c a p í t u l o • 1

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c a p í t u l o • 1

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"É um grande mundo fora desta pequena cidade.

Pensei que era tudo o que eu precisava para esquecer você.

Seria fácil. Era para ser fácil."

Matt Stell Everywhere But On

— Não se preocupe, Maia. Tudo continua igual, você vai adorar.

Levi, meu irmão mais velho, sorriu e me lançou um olhar rápido enquanto dirigia. Ajeitei meus óculos escuros no rosto e forcei um sorrisinho, em silêncio. Voltei o meu olhar para as ruas de Dayton Lakes, que passavam vagarosamente por nós, enquanto Levi percorria o caminho que nos levaria à nossa antiga casa.

Eu queria dizer ao meu irmão mais velho que estava agradecida pela sua bondade e hospitalidade, mas não poderia estar adorando menos. Porque, afinal, ele tinha razão: as coisas pareciam irritantemente iguais.

Os mesmos prédios antigos com tijolinhos aparentes, as mesmas pessoas reunidas pelas esquinas conversando — sobre as vidas alheias, obviamente — e os mesmos comércios que eu visitava desde que me entendia por gente. Nem os nomes haviam mudado.

Pelo o que conferi no Wikipédia, durante o caminho até Dayton Lakes, atualmente a cidade possuía cerca de 4.372 habitantes. Uau. Desde que fui embora, alguns bebês nasceram e grande parte da população idosa — e acredite quando digo que não são poucos — faleceram. Questionei-me mentalmente quem estaria vivo e quem teria morrido nesse tempo.

Senti um aperto desconfortável no peito ao lembrar que os meus avós faziam parte dessa contagem.

Engoli em seco e tentei espantar a lembrança dolorosa. Estiquei a mão até o rádio novo e moderno de Levi, aumentando o volume da música para abafar os meus próprios pensamentos.

— Instalei esse rádio há alguns dias — Levi falou empolgado. — Deu uma trabalheira, mas valeu a pena. As crianças querem mexer o tempo inteiro.

Sorri, balançando a cabeça levemente. Levi ainda possuía o sotaque do interior e talvez isso nunca mudasse. O jeito que ele falava era engraçado e o seu sorriso contagiante ainda era o mesmo. Ele parecia mais novo do que realmente era.

Seus cabelos eram escuros como os meus e estavam escondidos debaixo de um boné azul. Sua pele estava bem bronzeada e, apesar da feição cansada, ele ainda parecia o cara popular e descolado que foi no colégio.

No auge de seus 26 anos, cheio de responsabilidades e com uma propriedade para administrar, ele ainda mantinha a mesma vivacidade de quando era mais novo. Fiquei feliz por isso. Eu realmente havia sentido a falta do meu irmão.

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