Capítulo 3

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Li mais um pouco e assisti a meu precioso vídeo, adormeci no sofá e só acordei de manhã com o barulho dos carros que iniciavam o dia. Olhei para a tv que ficara ligada a noite toda e a desliguei. Olhei o relógio, 7 da manhã, ainda tinha tempo de me arrumar e tomar café da manhã, minha refeição favorita do dia. Arrumei minha mesinha com a minha xícara favorita, peguei o pão que eu fiz no dia anterior e o peito de peru e queijo. Fiz um chá inglês que amava e me deliciei com aquela simples refeição. Tomei um banho rápido e fui tentar domar meus cachos, olhei para minha roupas desanimadas, não haviam muitas, e nem muito sofisticadas, então resolvi colocar minha calça jeans nova e uma camisa social azul escura que se ajustava perfeitamente ao meu corpo. Coloquei um colar e pérolas de água salgada que ganhei no meu aniversário de 15 anos dos meus pais. Coloquei meu único sapato de grife e sai para pegar minha moto, porém, o capacete desmancharia meu cabelo e a mochila poderia amassar a roupa. Olhei para o relógio em meu pulso, 8h30, não daria tempo de pegar um ônibus até lá, teria que pegar um taxi, mas era longe e seria muito caro. Decidiu ir de moto mesmo, fiz um coque baixo e prendi com um grampo que sempre carregava na bolsa e então segui meu caminho.

Cheguei depois de meia hora ao teatro onde os testes aconteceriam e toda aquela ansiedade que consegui bloquear durante toda a manhã me invadiu de uma só vez. Entrei lentamente olhando todos os rostos ao redor, que não se importaram com a minha humilde presença, pois estavam concentrados em suas anotações, estudando cada fala.

Fui até uma mesa, onde uma mulher mais velha anotava os nomes dos participantes do teste.

- Bom dia, eu disse educada. Ela nem me olhou e simplesmente disse:

- Nome.

Nossa, pensei, o dia nem ao menos começou.

- Alice Mazzo, respondi ainda tentando ser educada.

- Veio para o teste do papel principal?

Fiquei confusa, não sabia que deveria escolher.

- Não sabia que deveria escolher, disse dando voz ao meu pensamento, na verdade soube ontem sobre...

- Olha querida, ela disse me olhando pela primeira vez e tirando seus óculos e colocando sobre a mesa, todos vieram aqui para fazer o teste da protagonista, todas vieram preparadas. Se você acha que não conseguira, faça o teste para um papel menor, ou nem tente, sabe, para não passar vergonha.

A olhei furiosa, como ela ousava falar uma coisa desses sem nem ao menos me conhecer.

- Não, eu disse, farei da protagonista. Ela colocou os óculos novamente e escreveu meu nome em uma lista que tinham mais uns 10 na minha frente. Entregou-me um papel com o número 11 e chamou o próximo.

Encostei-me a um canto e fechei os olhos repassando as falas. Não sabia qual cena seria, me esqueci de perguntar para a mulher sem educação e nem morta voltaria lá. Meus devaneios foram interrompidos pela voz de duas mulheres que conversavam ao meu lado. Abri os olhos para observar melhor, as duas eram loiras, altas e magras, magras demais, nada parecidas com a personagem da peça.

- Você viu quem será Daniel na Peça? Disse a primeira.

- Eu vi, quase morri quando soube. Ele é maravilhoso, gostoso demais.

Não sabia que o papel do personagem principal já havia sido escolhido, bom isso ela gostaria de ver, mas sabia que nunca, nenhum chegaria aos pés de Patrick.

Elas pareceram notar minha presença e me olharam dos pés a cabeça. Tentei sorrir mas elas me ignoraram e começaram a ensaiar. Fechei os olhos novamente para me concentrar e decidi ignorar tudo também. Percebi que os nomes começaram a ser chamados e que algumas meninas saiam chorando da sala de teste. Ainda faltavam 5 para me chamar então decidi ir lá pra fora tomar um ar e tentar me acalmar.

A mercê do destino - DEGUSTAÇÃO 'DISPONÍVEL NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora