Voltava para casa do trabalho. Nada muito lucrativo. Trabalhar era a única coisa honesta que podia fazer da minha vida quando meus pais e meus irmãos são totalmente desocupados e vivem a minha custa. Por que não morar sozinha? Por que sustentá-los? Não sei, mais os amos muito para deixar a própria sorte e sei que não conseguiriam.
Meu pai era dono de uma grande empresa ha 16 anos atrás que faliu e minha mãe uma compradora que considera lindo apenas quando passa dos 5mil reais, de resto, lixo.
Não sei ao certo quando foi, era muito pequena e como caçula não sabia de nada. Três irmãos mais velhos e o que fazem? Nada! Nenhum deles ajuda em casa.
Além de tudo isso, tenho que aguentar as reclamações da dona Rosemary, para ser mais chique, apenas Mary.
Aprendi desde criança a controlar meus gastos, não somos totalmente pobres pois o meu pai ainda tem o dinheiro que desviou da própria Empresa que nos ajudam bastante mais claro, quem toma conta sou eu, se não adeus estabilidade e olá roupas de grifes da Mary e visitas à restaurantes mais caros da cidade.
Eu nunca entendi direito por que meu pai roubou da própria empresa e ele nunca diz o porquê, ele tinha tudo que queria, e agora por querer de mais não temos nem a metade do que tínhamos. Não que nós seja pobre de morar embaixo da ponte, longe disso. Mais nossos caprichos hoje nem sempre podemos comprar.
Minha família está longe de ser perfeita e tenho consciência disso.
Chego em casa e vejo toda bagunça de um dia que minha mãe fez questão de deixar para mim, já que não pode estragar suas unhas. A louça acumulada faz o estresse que tanto meus anjinhos me ajudaram a dissipar da minha mente voltar com força total. No sofá blusas dos meninos e na mezinha de centro esmaltes e mais esmaltes de cores vermelhas. Sem contar que chegar em casa em plena 6:50 da tarde, cansada e ainda ter que varrer, passar pano, tirar pó, fazer a janta e organizar toda essa bagunça. Ninguém merece.
Deixo a sacola com os pães em cima da mesa. Logos os meninos vão se sentando e servindo enquanto eu lavo a imensa louça.
- Alê, pega a manteiga para mim, minha flor? - diz o Marcos, ele é meu irmão mais velho e também, o mais folgado.
- você tem mãos para que? Pega você estou ocupada não vê?
- Poxa Alê, não precisa ser assim com ele, mais poderia pegar o leite?
- levantem essas bundas dai e peguem vocês!
- Que isso garota, olha lá como você fala com seus irmãos, cadê o respeito que e dei? - diz minha mãe entrando na cozinha com as roupas mais chique do armário que tem. - agora pegue a manteiga e o leite logo, estou com fome.
Contra gosto, pego o leite e a manteiga e coloco sobre a mesa e volto a meus afazeres.
Depois de todos já comeram arrumo a mesa e vejo se sobrou algum pão. Nenhum.
Infelizmente meus dias são assim. Todos eles, sem exceção.
Depois do banho me sento no sofá da sala que a pouco arrumei e relaxo.
Meu pai esta sentado ao meu lado vendo o noticiário com a carranca de sempre. As vezes me pergunto quando ele irá colocar um sorriso no rosto que eu nunca vi.
Suspiro, cansada. Acho que meus dias nunca foram tão exaustivos.
Estou cochilando no sofá quando ouço o grito estridente.
-ALEXAAAAAA - Tão estridente que meus ouvidos doem.
- SENHORA? - Grito em resposta.
Minha mãe aparece na sala com bobes nos cabelos.
- Que senhora o que, menina? - ele passa as mãos colocando os bobes ‘invisíveis’ no lugar - você ainda não arrumou meu quarto, eu tenho um sono de beleza para fazer, não sou você que não tem o que fazer! - disse sentando em outro sofá.
Serio isso? De verdade? Bufo em resposta, meu corpo pede sossego e contra minha vontade o obrigo a ir ao quarto arrumar.
Ela reclama por falar que quando tinha 21 anos já era casada com meu pai - mesmo que seja m casamento forjado - e eu nunca sai com ninguém, não é. Por falta de candidato, mas eu realmente não quero nada agora.
Preciso procurar um emprego e logo. Por mais que eu adore trabalhar de ADI na creche municipal Dona Vera no bairro próximo, eu não posso levar essa carreira para sempre.
Amanha irei aproveitar que é sábado e irei fazer meu Currículo. Preciso trabalhar nem que seja e uma loja de shopping, se é para aumentar a renda de casa.
Deito na capa e apago literalmente, sem direito a sonhos.
7h30m # Despertador # Bip –Bip – Bip – Bip
Levanto e caminho ainda sonolenta para um rápido banho gelado. Preciso acordar o tempo não espera os preguiçosos.
A mão em contato com a água fria me acorda de imediato e os pelos se arrepiam instantaneamente.
Não sou fã de água gelada e o banho me apressa para meus afazeres.
Coloco um shorts e uma regata azul, e vou em direção a cozinha.
Café pronto. Mesa posta. Desjejum feito.
Ando em direção ao quarto dos meninos, eles tem notebook e poderei fazer um novo currículo.
Todos ainda dormen e assim tenho um tempo só para mim.
Meu pai acorda, liga a televisão.
Minha mãe acorda e vai para o salão como todo sábado.
10h00m
10h30m
11h00m
Levanto para fazer o almoço.
Com o currículo já pronto, aproveitei para ver lugares em que precisavam e com os cursinhos que fiz quando mais nova vem a calhar. Uma microempresa vai ser minha salvação mesmo que isso signifique ficar longe das minhas crianças, eu ainda preciso fazer minha faculdade de administração, não posso viver com os cursinhos.
12h00m
12h30m
Os meninos ainda não acordaram, meu pai esta na mesa e minha mãe ainda não voltou.
Vou até o quarto deles e bato na porta - nenhuma resposta.
Entro e abro as cortinas fazendo com que luz entre no quarto.
- A comida esta na mesa. - aviso e saio do quarto assim que eles acordam.
Tomara que consiga esse emprego.