Capítulo 1 - O Início.

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Era um dia mais que lindo. O sol brilhava levemente, o céu estava limpo de nuvens e a brisa estava fresca, as folhas alaranjadas que caíam das árvores voavam pelos ares como uma dança graciosa, e a música de fundo era feita por pequenos passarinhos. Eu sempre amei isso, o outono... Desde que me conheço por gente, é a minha estação favorita. Mas... Desde aquele dia, na noite de 20 de março, essa época virou a que mais odeio no mundo inteiro.

- Ei, Nana, você não vai acordar nunca?

Abri meus olhos lentamente, eles estavam ardendo e ainda pesados, minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento.

- Hm...? O que foi? Aconteceu algo? - Perguntei.

Me sentei em minha cama, sentindo o calor leve do sol batendo em meu braço, seus raios passavam pela janela logo ao lado, que se encontrava com as suas cortinas amarradas nas pontas com dois laços vermelhos. Olhei para a garota logo em frente, passando um batom de tom avermelhado em seus lábios.

- Você sabe que está atrasada, né? Eu concordei em ir contigo para a escola, mas não quero chegar tarde e ganhar bronca do professor.

- Ah... Já vou, já vou.

Tentei me levantar, mas minha cabeça doía tanto, e meu estômago parecia estar virado do avesso.

- Você está bem? Céus, você bebeu muito ontem.

- Oh, é mesmo... Então é por isso que pareço estar morrendo.

- Foi uma loucura. Já pensou se algum professor nos visse bebendo lá? Dá arrepios só de imaginar. - A garota ao fechar seu batom e colocá-lo sobre a penteadeira, fingiu estremecer, soltando uma risada baixa e logo se levantando. - Vamos, a gente compra algum remédio para ressaca depois, precisamos nos apressar.

A garota então, se aproximou de mim e pegou meus dois antebraços, me puxando me levantar da cama. Não demorei muito, sabia que estava atrasada, então fui diretamente para o banheiro para assim tomar um banho rápido, escovar meus dentes e fazer minhas necessidades matinais.
Com quase tudo pronto, eu já havia trocado minhas vestes pelo uniforme da nova escola, cujo eu havia comprado semana passada, no mesmo dia que finalizei minha matrícula; lembro-me que fiquei tão feliz, mas agora... Ah, que preguiça.

- Ei, Emilly, tem algum colega de classe antigo lá?

Emilly então, ao ouvir o que eu disse, se virou enquanto colocava sua mochila nas costas e pegava a minha que estava ao lado da penteadeira.

- Hm... Sim, tem alguns, mas não na nossa sala. Só se algum se transferiu depois das férias de inverno. - Emilly rapidamente, jogou minha mochila para mim, tive que agir rápido para não deixá-la cair no chão. - Mas não se preocupe se tiver, eles nem devem mais se lembrar daquilo. - Ela esboçou um sorriso, tentando me reconfortar, não pude de deixar de sorrir também.

Nós saímos do nosso quarto, andandando pelos corredores do edifício, com o objetivo de sair dali e correr para pegar o ônibus que nos levaria para a escola.
Eu e Emilly alugamos um quarto em um dormitório mês passado, quando voltei para a cidade. É bem simples, tem apenas um cômodo maior que usamos para deixar nossas camas e outros móveis, um banheiro e uma pequena lavanderia, mas é muito aconchegante morar ali.
Quando conseguimos entrar no ônibus, passamos nossos cartões e fomos nos sentar em um dos últimos bancos. Começamos a conversar sobre como são os professores, o que poderíamos comprar na cantina para comer no intervalo e até mesmo sobre os garotos. Aparentemente, há apenas um professor que ninguém gosta, pois é muito "Frio" e grosseiro. Há muitas comidas para se comprar, mas também tem o buffet gratuito. E sobre os garotos... Bom, eu não estava muito interessada, mas parecia que esse era o assunto favorito de Emilly, visto que ela falava de tais tão animadamente. Eu nunca me apaixonei de fato, então eu sentia um pouco de inveja dela... É tão divertido assim? Esse sentimento... Chamado de amor.
Descemos na parada perto da escola, e logo seguimos em diante; ainda havia muitos alunos chegando e no pátio, mesmo que daqui alguns minutos o sinal tocaria. Também havia um homem ao lado do portão, ele vestia um moletom verde e uma calça jeans, era bem alto e tinha cabelos castanho claro. Um professor, talvez... Mas ele não parecia nada feliz em estar ali enquanto checava os alunos que entravam.
Nossos olhares se trocaram, e só então eu percebi que o encarava e que Emilly já estava bem em frente, me chamando. Me apressei para ir até ela, e assim entramos o prédio do colégio.
O sinal tocou, não deu tempo para fazermos muitas coisas além de guardarmos algumas coisas em nossos armários e pegarmos os livros para a primeira aula. Felizmente eu estava na mesma sala que Emilly e nossos armários não eram tão distantes. Parece que o universo estava no meu lado!
Ah... Por que fui falar isso? Logo após nós duas entrarmos na sala, Emilly se sentou no lugar dela, e então eu percebi que só havia uma carteira na última fileira. Entristecida, me sentei lá, esperando o professor ou professora entrar na sala.

- Olá! Você é nova, certo? Prazer em conhecê-la!

Se você soubesse a verdade... O que diria?Onde histórias criam vida. Descubra agora