Renegades

Running wild and running free;

Já havia passado das onze da noite — na concepção de Prompto era madrugada — a temperatura agora fresca, após um dos dias mais quentes de toda a sua vida, sendo perfeita para uma ótima hora de sono em sua cama. Infelizmente, impedido graças as mais de quatro horas de estudo que o loiro havia dedicado para as provas finais. Ele nunca, jamais, imaginaria que a expectativa de se formar viria com o dobro e inúmeras responsabilidades acadêmicas.

Uma batida frenética o despertou. Sonolento e desnorteado, Prompto se levantou de sua cama, fazendo uma careta para o barulho incessante vindo da porta da frente.

— Já... – Se interrompeu para bocejar. — Vai. – Coçando os olhos, ele se lembrou de que era sexta para sábado. Mas não tinha planos para o fim de semana, ainda mais nesse horário. Ele destrancou a porta e a puxou com certa dificuldade; a visão embaçada e, com muito esforço de sua parte, fora aos poucos tomando forma, se deparando com Noctis, ofegante e quase saltitante, bem diante de si.

Prompto recuou alguns passos, assustado com a visita repentina, e apontou discretamente para o moreno, com um semblante confuso e dorminhoco.

— Desculpe. – Começou o príncipe, fazendo o loiro pender a cabeça para o lado. — Eu não queria aparecer tão tarde, eu te acordei, não é? Eu preciso da sua ajuda.

— Minha ajuda? – Foi a única pergunta que conseguiu proferir com o raciocínio nublado pelo sono. O loiro piscou algumas vezes, o cérebro começando a despertar. Noctis balança a cabeça e, dando de ombros, Prompto da espaço para ele entrar. Mais um bocejo. Antes de fechar a porta, contudo, o fotógrafo colocou a cabeça para fora e olhou para os lados. — Cadê o Ignis? — Ele murmurou, mas Noctis já parecia ocupado, e não havia escutado — Alguma coisa aconteceu? Você veio sozinho? – Questionou após a porta bater atrás de si, enquanto também se sentava ao lado do visitante no sofá.

Noctis umedece os lábios com a ponta da língua, não estava tão sonolento quanto Prompto, mas ainda assim precisou de mais tempo para formular uma resposta. De repente, o príncipe começava a pensar o quão incoveniente estava sendo, mesmo tendo ciência do quão próximo era do rapaz.

— O que acha de fugir essa madrugada? — Disse de uma vez, com as palmas juntas logo abaixo do nariz. Ele encarava Prompto, que, a princípio, não reagiu a pergunta. Teria sido cômico em algum outro momento.

— Desculpe? – Noctis repetiu a pergunta, e o loiro arregalou os olhos. — Fugir!? Agora!? Para onde!? Comigo!? O que por-

— Eu juro — Começou o moreno, se levantando. — Que te conto tudo se você trocar de roupa e entrar no carro. — Houve um breve silêncio.

— Fugir para onde? – Repetiu Prompto.

— Não sei. – Silêncio.

— Me dê cinco minutos.

~ • ~

O loiro apoiou os punhos no conversível e se sentou no banco num pulo. Espreguiçou os braços e esticou a coluna; Noctis, sem demora alguma, deu partida no carro e saiu em disparada pela estrada. Talvez fosse o tranco repentino ou a velocidade alta atingida em muito pouco tempo, o impedindo de fechar as pálpebras.

Ele esguelhou o olhar para o moreno por cima dos ombros algumas vezes durante esse meio tempo. Ele parecia mais tenso que o normal, os ombros e a boca estavam retraídos, seus pés e mãos bastante inquietos.

— E então? – Começou ele, tentando acabar com o silêncio no carro. — Vai me dizer o porquê disso?

— Não sei por onde começar. – Disse Noctis prontamente. Em seguida, ele gesticulou sem fundamentos, recomeçando — Eu senti que precisava escapar, só por essa noite. Mas não queria sozinho. Você foi a primeira pessoa que me veio na cabeça. – Proferiu sem rodeios, fazendo com que Prompto recusasse e esticasse as mãos.