Por Acaso

CAPÍTULO 3

Enfim acabou. Depois de uma operação que havia durado 6horas, Xiao Zhan estava exausto, mas o lado bom é que a cirurgia havia sido um sucesso e o paciente estava fora de risco.

Após deixar a sala de cirurgia Xiao podia enfim ir para casa. Foi até a sala de descanso trocando seu jaleco por uma calça jeans e um sobretudo preto, voltando até sua sala logo depois. Indo até sua mesa e pegando seu celular para ver o horário, percebeu que já eram quase 22h da noite e foi quando lembrou que estava sem carona já que seu carro estava na oficina e estaria pronto apenas na segunda, e Ziyi tinha saído mais cedo por conta de um mal-estar.

Tudo bem, iria andando já que sua casa não era tão distante assim de onde trabalhava.

Pegou sua mochila organizando suas coisas dentro, alguns livros para estudo um pouco pesados e logo apagou as luzes, deixando a sala.

Como já era de se esperar, por conta do horário, as ruas estavam desertas com apenas algumas pessoas passando. Ao passar por uma esquina Xiao teve a sensação de estar sendo seguido, e discretamente virou a cabeça para olhar para trás e teve a confirmação. Andou um pouco mais rápido e como esperava a pessoa atrás de si também andou mais rápido, permanecendo de cabeça baixa.

Xiao resmungou para si mesmo.
— Fala sério...

Não demorou muito para Xiao senti alguém puxar seu braço com força o virando para trás, e com uma faca na mão a pessoa o disse: — Passa tudo, passa tudo!

O que Xiao fez a seguir não foi o recomendado a fazer em uma situação assim. E levaria uma bronca se sua irmã soubesse disso. Não se deve reagir a um assalto. Mas por conta do calor do momento e de perceber que o ladrão não estava portando arma de fogo, Xiao fez o que fez.

Olhando para o ladrão, Xiao o disse:

— Não.

O ladrão claramente não estava para brincadeiras e tentou o atacar com a faca que segurava, porém Xiao já estava esperando por isso e reagiu antes. Sem falar que sempre teve contato com facas por conta de um amor por armas brancas desde que era jovem, por isso aprendeu as manuseá-las desde que tinha 15 anos. Além disso era faixa preta em caratê.

Então quando a pessoa a sua frente veio com uma faca em uma mão para lhe atacar, Xiao usou o braço direito pra desviar do golpe enquanto usou um dos joelhos para acertar a barriga do outro, fazendo-o ficar momentaneamente sem fôlego e com essa distração Xiao derrubou a faca que o outro usava, assim desarmando-o. O ladrão vendo que estava em desvantagem, tentou alcançar a faca caída no chão mas Xiao notou o movimento e antes que o ladrão conseguisse pegá-la, Xiao apenas a chutou para longe e com a mão direita tirou do bolso da calça com um giro uma Karambit, ficando em posição de ataque.

Por conta de muitas vezes voltar tarde para casa, Xiao sempre andava com essa Karambit consigo. Era sua fiel escudeira, sem falar que sempre teve um fraco por armas brancas, como foi citado, tendo em casa diversas delas guardadas em uma caixa no guarda roupa. E não que usasse elas regularmente para machucar pessoas, afinal era médico, seu dever era ajudar pessoas. Mas sim as usava apenas em necessidades.

O ladrão vendo que essa pessoa a sua frente não era alguém fácil de lidar parecia querer fugir, dando as costas a Xiao Zhan e correndo adiante, mas antes que pudesse ir longe o bastante Xiao usou a mochila que tinha deixado no chão e a lançou na direção que o outro foi, acertando em cheio a cabeça alheia e fazendo o ladrão cair inconsciente no chão.

Nesse momento, porém dentro de um carro do outro lado da rua estava um policial, tendo acabado de ver pela janela de seu carro uma pessoa lançar algo em outra e essa cair desmaiada no chão. Achando essa cena estranha ele saiu do carro e atravessou a rua até parar em frente a pessoa que havia jogado algo e estava em pé logo ao lado do corpo estirado no chão.

— O que tá acontecendo aqui?

Vendo que alguém tinha se aproximado, Xiao desviou o olhar daquele corpo no chão para responder a pergunta.

— Um quase assalto.

— Quase?

— É. Mas eu revidei e ele quis fugir então joguei minha mochila e ele caiu.

Xiao explicou o que tinha acontecido o mais breve possível, fazendo aquela pessoa parada ao seu lado ficar chocada por um momento até que ele deixou um leve riso escapar.

— Entendi. Eu sou policial, vou chamar uma viatura.

— Você é policial?

— Sou.

Aquela pessoa pareceu ficar um pouco chocada mas nada disse.

Após chamar a viatura, aquele policial ainda parecia um pouco curioso sobre aquela pessoa lançadora de mochilas.

— Estava voltando para casa quando foi atacado?

Xiao Zhan estava recolhendo sua mochila do chão e verificando se seus livros não haviam sido danificados, e quando viu que não, a pendurou novamente em seu ombro enquanto também guardava sua Karambit de volta no bolso, e foi só após isso que o respondeu. — Exato.

Aquela pessoa não parecia muito querer conversar e vendo que ele estava se afastando alguns passos parecendo ir embora o policial o chamou atenção novamente. — Onde você tá indo?

Achando a pergunta estranha, Xiao o indagou como se fosse óbvio. — Para casa?

— A viatura de polícia não chegou ainda.

— Sei disso. Mas você é policial também certo? Você não pode entregá-lo?

— Poder eu posso, mas você é a testemunha. Precisa ir.

— Também sei disso. Mas estou cansado e tudo que eu quero é minha cama no momento, não pode ser amanhã?

Aquela pessoa claramente não estava querendo papo então tudo o que restou para o policial foi concordar. — Tudo bem, mas você tem que ir amanhã prestar depoimento.

— Ok...

Após isso foi ouvido o barulho de sirenes de um carro policial até que o mesmo estacionou logo ao lado, descendo do carro dois oficiais.

— Major!

Os dois oficiais saudaram. Após isso não demoraram mais em recolher aquele corpo desmaiado do chão, colocarem as algemas, e assim pondo a pessoa no camburão, que já estava resmungando atordoado pelo desmaio repentino.

Foi só após a viatura partir que o policial parado na calçada olhou ao redor e se deu conta que a pessoa que estava ali antes, já não estava mais.

— Ele realmente foi embora.

Foi o que constatou e não resistiu em soltar uma risada baixa.

Aquela pessoa era...intrigante.

Após suspirar ele não demorou mais e logo voltou a adentrar seu carro do outro lado da rua e assim voltar para casa.

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