A noite estava linda, fresca e era basicamente o melhor clima romântico que qualquer pessoa poderia pedir. A taça de vinho estava ficando vazia e eu queria muito que essa fosse minha maior preocupação.
Tudo parecia perfeito e realmente seria, se não fosse a folha em branco a minha frente. O visor do computador insistia em apagar pela falta de atividade, o que só me frustrava e piorava minha deplorável situação. Minhas costas dóiam, pelo tempo que estava sentada em frente ao aparelho, essa ferramenta que já foi meu grande amor, mas não me causa nada além de ódio, ou seja, minha situação estava bem longe da perfeição. Já havia tentado de tudo. Aquela era minha terceira taça de vinho, já tinha andado por todo meu apartamento duas vezes e até minha música preferida tinha se tornado um estorvo para o fio de criatividade que existia em meu ser.Achava que o melhor a se fazer era desistir, pelo menos naquele dia. Então, tudo que eu fui capaz de fazer foi desligar meu precioso computador e beber o vinho que restava na taça. Se a Ha Na que escrevia inúmeras histórias para a internet e sonhava em chegar onde cheguei me visse, ela com certeza iria me estapear. Já tive bloqueios antes, dos grandes inclusive, mas nenhum foi tão severo quanto aquele, nenhum me tirou o sono ou me impediu de seguir minha vida daquele jeito. O desejo de falar com alguém me consumia, mas quem atenderia? "Desculpe te ligar as duas da manhã, mas é que estou a horas andando de um lado para o outro com ideias borbulhando na minha cabeça e não consigo colocar nada no papel".
Era isso que eu falaria? Me chamariam de louca. Mais do que me chamavam normalmente, sem dúvidas. Há alguns meses eu estava no tédio e resolvi escrever um conto, apenas para ver como seria minha escrita fora dos universos fantásticos que criei, na época foi divertido fazer algo real voltado ao romance policial. Só não imaginei que as pessoas iriam gostar e pedir um livro completo. Claro que a editora não deixou passar essa oportunidade e depois de uma pequena reunião decidiram que iriam publicar mais um livro meu, um livro que eu mal comecei a escrever. Com um suspiro eu me levanto seguindo para o aparelho de som e o desligando, música sempre me foi um conforto, no entanto nem ela estava ao meu lado hoje.
O silêncio me pareceu pior que o barulho harmônico e o lugar à meia luz se tornou melancólico. Não pude fazer nada além de andar em volta da minha sala, encarando cada pedaço do meu apartamento amplo e bem arejado, as grandes janelas tampadas pelas cortinas de cores claras e o sofá confortável ao qual eu não dou atenção a muito tempo, reforçam esse triste sentimento, esse vazio. Vazio, essa é exatamente a palavra que eu procuro para me descrever. Eu sabia exatamente como construir essa estória, está tudo na minha cabeça, ou em algum lugar dela pelo menos. Mas, apesar disso, toda vez que eu tento colocar em palavras e organizar a linha de raciocínio eu me enrolo e desisto. Como acabará de acontecer. O máximo que eu escrevi foram umas cinco páginas de um primeiro capítulo tosco, que foi apagado logo depois. Realmente estava muito ruim. Minha noite que deveria ser acompanhada de palavras, foi substituída pela companhia da louça suja que se acumularam na pia depois do jantar e eu tentei me concentrar apenas nisso. E em algum momento enquanto eu estava com as mãos lotadas de espuma terminando de retirar a gordura da panela, o silêncio se tornou tão incômodo que eu tive que parar o que estava fazendo para procurar uma música decente. Por algum motivo decidi deixar o meu radinho de lado -ouvi aquele velho CD umas três vezes seguidas, preferi ligar o computador e procurar alguma coisa. Percebi que já havia passado das 3 horas da manhã então apenas me apressei em clicar no primeiro site com alguns instrumentais feitos por anônimos. Adorava ouvir aquelas composições e imaginar quem as criou, o motivo que leva cada produtor a fazer melodias e mixtapes tão belas. Isso me ajuda a criar personagens quando a inspiração faz falta em momentos sombrios como esse, mas hoje só procuro uma boa música de fundo para terminar de lavar a louça e expulsar esse silêncio mórbido. O piano soa melódico aos meus ouvidos e a batida que o acompanha afasta um pouco a melancolia que invadia meu pequeno lar. Volto a lavar minha louça, dessa vez me deixando levar pela combinação de instrumentos, que parecia se encaixar em cada detalhe e me distrair de toda preocupação. Me trouxe um pouquinho de paz Termino a louça a tempo de acompanhar o fim daquele arranjo e me permitir prestar atenção a seus detalhes estéticos. Foi publicado vinte minutos atrás por alguém que se auto-intitula como Min_Genius, é um nome de usuário não muito modesto na minha opinião, no entanto chama atenção. Em seu nome se encontra apenas um único apelido Suga, e a faixa que acabei de escutar se chama "3 in the morning" Se coincidências existem eu não quero discordar. "está sem sono? o sentimento de vazio te consome? então junte-se a mim nessa madrugada e apenas se permita esquecer seus problemas..."A descrição que ele deu ficou martelando em minha cabeça. Pois é Suga, seja quem você for, salvou um pequeno pedaço da minha noite. Fiz o que ele disse e me deitei ouvindo aquele doce piano novamente. Apenas esqueci as minhas preocupações e me permiti dormir.
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Fic feita pela minha amg, espero que gostem!!!
Esperem para mais capítulos!!!
bjs!!!
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VOID
FanfictionEla é apenas uma escritora com crise de criatividade, e eu sou apenas um cara que é apaixonado por música... Ele é um cara que vive com a música e eu uma escritora que não sabe viver sem um bom vinho tinto.