Capítulo um: Dianna Payne

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Abro os olhos lentamente e respiro fundo,rolo na cama e desligo o despertador que até aquele momento gritava como o meu irmão durante os jogos dos Fire Eagles*
Levanto e rezo como todos os dias, um hábito que adquiri ao longo dos anos,meu pai sempre me levou a igreja com ele,fazendo questão de incluir-me em todas as atividades da igreja:
Coral,onde eu canto com um grupo de 10 pessoas.Ensino do evangelho para criancinhas todos os sábados.Leitura da bíblia durante o culto e ajuda à moradores de rua três vezes na semana; Nós levamos sopa,água e uma manta.Era uma rotina cansativa mas eu não me importava,ajudar o próximo me faz sentir de alguma maneira mais próxima de Deus. E essa não era a parte penosa e desagradável de ser filha do pastor Robert.
Olhando-me no espelho do banheiro percebo as olheiras escuras abaixo dos meus olhos cor de citrino* mas ja não me incomodava tanto.Dianna já tinha os cabelos na cintura, de um preto tão escuro e sem cor.
No corredor da minha casa eu me deparo com o mesmo de todo dia.O silêncio. Meu pai provavelmente já havia ido a igreja,minha mãe não acordaria tão cedo e quando o fizesse a ressaca não a abonaria até por mais uns goles de vinho na boca. O Adam não dormiu em casa...
"Que novidade não?".

Na cozinha pego um pote e preparo o meu tão refinado café da manhã: Cereais Froot loops,enquanto comia olhava o relógio da cozinha,apenas esperando que o horário tivesse um pouco de calma e não passasse tão depressa. Às 5:30 e subi para pegar minha mochila e ir para a tão popular Southern Christian School* mais conhecida como SCS
É a escola onde eu estudo desde do ano passado,é uma escola famosa por ser cristã e ter um dos melhores ensinos do país, e por ser nem um pouco liberal promete fazer com que os alunos tenham respeito e consideração ao próximo,bem não parece estar dando muito certo.

Na minha caminhada diária tento sempre observar tudo ao meu redor:os sons dos pássaros,os carros nas ruas,o balançar das folhas nas árvores e claro o sino da igreja,indicando que já são 6:00. E que preciso ser rápida se quero chegar na escola mais cedo para fazer o que tanto gosto,antes de mais um dia de tortura com física,matemática e os alunos super "educados" da SCS.Cheguei a escola às 6:15,o estacionamento ainda estava vazio e silencioso apenas tinha um carro do Sr.Darvin o diretor da escola.
Passo pela entrada de trás e vou até o sala no final do corredor 3,a placa indica "sala de música" entro e deixo a mochila no canto da sala. Ando até onde está a case que tanto me é familiar e pego meu grande istrumento que toco desde dos meus 6 anos. E me liberto,porque é exatamente isso que o violoncelo é para mim,um pequeno mais considerável pedaço de liberdade,quando estou abraçada ao violoncelo,deslizando dedos e o arco pelas cordas sinto como se pudesse realmente fazer tudo o que desejo e sonho,como se meu pai não fosse o homem que é, e sim o que finje ser para todos,como se minha mãe não tivesse entregue todas as fixas e desistido de lutar,e como se meu irmão não estivesse distante e totalmente diferente do garotinho que a chamava de Dinna. Enquanto estava ao lado de seu violoncelo tudo estava bem, diria que a um passo do céu.
Escutou o sino da escola ao deslizar os dedos pela última nota.
Guardei tudo em seu lugar,peguei minha mochila e fechei a porta,fui em direção ao corredor que agora sim pareceia a sua escola:cheia e barulhenta. Eu observa os grupos a cada passo,parece que esse ano nada mudou.A esquerda no final do corredor, perto da saída está os Nerds.Ao lado contrário estava as meninas dos pompons e suas fiéis seguidoras.No bebedouro estavam os garotos do time,estiquei o pescoço e puder observar meu irmão rir de algo com os outro.Nossos olhares se encontram rapidamente,ele foi o primeiro a desvia-lo.
Segui para meu armário para pegar o material de história -pelo menos eu amo historia-
No final dos dois primeiros tempos,fui ao refeitório para pegar algo para comer e ir a sala de música,no refeitório estava tudo como sempre os grupos bem divididos,as conversas,risadas...
Quando olhei para mesa do time, encontrei meu irmão com a língua na boca da Lisa Loree,algo que me revoltou e não consegui me segurar,quando percebi já estava tocando no ombro dele:

-Adam! Preciso conversar com você.
Ele olhou-me e por um momento vi a tristeza naquele olhar,a tristeza que estava acostumada a ver em meus próprios olhos.
-Oi Dianna,eu estou um pouco. ocupado agora.Ele olhou Lisa,e deu uma piscadela. O que me fez questionar quem merda era esse cara,e o que fizeram com meu irmão.
-É urgente.Ele olhou para baixo e voltou a olhar para mim.Então concordou com a cabeça.
-Ok então. Ele olhou para Lisa. -Já volto gata,não saia daí.Ela assentiu rapidamente e sorriu,depois lançou um olhar de puro desprezo para mim. Seguimos em silêncio para o campo,tinha algumas pessoas por lá,então quando chegamos em uma área afastada,nós paramos.Nos olhamos e eu tomei a iniciativa.
-O que está acontecendo Adam?
-Eu que te pergunto,você me interrompeu de algo sério,para apenas olhar para minha cara e perguntar "o que está acontecendo Adam".Por um momento fiquei surpresa com a arrogância mas a surpresa foi substituída por raiva.
-Eu te chamei aqui por quê na escola é o único momento que te vejo nos últimos meses,por quê que preciso saber por onde anda,por quê preciso da sua ajuda para aguentar a barra em casa! Preciso do irmão que você sempre foi pra mim.
-Eu não posso te ajudar Dianna!Pelo menos não ainda... Eu estou no time agora,vou me dedicar e treinar até conseguir uma bolsa esportiva.Então vamos sair de casa e nunca mais vamos precisar ter contato com ele,mas por enquanto preciso que aguente mais um pouco.
-Se tudo fosse tão fácil assim...
Não temos dinheiro nem para um twist*
-Eu já estou cuidando disso também! É o que ando fazendo todas as noites.Por um instante não acreditei! Então era isso que ele estava fazendo? Fiquei tão feliz que sorri.
-Está falando sério? Vc está trabalhando?
-Sim Dianna...
Ainda sorrindo,respirei fundo e tive o vislumbre de um futuro melhor para nós dois.
-Só mais um tempo Dianna e tudo dará certo.Acredita em mim ?
Como não poderia acreditar na pessoa que sempre esteve ao meu lado,na verdade a única pessoa que tenho.Asentindo eu respondi:

-Claro.

Era fim de tarde e estava na hora de ir pra casa,eu estava seguindo a onda de adolescentes para os portões da grande SCS

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Era fim de tarde e estava na hora de ir pra casa,eu estava seguindo a onda de adolescentes para os portões da grande SCS.

Quando cheguei do lado de fora dos portões,percebi que apesar do calor que fizera mais cedo,uma fina garoa estava se intensificando,droga! Não tinha nem um guarda chuvas na mochila.Procurei meu irmão com o olhar mas não o encontrei,decidi andar o mais rápido possível,afinal não sou feita de açúcar.
Quando virei a primeira esquina da escola,escutei uma voz grita

-Dianna,Dianna!

Olhei para rua e escutei o um carro buzinar.Era um carro nunca havia visto na vida mas que meu irmão estava no banco de carona.-Deus ouviu as minhas preces-O carro parou ao meu lado.
-Entra aí,o Mille vai levar a gente
Entrei sem nem ao menos olhar para o tal Mille,fiquei observando a chuva e rezando para que o Sr.Robert demore a chegar hj.Escutava ao fundo uma conversa sobre o quanto seria horrível se chovesse no próximo jogo,quando alguém riu.Era uma risada melodiosa e gostosa pareceia ser de uma criança de tão inocente.Não consegui resistir e olhei para o dono de tão agradável som.

Olhei para o retrovisor e lá estava ele o sorriso mais encantador que já vi! E quando olhos cor de folhas verdes secas no outono, me fitaram,eu soube.Eu soube naquele momento que verde se tornaria minha cor favorita.

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