I. novembro - thanksgiving

502 42 6
                                    

I

novembro – thanksgiving

Voltar para casa depois de dois meses fora era uma sensação estranha. Dois meses, em essência, não era muito tempo – mas, simultaneamente, parecia uma vida desde que ela havia estado pela última vez em seu quarto. E depois da presença constante, mas terrivelmente silenciosa, de Lauren, sua colega de quarto na NYU, ser a única convivência que tinha ao voltar para casa – ou, melhor dizendo, para seu dormitório – estar em um lugar com tanta gente era reconfortante. E estranho.

Estar com Alexa de novo, por outro lado, foi tudo, menos estranho. E ela agradecia por isso, mais do que conseguia expressar. Tinha feito novas amizades na universidade, claro, mas nada se comparava ao laço que elas duas compartilhavam, e Katie vinha se preocupando que a distância mudaria a dinâmica delas. Que, agora, seriam daqueles tipos de amigos que só tinham assunto quando conversando virtualmente. Que, quando se encontrassem de novo, ficariam sem saber o que falar, ou sem saber como se comportar. Mas nada havia mudado: Alexa ainda era Alexa, e ela ainda era ela mesma.

Jack estava enorme – havia crescido alguns centímetros, no mínimo, nos dois meses que ela esteve fora. Ela se ressentia um pouco de estar perdendo seu crescimento, mas também entendia que era necessário – e talvez estivesse um pouco mais tranquila que não precisaria conviver com suas crises adolescentes todos os dias, talvez isso fosse um ponto positivo para preservar a relação entre eles.

Sua mãe também estava feliz, com o trabalho e com Joe. Lori e Dave estavam bem, Lucas estava bem. Todos estavam bem. Ela tinha de passar na Wired para cumprimentar Barry, esperava que ele estivesse passando bem desde que havia ido embora, e...

Aiden. Ela queria saber como ele estava, queria ter certeza que estava indo bem como novo gerente assistente do Wired – é claro que ele estava, se gabando com seus desenhos incríveis nas espumas do café, ela tinha certeza. Havia cogitado ligar para ele tantas vezes desde que havia chegado em Nova York, pensado em mandar mensagens outras um milhão de vezes, e isso não era nem um pleonasmo.

Mas o que ela diria? O que ela realmente tinha para dizer? Tinham deixado tudo em bons termos, claro, e ainda eram amigos. Contudo, eram amigos que se mandavam mensagens sem motivos específicos? Essa era a sua grande dúvida. E, na dúvida – ou na insegurança –, ela preferia tomar a decisão mais sábia, acertada, estável.

Quem sabe ela talvez pudesse realmente ir ao Wired amanhã. Não tinha nada de planejado e seria uma visita com mais de um propósito só para o caso de... Só para o caso de Aiden não querer vê-la. O que estava tranquilo, para ela, eles não tinham nada, e ele não devia nada a ela.

Respirou fundo e alisou o vestido que usava para o jantar de Ação de Graças. Era só se lembrar de continuar respirando fundo que tudo daria certo – era o que repetia a si mesma a cada minuto em Nova York, era o que iria repetir a si mesma sempre. Acabou de calçar as sapatilhas e desceu as escadas, onde na sala já esperavam por ela sua mãe, Joe e Jack.

— Pronta? – Jennifer perguntou a ela quando a viu descendo as escadas – Joe, não esquece de pegar o vinho, por favor.

Ela se dirigiu para uma grande travessa que estava apoiada no balcão da cozinha, pegando-a nos braços.

— Jack! – ela gritou para a escada – Sua irmã já desceu, vamos logo.

— O que a gente vai levar? – Katie perguntou, chegando perto da mãe e levantando o pano que cobria o prato.

SublimeOnde histórias criam vida. Descubra agora