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𝑲 𝒊 𝒎   𝑴 𝒊 𝒏 𝒋 𝒊





Assim que percebi estar mais do que atrasada para a primeira aula, apressei os passos até a faculdade, tive o azar de encontrar uma das minhas tias pela rua enquanto caminhava e a mulher não me deixou ir até que terminasse tudo o que tinha para falar, e eram muitos os seus assuntos. Perdi o ônibus e não trouxe dinheiro comigo para pegar um táxi, por isso, eu corria sem parar pelas ruas, mesmo que meus pulmões estivessem implorando para que eu parasse.

Na metade do caminho, senti uma gotícula de água cair na minha cabeça, olhei para cima rapidamente e percebi que estava começando a chuviscar, logo, dando início a uma chuva intensa, dificultando mais ainda minha ida. Coloquei a mochila que estava em minhas costas na cabeça, mas não adiantou de nada, porque continuei sentindo a água penetrar por todo o meu corpo. Não podia parar e esperar que passa-se, afinal, a primeira aula era sempre a mais importante e eu precisava de todo o conteúdo para me sair bem nas provas.

Estou estudando em uma das Universidades mais aclamadas do país, nela, somente entram pessoas muito inteligentes ou muito ricas e eu tive o privilégio de ganhar uma bolsa por causa do meu cérebro, com certeza não sou nenhum pouco endinheirada.

Assim que avistei o lugar, um sorriso de vitória apareceu em meu rosto, corri mais depressa ainda e parei me abrigado lá dentro. Coloquei as mãos nos joelhos, tentando recuperar o fôlego, sem me importar com os olhares de julgo das pessoas, nenhuma delas pagavam minhas contas e mantinham minha bolsa de estudos intactas. Era assim que eu tinha que pensar, era difícil ter o título de “a garota esquisita de óculos”, admito que não sou a mais vaidosa de todas, deixo muitas vezes minha aparência de lado e não ligo para o que vestir ou como vou estar.

Uma coisa me importava: conseguir me formar e trabalhar naquilo que gosto – que está relacionado exatamente a cuidar de vidas. Estou cursando medicina e pretendo me tornar uma ótima médica futuramente. Quando cheguei na minha sala, a professora que estava explicando algo pelos slides, parou de falar na mesma hora e todos os alunos me olharam, me encarando mais do que o desejado.

Ouvi murmúrios do tipo “O que houve com ela”? e alguns mais pesados como “É tão pobre que precisa tomar banho na chuva”, porém, somente encontrei um assento e me sentei. O problema de conseguir algo com seu esforço nesse lugar, era que ninguém valorizava seu trabalho, estão tão acostumados com o dinheiro dado pelos pais que não entendem isso.

— Por que está toda molhada, Minji? — perguntou Alexia, me fazendo olhá-la.

Minha única amiga, desde quando começamos a estudar aqui, há quase dois anos, não nos desgrudamos mais. Alexia era a única garota que não tinha preconceitos sobre mim, por ser mais pobre do que os outros ou “estranha”, é uma garota linda, com descendência francesa, mas a mesma quis continuar na Coréia, ainda que sua família toda estivesse na França.

— Não consegui pegar o ônibus a tempo... — respondo baixinho, para que somente ela ouvisse, enquanto não tirava os olhos da professora.

— Você tem que se trocar, vai pegar um resfriado assim. — ela também respondeu no mesmo tom — Eu vou te emprestar algumas roupas que eu trouxe, não pode ficar desse jeito!

Lancei um sorriso para ela, agradecendo aos céus por ter alguém tão boa para mim desse jeito. Voltei minha atenção para a mulher que falava sem descanso sobre a anatomia do corpo humano, mesmo que aquele assunto fosse muito abordado, eu gostava de ouvi-lo todas as vezes, achava interessante tudo o que se relacionava sobre.

Parlay | WonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora