14 de junho de 2017. Puta que pariu.
— Parabéns pra você, nesta data querida... — Abri um olho disfarçadamente, vendo minha mãe, meu pai e meus irmãos sorrindo assustadoramente em volta da cama. Puxei o cobertor para cobrir meu rosto e fingi choro.
— Se ela não quer, eu quero. — Falou o pequeno Beomgyu de seis anos, descabelado e atentado. Pude ouvir um tapa depois dessa fala.
— Só depois do parabéns. — Disse Soobin, de onze anos. Não estava vendo ele, mas tinha certeza que usava suas pantufas de coelho, igual todos os dias.
— O primeiro pedaço é meu! — A pequena Yuna gritou com sua voz extremamente fina. Enquanto minha mãe puxava o cobertor, os outros começavam uma discussão sem fim.
— Feliz aniversário, meu amo... — Não deixaram ela terminar a fala, pois Soobin deixou o bolo cair no meu colo. Abri a boca assustada, levantando os braços e respirando o fundo. Na minha frente, ele levou as mãos até a boca.
— Desculpa, desculpa... — Puxou o bolo para cima, revelando o chantilly com a minha foto, agora toda distorcida. Se eu fosse na cozinha de noite, e encontrasse esse bolo, eu nunca mais iria voltar lá.
Beomgyu ria da situação, enquanto Lia parecia estar mais triste pelo bolo que seria claramente jogado fora, do que o aniversário da irmã já estar sendo horrível desde manhã.
Parei na frente do espelho, olhando meu reflexo e o do aparelho horrível que parecia um capacete. Odiava aquilo, odiava ter que usar aquilo.
Na hora da foto dei um sorriso amarelo, agora com o óculos redondo e preto sobre o nariz. Com um pão recheado de amendoim no lugar do bolo. Todos sentaram no sofá, comendo pão com amendoim.
— Eu odeio vocês. — Falei de boca cheia.
— Eu sei. — Meu pai concordou, dando outra mordida no pão.
Peguei meu celular e fui até o banheiro, escovei os dentes enquanto rolava o feed das redes sociais. Voltei o aparelho no rosto, prendendo a fita atrás da cabeça. Na parede, o aviso que minha mãe sempre deixou "coloque papel no vaso sanitário"
Sério? Só eu uso essa privada, o que aconteceria? Iria para Nárnia?
Abaixei a calça do pijama e sentei, ainda mexendo no celular. Dei descarga e lavei as mãos, coloquei ele no bolso e abri a porta.
— Porra. — Pisquei os olhos duas vezes. Vendo um chalé de madeira, o piso era quente e o cheiro encantador.
Olhei para trás, e vi que a porta branca do meu banheiro, agora era de madeira. Abri a mesma e dei de cara com uma despensa de comidas.
— Não, não, não... — Esfreguei os olhos rapidamente, mas a despensa continuou ali.
— Bolo? — Uma menina apareceu atrás de mim, segurando um bolo quente com luvas de natal. Corri os olhos por ela, que manteve o sorriso no rosto. Um cabelo curto e franja, olhos bem esbugalhados.
— Quem é você? E onde eu estou? — Perguntei passando reto, a janela no canto mostrava uma noite de neve. Neve? Aqui não neva. Ou melhor, aonde eu moro não. Enfeites de natal para todos os lados, e agora essa mulher com um bolo me seguindo.
— Como assim Nahire? Você está bem? — Ela deixou o bolo na mesinha, dando outro sorriso assustador, mas fofo.
— Eu não te conheço, e não sei... — Apertei os olhos, andando na direção de um mural de fotos. No meio, a mesma garota, outras sete, e eu! — Quem é essa?
— Essa é você, e de onde você arranjou esse negócio ridículo? — Ela puxou meu aparelho e meu óculos, jogando no chão e pisando com força. Arregalei os olhos e segui ela, indo até o lixo para jogar os dois.
— Olha, eu não te conheço, e meu nome não é Nahire. Essa garota da foto é estranhamente parecida comigo, e você acabou de quebrar meu aparelho e meu óculos. — Juntei os indicadores com os dedões, demonstrando minha indignação. — Espera aí, por que não está tudo embaçado como se eu estivesse tendo um derrame?
[...]
— Claro que ela é a Nahire. — Disse a baixinha, duas horas depois, estávamos sentadas nos sofás da sala. Discutindo sobre eu ser essa garota ou não, o que é um absurdo, já que não sou ela.
— É idêntica. — A pequena do lado puxou uma foto, colocando a garota parecida comigo ao meu lado e tirando várias vezes. Elas usavam roupas de duendes, como as mulheres que ficam com o Papai Noel.
— Estou falando que não é ela, a Nahire é mais legal que essa aí. — Aquela da cozinha gritou, alta de cabelos azuis curtos. Enquanto batia mais bolo.
— Cala a boca, essa é a Nahire, sim! — Nayeon, a única que eu sabia o nome, após sua entrada extravagante, deu a opinião. Colocando um prato de cupcakes natalinos na mesa.
Peguei apenas um, correndo os olhos por cada uma que falava. E o gosto era estranhamente bom, podia sentir as frutas explodirem, literalmente dentro da minha boca. Como confetes de festa, que fizeram meus olhos revirarem.
Até uma música no ritmo natalino começar a tocar, distante, cada vez mais perto. Todas olharam para a porta, com seus vestidos vermelhos de duendes. Então a mesma caiu no chão, revelando um anão segurando um rádio enorme, e duas garotas sorridentes de saias minúsculas.
— Surpresa! — A loira e a de franja gritaram, passando os braços por cima do ombro da outra e sorrindo com empolgação. Levantei as sombrancelhas com desprezo e suspirei.
Em comemoração aos 10K em Fetish in Chou. Continuo?
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𝖭𝗂𝗇𝖾𝗍𝗂𝖾𝗌 𝖺𝗇𝖽 𝖴𝗌 | 𝖲𝖺𝖳𝗓𝗎.
Humor[Anos Noventa e Nós] Tzuyu, uma adolescente normal - pelo menos até completar dezoito anos -, descobre um universo paralelo, onde sua versão mais velha troca de realidade com ela. Agora presa em uma terra de magia, em época de Natal, ela terá que ap...