Perdido

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NOTAS DA AUTORA:

Oi clã.
Muito obrigada por todos os votos e comentários, vocês são incríveis. ❤️

Eu não creio em deuses, em destino, em que algo está exclusivamente predestinado a alguém

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Eu não creio em deuses, em destino, em que algo está exclusivamente predestinado a alguém. Não, para mim, nada estava fadado a existência de uma pessoa. Talvez eu fosse um simples cético, um lobo sem fé ou um pessimista. Entretanto, eu, estranhamente, acreditava que determinados momentos, pequenos ou grandes, aleatórios e imprevistos, mudavam o curso da nossa existência para sempre. O momento em que conheci Min Yoongi fora um destes para mim.

Recordo-me bem de encarar aquele campo de batalha em que me encontrava, e em frente a minha tenda particular, ver os soldados zanzarem de um lado para o outro sobre o lamaçal, ouvir suas vozes graves unindo-se ao som dos cavalos sendo selados, espadas sendo polidas e comandantes militares gritando ordens escrupulosas. Banhando toda aquela algazarra, havia um pôr do sol com tons que transcorriam do dourado ao laranja.

Um soldado em particular chamou minha atenção, o homem em questão estava recluso, escondido sob a sombra do salgueiro-branco a margem do rio de águas escuras. O soldado parecia jovem demais para estar ali, como descobri algum depois após, aquele rapaz havia acabado de completar dezenove anos, ele trajava somente a parte de baixo da armadura, deixando o peito pálido, cheio de músculos magros e cicatrizes vermelhas, exposto ao tempo úmido. Aquele soldado, que estava a atirar adagas contra um alvo de palha totalmente distraído, era o único que parecia não estar importando-se que dali algumas horas todos nós estaríamos enfrentando um exército inimigo.

— Ei, soldado. — chamei-lhe quando estava próximo o bastante para que me ouvisse sem eu precisar gritar. — Deveria estar preparando-se para batalha, e não brincando com adagas. — aconselhei, imagino que eu estava agindo como um bom líder. Um bom príncipe.

O soldado mirou uma adaga de prata no alvo. Atirou-a e acertou o círculo vermelho em cheio.

— E você não deveria estar se metendo nos atos da existência alheia, filhote insolente. — Proferiu enquanto andava até a árvore onde o alvo estava pregado, retirando de lá a pequena arma, após voltou com passos rápidos ao lugar onde estava anteriormente. — E não sou um soldado, sou um cavalheiro. Há uma singela diferença. — resmungou, genuinamente, ácido.

— Eu tenho o dever de zelar pela vida de cada um dos meus súditos, cavalheiro. — rosnei por trás dos dentes. De repentino furioso. O único a ser insolente ali era ele. Eu estava tentando demonstrar minha preocupação.

— Sobre a minha vida sinta-se livre dessa obrigação, filhote. — O cavaleiro respirou fundo, soltando todo o ar presente em seus pulmões através dos lábios. — E possivelmente morreremos esta noite mesmo. — proclamou, por trás do oxigênio exalado com força.

— Está com medo? — indaguei, incrédulo em estar diante a tamanha prova de covardia.

— É claro que eu estou com medo, somente um idiota não estaria. Enfrentaremos a morte hoje. Eu não sou um desses hipócritas que lhe bajulam. Eu não glorifico nada disto aqui, pois não há nada de glorioso na guerra. — O cavalheiro sustentou o olhar contra o meu pela primeira vez, desferiu suas próximas palavras lentamente e com calma, porém, o impacto delas sobre mim não foram menores por isto: — Se não morrermos, então mataremos, não há uma grande diferença entre ambas as coisas, no final carregaremos o peso da morte de qualquer forma. Como isso não séria assustador? — a indagação bateu dentro de mim como vinho no fundo de um cálice.

O último ômega (Kth+Jjk)Onde histórias criam vida. Descubra agora