O filho do rei.

Your royal highness

Sua Alteza Real. 

Esse era o tratamento correto que Felix recebia de praticamente todos, por ser o herdeiro ao trono, e o filho de um grande rei, William, ele estava mais do que acostumado a ser chamado assim. Poucas eram as pessoas que o chamava pelo seu nome, e mesmo assim, por vezes, ele ainda se sentia desconfortável com esse tratamento, era como se apenas essa frase já o separasse das pessoas, o colocasse nesse universo paralelo, que, em sua grande parte, era extremamente solitário. 

Sua primeira turnê tinha sido decidida, agora que ele já tinha alcançado seus 21 anos, seu pai, Rei William II, decidiu o mandar para a Austrália, para aprender, e também representar a coroa. Era um fato que Felix gostava do calor de lá, e das praias privadas que sua família tinha acesso, mas ele nunca tinha ido sozinho para lugar algum, quanto mais para representar a coroa. o secretário privado do jovem príncipe estava aguardando do lado de fora do seu quarto, o mordomo da casa sempre acordava o garoto às 7:30. 

—Senhor, está na hora de acordar. —O mordomo avisou, ao abrir as cortinas, e colocar na poltrona ao lado da cama do príncipe a roupa que ele deveria usar naquele dia.

—Bom dia, Boo. —O menino respondeu, ainda sonolento. Boo era o apelido carinhoso que tinha dado ao mordomo, que francamente, o criou sozinho. O Rei e a Rainha ficavam no palácio, e Felix, ao completar 10 anos pediu para ser mandado para outro lugar, um mais privado, onde os fotógrafos não o incomodassem a cada momento do seu dia. Sua mãe foi contra, mas acabou cedendo no final das contas, mesmo quando eles moravam todos juntos, mal se viam, então de maneira crua, realmente não fez diferença alguma.

Felix levantou ainda sonolento, caminhou até seu banheiro e tomou uma ducha rápida, apenas para tirar o suor do corpo. Escovou seus dentes, e vestiu a roupa que lhe foi separada. Ao menos quando ficavam dentro da mansão que lhe foi dada de presente, ele podia se vestir como quisesse, mas, quando tinha que sair, era obrigado a usar roupas sem graça, e das quais, de outra forma, ele nunca vestiria. 

—Senhor, bom dia. —Seu secretário pessoal falou, ao entrar no seu dormitório e o rapaz já estar arrumado. —Temos um dia cheio hoje, mas antes de mais nada, seu pai, Rei William II pediu para irmos ao palácio, ele quer conversar com o senhor. —Felix odiava o palácio, mas ao menos a comida era boa.

Chegaram no palácio pouco antes do meio dia, sendo que o almoço era sempre servido 12:30 em ponto. Enquanto caminhavam na direção da sala privada do soberano Felix se perguntava porque tudo aquilo. Hoje em dia existiam celulares, seu pai podia apenas ligar para ele, mas ele era tão formal, tão rígido, que ele não facilitava nada para ninguém. Seu secretário pessoal ficou parado na porta e meramente lhe reverenciou com um acenar de cabeça, e o príncipe adentrou a sala de jantar particular do soberano, que um dia seria sua. O local era adornado do mais fino papel de parede, talheres, até mesmo móveis, tudo era impecavelmente imaculado. Felix se aproximou de seu pai, parado em pé ao lado de sua cadeira, vagamente sorrindo. Lhe beijou a bochecha e então abaixou a cabeça, reverenciando ao seu soberano.

—Mandou me chamar, pai? —Falou, e seu pai sorriu, Felix era extremamente educado e seguia todos os protocolos exatamente como deveria.

—Sim, filho, vamos conversar enquanto comemos. —Sentou-se, e depois que o rei estava sentado, o príncipe enfim podia fazer o mesmo. 

Como se fosse uma deixa, a porta foi aberta e uma empregada começou a servi-los. Salmão. Felix sorriu levemente, sabia que seria servido salmão, era o favorito de seu pai. Começaram a comer, e o silêncio estava deixando Felix curioso.

—É uma notícia ruim? —Perguntou, simplista. Seu pai riu levemente, limpou o rosto com o guardanapo de seda que tinha o brasão da família bordado a mão.