uma lembrança de outono

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Olá, pessoas!! Bem, o mês sangcheng começou e aqui estou eu para trazer mimos para nossa comunidade~

Boa leitura!!

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O verão chegava ao seu fim. Uma brisa fria passeava por aquele parquinho velho e Jiang Cheng adorava aquele lugar. Sentado em um dos bancos, ele divagava sobre as diversas memórias que construiu, rindo pela nostalgia e o sentimento quente que se esfregava em seu peito. Tantas coisas haviam acontecido, momentos bons e ruins, mas o que ele nunca esqueceria era a primeira vez que foi ali. O dia em que conheceu e se apaixonou perdidamente por Nie Huaisang.

Recordava fielmente desse dia, tinha acabado de fazer oito anos. Era outono, as folhas já estavam revestindo todo chão e o vento começava a ficar gélido. Cheng e seus irmãos estava todos "empacotados" de casacos, sua mãe era uma mulher sistemática com doenças, talvez por ser pediatra e viver lidando com crianças doentes, então não queria que seus filhos fossem essas crianças.

Enquanto Yanli permaneceu ao lado dos pais, Wuxian decidiu se aventurar na gangorra com um garoto de expressão mais dura que pedra e Cheng foi até o balanço que ficava de frente para uma árvore enorme que possuía folhas meio amareladas e no "pé" da mesma havia um tapete de folhas marrons no qual um garoto gorducho estava sentado, o menino abraçava as pernas e escondia o rosto entre os joelhos, seus ombros tremiam levemente como se estivesse chorando ou talvez estivesse com frio já que estava com uma blusa de manga curta.

A princípio Cheng iria ignorar isso e começar a balançar, sempre foi reservado só se soltando perto dos irmãos, porém quando conseguiu ver o rostinho choroso do outro menino seu coração se encheu de um sentimento estranho, o qual anos depois notou ser tristeza. Com passos tímidos ele ficou de frente ao garotinho.

- Qual o seu nome?

O menino olhou para cima e secou as lágrimas.

- H-huaisang. E o seu?

- Cheng.... Você tá perdido?

- Não.

O pequeno Huaisang realmente não estava perdido, próximo do parquinho havia uma rua cheia de casas e uma delas era a sua, sendo que da janela sua mãe poderia ver o filho tranquilamente, sem contar que era um local calmo e alguns vizinhos passeavam com seus filhos, os próprios Jiang eram uns desse vizinhos (mas eles haviam se mudado recentemente). Os mais próximos da família Nie sabiam o motivo do choro da criança, mas preferiam não interferir. A morte sempre era algo difícil de se lidar em qualquer período da vida, ainda mais em tão pouca idade.

- Por que você tá chorando?

A voz de Huaisang ficou ainda mais melancólica.

- O meu papai virou estrelinha.

Assim que Cheng assimilou as palavras se encontrou um tanto desesperado no que fazer, mesmo que seu rosto não tenha esboçado muito. Então como forma de confortar seu novo amiguinho ele tirou um dos casacos que usava e colocou nos ombros do outro.

As bochechas de ambos ruborizaram.

- Sinto muito pelo seu papai. - disse sabendo que era o educado a se falar.

Os olhinhos dourados de Huaisang brilharam e ele se levantou para dar um abraço apertado em Cheng.

- Você é muito gentil, Chenchen!

O abraçando de volta o garoto mais alto riu da doçura daquele gesto.

- Você é muito fofo, Sang.

Eles passaram o resto do tempo sentados ali, conversando sobre desenhos, brincando e rindo juntos. Cheng percebeu que se sentia contente com o sorriso de Huaisang.

Quando a hora de ir chegou ambos ficaram um tanto cabisbaixos, afinal, poderiam se ver de novo? E para surpresa de ambos descobriram que moravam pertinho e isso foi o suficiente para o garotinho dos olhos dourados ficar saltitante tirando outro risinho de Cheng.

Foi quando singelo sentimento nasceu.

Agora, depois de anos traçando aquele mesmo caminho entre os brinquedos Cheng achava graça. Ele e Huaisang começaram a conviver com frequência, não só por irem ao parque, mas por estarem no mesmo colégio e série, foi inevitável uma amizade surgir. E estranhamente Jiang não era bom em amizades, mas com Nie as coisas foram diferentes, eles simplesmente funcionavam juntos.

Funcionavam tanto ao ponto de uma paixão roubar facilmente o local que era ocupado pela amizade.

A ponto de Jiang Cheng perceber no auge de seus dezessete anos que ele queria ficar com Nie Huaisang para o resto de sua vida.

Nesse momento, ele já não era mais um adolescente complicado, e sim, um homem de vinte seis anos caminhando para dar um grande passo na própria vida e na de seu namorado.

Como naquele dia, Huaisang estava sentado aos pés da árvore, mas quando viu o Cheng se levantou e ajeitou o vestido florido que usava, seus ombros completamente a mostra pela falta de mangas e a pele levemente arrepiada pelo vento que passava.

Ele tinha essa mania de mesmo em estações frias usar roupas de pouco pano, pois possuía alguém sempre disposto a cobri-lo.

- Você demorou, pensei que me deixaria aqui congelando.- disse enchendo o rosto do outro de beijos.

A reclamação na verdade era um charme que Cheng conhecia muito bem, automaticamente ele retirou seu casaco para o deixar nos ombros de Sang.

- Dá próxima vez traga um casaco. - a fala tinha um tom de falso de repreensão.

- Prefiro usar os seus, mas então, faz tempo que não passamos por aqui desde que nos mudamos. Sentiu vontade de matar a saudade?

Huaisang tinha aquela voz melodiosa que fazia qualquer se apaixonar, Cheng era a prova viva disso.

- Também, mas não só isso.

Acariciando a bochecha do pequeno com o polegar depositou um beijinho nos lábios carnudos. Após isso se sentou com as costas voltadas para árvore e seu ato foi repetido pelo namorado. Respirando fundo buscando a gota de coragem que faltava ele tirou uma pequena caixa do bolso lateral da calça e depositou no colo alheio.

- O que isso?

A pergunta foi seguida de um riso, Huaisang estava se fazendo de sonso. Coisa que ele era muito bom aliás.

- Você sabe o que é.

- E você não vai pedir corretamente, Chenchen?

O apelido, a forma que ele falava fazia o coração de Cheng disparar.

Jiang Cheng estava acabado.

Rindo nervoso ele encarou Sang que estava com a caixa aberta nas mãos, lágrimas de felicidade escorrendo pelo rosto redondo.

- Nie Huaisang, você aceita viver o resto da vida ao lado de um cara levemente surtado, mas que te ama muito?

- Sim! Claro que sim!

Enquanto eles colocavam as alianças, Huaisang dizia diversos "sim", a animação fervendo em seu corpo ao ponto de se jogar em cima do amado, obrigando os dois a deitaram na grama.

E assim ficaram aos beijos e sorrisos. Tão imersos em seu próprio mundo que nem perceberam quando a primeira folha de outono caiu.




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A primeira folha de outono (Sangcheng)Onde histórias criam vida. Descubra agora