Inseguro novamente, perigoso novamente.
Tão ruim. (Por quê?)
Nós, sim.♡ ˒
Abri os olhos quando ouvi o barulho de chaves.
Vinham da porta, eu sabia disso. E mesmo sem ver, eu sabia quem era.
Me sentei no sofá, com apenas a iluminação fraca da televisão, possibilitando-me de enxergar algo.
Olhei automaticamente para a porta no momento em que foi aberta.
Ele entrou, não se dando conta, ou talvez não querendo dar, de que eu estava ali. Deu meia volta, trancou a porta e tentou abri-la, apenas para ter certeza de que estava trancada.
Isso havia se tornado um hábito.
"Nehuma porta aberta, nunca. Principalmente onde não há câmeras. E, mesmo se trancada, verifique, ao menos duas vezes se está mesmo. Não podemos correr o risco."
Bufei, frustrada. Essa era apenas uma, das várias normas de segurança e privacidade que nos davam, para seguirmos a risca. E, bom, eu estaria mentindo se dissese que elas funcionavam cem por cento.
Corremos risco o tempo todo: ao estarmos em um mesmo local; ao sermos flagrados no mesmo restaurante; ao sermos pegos voltando para o mesmo condomínio. Quem garantiria que ali, estaríamos seguros?
Ninguém, nunca, garantiria isso.
Senti meu peito se apertar. Eu o amava a ponto de aceitar toda essa maluquice de ficar longe dele por dias, e, mesmo quando estivesse por perto, não poder tocá-lo.
Mas, me trancar em um apartamento, vinte e quatro horas por dia, era demais pra mim.
Eu o amava sim, muito aliás. Digo tranquilamente que o amo da forma como nunca amei nenhum ser vivo, na vida. Mas, abrir mão da minha liberdade por isso? Era algo que me fazia repensar muito sobre o nosso relacionamento.
Eu até cogitava acabar tudo. Terminaria com Jeon Jungkook.
E, como se lesse meus pensamentos, ao se virar, ele me olha.
De longe pude ver o cansaço cobrindo todo o seu corpo. Meu coração capotou. Isso seria mesmo justo com ele?
_ Besta, é a sua liberdade. Homem nenhum deve tirar isso de você. _
Não, óbvio que não. Mas isso seria difícil dizer em voz alta, olhando nos olhos dele. Ainda mais agora, quando ele me manda um, dos seus mais lindos sorrisos, antes de ir até a mesa de jantar.
Um sorriso exausto, mas que fazia meu coraçãozinho se derreter.
Suspirei boba, que merda ele estava fazendo comigo?
Até duas horas atrás, eu fui dormir com o pensamento de colocar um ponto final nisso. Seria ele ou a minha liberdade. Eu deveria escolher, e conversar com ele sobre. Iríamos resolver isso, com base no que fosse melhor pra mim, pelo menos dessa vez.
Agora, porém, ao vê-lo pessoalmente, a única vontade que eu tinha era de pular em seu pescoço, fazê-lo relaxar e sussurrar que tudo ficaria bem.
Ele era tão precioso, e frágil, pra suportar tudo isso.
Ele deixou a mochila em cima da mesa, e pendurou a bolsa no guarda-casacos que havia perto da porta. Se abaixou, visivelmente cansado, e desamarrou as botinhas que usava. Se ergueu, com uma careta de dor, e tirou as botinhas com os próprios pés, as empurrando até a parede.
Ele me olhou de novo, e eu sustentei seu olhar. Um sorriso tímido tomou seus lábios rosados, e, por Deus, eu poderia jurar agora mesmo que jamais o trocaria por nada.
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house of cards
Fanfictionhouse of cards fala de um relacionamento fragilizado desabando. [ não completo e não revisado ]