentimento. Muito obrigada por ter me mostrado o que é amor. Eu não sei como falar isso, mas eu preciso dizer. Um simples "eu te amo" pode ser algo bobo, somente de amizade. Eu realmente amo você, do fundo do meu coração.

- Eu me mataria por você. Eu me jogaria de prédios por você. Andaria no deserto inteiro por você. Correria na Antártica por você. Iria até a lua somente por você. Até mesmo sumiria da sua vida, se é sua vontade, por você. Tudo... por você. Somente por você. Nada além de você. Ninguém além de você.

Suspirei pesado, fechando levemente meus olhos, mas logo voltei a olhar para a porta.

- Jennie, eu tenho algo a perguntar.

É agora.

- Eu sei que pode não ser o momento certo, mas como eu disse, eu preciso falar o que está entalado em minha garganta. J-Jennie, você...

Vai Lisa! Você consegue.

- Você pode não estar me ouvindo agora. Ou também pode estar não sei.- Ri. - Mas eu queria perguntar...

Me aproximei da porta, ficando à centímetros de distância da própria. Abaixei a cabeça e fechei fortemente os olhos. Olhei para a porta novamente e respirei fundo.

- Jennie. - Disse, com meus lábios perto da porta. - V-você...

Vamos...

- V-você...

Não é difícil, Lisa.

- Você a-aceita...

Força!

- V-você aceita ser...

Não pense negativo, Lisa. Você consegue.

- Kim Jennie você aceita ser a minha namorada?

Isso!

Acabei sorrindo involuntariamente para a porta. Jennie poderia estar atrás dela, ouvindo tudo. Mas também poderia ter me ignorado totalmente. Bem, pelo jeito, parece que a segunda opção foi feita. Segundos se passaram e nada. Jennie realmente havia desistido de mim, como eu continuarei depois disso? Mas, eu não posso fazer nada, afinal, é a decisão dela

Um minuto e nada.

Dois minutos e nada.

Três minutos e absolutamente nada.

Jennie, eu desisto.

Respirei fundo e senti meu coração estilhar-se como vidro. Doía, doía muito. Agora eu sei o que Jennie sentiu quando viu Kai a traindo, mas poderia ter sido muito menos doloroso. Eu me sentia um lixo. Mas, ao mesmo tempo, me sentia aliviada, por ter falado tudo. Bom, parece que... não irei receber resposta alguma.

Me virei para o lado contrária da porta e então, comecei a andar em direção à escada. O que farei agora? Parece que... Eu não deveria ter falado essas coisas. Perdi uma amizade por bobeiras.

Abaixei a cabeça e desci o primeiro degrau. No total, eram três, que levavam até o jardim da frente. Cocei a nuca e acabei ficando estática, ao ouvir o grunhido da porta ser aberta lentamente. Ergui a cabeça e abaixei a mão, olhando fixamente para o nada. Meus olhos se arregalaram levemente e então, me virei dando de cara com Jennie, que estava encolhida, dentro de sua casa. Ela mantinha a cabeça baixa, tentando esconder as lágrimas mas eu podia vê-las. Jennie levantou sua cabeça, me encarou e então...

- Eu aceito.

-

*Capítulo sem revisão. Me desculpem qualquer erro ortográfico.

Então chegamos ao fim da fic, espero que tenham gostado

Nudes [Jenlisa]Onde histórias criam vida. Descubra agora