O cósmo Bakairi, é feito de um conjunto de céus, todos eles orquestrados desde as priscas eras pelo Deus Kuwamoty, o Soberano Ancião e por seus netos-deuses Xixi e Nanâ .
Este céu maior foi concebido e edificado na memória ancestral, com suas várias camadas, que se encontram na linha do horizonte, por isso há atração natural pelo zênite, no amanhecer e no entardecer.
Já no plano material intermediário existem duas terras ou dimensões possíveis, uma côncova e outra convexa, sendo uma o molde negativo da outra, cada qual com seus rios e águas subterrâneas.
Na abóbada de cima existe uma redoma, um imenso guarda-chuva, cujas bordas são mantidas presas às extremidades desta terra por imensos sapos míticos.
Entre essa redoma e esta terra fica o ar necessário à vida. O sol e a lua, onde foram residir Xixi e Nunâ, respectivamente, movimentando-se de tal forma que, quando nesta terra é dia, na outra é noite, e vice-versa...
Essas camadas são interligadas por caminhos invisíveis que somente os xamãs podem ver e percorrer.
Xamãs Bakairis nasceriam apenas por graça e honra de Kuwamoty, Xixi e Nanã.
Mas, ao que parece, tirando o aspecto visível/ invisível de Zumpt Tuff, sua ligação com a descrita cosmologia dos Bakairis está restrita à existência das duas terras ou dimensões da existência.
Suas aparições desafiam o imaginário popular nos altos daquelas elevações.
A centenária visão dos Bakairis, antigos guardiões do Alto Xingu, acolhe com grandeza a figura de um ser imune à ação desastrosa do homem e de suas máquinas de rasgar a abóbada côncava, nunca atingindo, sem preço mortal, as águas subterrâneas desta mãe de vários mundos interconectados.
O preço das escavações além da crosta tem sido cruel ao clima e à saúde das pessoas.
O desmonte dos mundos visíveis tem nos mundos invisíveis uma ação igual no aspecto da vibração, provocando desequilíbrio e anomalias psíquicas de desmonte da ordem pretendida na sociedade humana.
A nação Bakairi habita duas Terras Indígenas: uma denominada Terra Indígena Bakairi,
localizada nas margens do rio Paranatinga, onde vivem
por volta de 700 indígenas distribuídos em sete aldeias, e mais adiante, a Oeste, Terra Indígena Santana, localizada na cabeceira do rio Arinos no
município de Nobres, sendo esta a outra área de ocupação do povo que se auto demomina Kura-Bakairi.
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ZUMPT TUFF, ENTRE O CÉU E DUAS TERRAS
Short StoryHomem erectus encontrado fora de caverna no Mato Grosso, Brasil, não parece ter cérebro racional, alternando entre plenamente visível e apenas algo tangível. A figura toda coberta de espécie de pelo grisalho, cima opaco, quando visível, já deu choqu...