Quando o adeus vêm

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Nota: Isso é sobre a dor da separação, não vai ser algo bonito, vai ser sofrido e talvez você não goste do final, mas queria deixar essa oneshot algo bem verdadeiro como um término é.

As imagens usadas não me pertencem, apenas a capa inicial, a capa e não as imagens. Créditos aos autores.

É uma oneshot, então só tem um capítulo.

Baseado na música Don't Speak do No Doubt.

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Sentado na cama, com as mãos sobre sua cabeça, as lágrimas escorrendo como uma chuva torrencial de inverno. Aku se encontrada em uma escuridão interior que machucava cada vez que tentava olhar para o outro.

Dazai estava no canto da parede, de braços cruzados, por fora parecia não esboçar nenhuma reação, não ter sobrado sentimentos naquele momento. Mas por dentro ele sofria por estar fazendo a pessoa que já foi a mais importante de sua vida sofrer também.

Akutagawa se perguntava porque?

Porque tudo acabou? Em que parte do caminho ele errou?
Foi um mal namorado? Foi agressivo demais? Brigava demais? Pedia demais?

Não, a culpa não era dele, ele se doou o máximo possível. Fez o impossível para dar certo, ele se diminuiu para crescer aos olhos do outro.
Muitos diriam que aquilo não era amor, ele sabia que era.
Quem ama se doa, quem ama tenta fazer dar certo.
Ele tentou, e não se arrependeu disso, mas apenas de não ter dito mais vezes o que sentia.

Dazai não sabia porque tinha mudado, Akutagawa era o sol que iluminou sua vida por tantos anos, mas acabou, o sentimento se foi e ele não aguentava mais se ver preso a aquele moreno carente que merecia alguém melhor que ele, alguém que retribuisse seu esforço da mesma forma.
Dazai só não sabia o quanto iria machucar o mais jovem.

A conversa foi pouca. As palavras ainda estavam na mente de Akutagawa.

"Está claro que você se doa mais do que eu"

"Eu não desejo mais isso, quero parar por aqui"

O olhar do moreno encontrou o chão, mil perguntas começaram a surgir em sua mente, mas ele não as fez, tudo que conseguiu responder foi "tudo bem". Não, não era aquilo que ele desejava dizer, não naquele momento, não estava tudo bem, por isso mesmo Dazai foi até ele e lhe deu um último abraço.
Aquele abraço doeu tanto que o moreno caiu em lágrimas mais uma vez, não seria a última, mas foi a mais dolorosa, dizer adeus ao amor ainda sentindo.

"Ainda podemos ser amigos" disse o castanho. Akutagawa concordou, ele ainda precisava da companhia do castanho, ainda precisava daquela amizade.

Agora estavam abraçados naquele quarto de paredes brancas, que representavam tanto o vazio que estava dentro de cada um.
Dazai se afastou e disse "se cuida, a gente se vê", virou as costas fingindo não estar abalado e saiu pela porta, fechando atrás de si.

Akutagawa apenas o esperou cruzar a rua olhando pela janela do quarto e correu até sua cama se jogando, ele bateu várias vezes nela como se quisesse descontar algo, depois puxou os próprios cabelos e por fim adormeceu chorando.

Eles ainda se veriam, mas daquele dia para adiante não teria mais lugar para o "eu te amo", "amor, me abraça?" quando Akutagawa se sentisse cansado de tudo e só esperasse o carinho do outro, "amor, me perdoa?" ou "me deixa concertar" quando Dazai cometesse um novo erro.
Agora era cada um para um lado, mesmo ainda se vendo, se falando, eles eram individuais e não apenas um.

O tempo que passava parecia piorar tudo.
Akutagawa não superou, ele chorava todas as noites em seu quarto escuro, sei peito dóia e as fronhas de seu travesseiro estavam sempre molhadas.
O pensamento gritando em sua cabeça "Dazai-san me deixou".

Os dias eram agoniantes, por mais perto que estivessem ainda estavam longe.

Cada dia era uma nova derrota, Ryunosuke não tinha amigos que se importassem com ele, estava sempre sozinho e tinha um ombro no qual se apoiar.
Um dia ele desistiu de tentar, se tornou vazio para os outros e vazio para si mesmo. Mas não era culpa dele, se não se amava? Ele não amava era não ter com quem contar, não admitia, mas precisava. Ele não amava era a sensação de estar sozinho enquanto a sua volta todos tinham um ao outro.
Se ele não estava feliz como antes ao lado de quem amava não era culpa dele. Não foi ele quem deixou.
Mesmo assim era ele quem sofria mais, ele quem chora e que não tinha mais ninguém.

Como se supera o abandono? Com amigos verdadeiros? E quando não os tem?
Com amor próprio? Como se amar se todos se afastam de você como se você tivesse uma doença contagiosa?
Com ter esperança? De onde vem quando não se tem mais nada? Quando você se sente vazio sem mais vontade de lutar?

Essas palavras ficariam marcadas na mente daquele jovem homem solitário, chamado Akutagawa.

Quando o adeus vêmOnde histórias criam vida. Descubra agora