"Vai se fuder" provavelmente as três palavras que eu escuto no meu dia a dia. Tanto dos meus pais, como de alguns garotos da escola.
Acho que tudo começou quando eu nasci. Sim, quase certeza que fui um erro pra esse mundo.
Eu não tinha amigos, não tinha pais que me amavam, não era bom aluno, eu... eu não tinha ninguém.
Eu tenho 16 anos e há quatro anos atrás eu me assumi gay para os meus pais.
Eu já estava acostumado a meu pai me bater, mas dessa vez, dessa vez ele me espancou.
"EU NÃO VOU ACEITAR VIADO DEBAIXO DO MEU TETO!" ele falou isso entre um soco e outro. Eu nunca tinha sofrido tanto em toda minha vida.
E na escola vocês devem estar se perguntando. "Será que ninguém percebeu que Richard Tozier estava completamente machucado?" a resposta da sua pergunta é não, ninguém reparou. Quer dizer, Henry Bowers reparou, além de reparar fez questão de deixar meu olho mais roxo ainda.
Eu estava exausto.
Mas isso já faz 4 anos, as coisas em casa já podem ter melhorado, certo? Não. Com certeza não. Estava a mesma merda, a mesma coisa.
Nada, nada que eu fazia era suficiente para os meus pais. Eu era um pedaço de merda e como tal, eu era tratado como um pedaço de merda.
Ah claro, eu fazia uma coisa a respeito, eu me cortava. Nos pulsos, na barriga e nas pernas. Fazia isso desde o ano passado.
Não tinha mais aquele estilo praiano, usando chinelos, blusa florida e uma bermuda jeans. Não. Agora eu usava moletons, calças (seja jeans, de moletom ou qualquer uma) e tênis. Eu tinha vergonha do meu corpo, eu tinha vergonha de mim.
Até que teve um dia que a diretora me chamou na sala dela.
- Hm, sim? - eu perguntei quando cheguei.
- Richard, sente-se por favor. - eu me sentei em uma cadeira que tinha em frente a mesa dela. - Como estão suas notas Richie?
- Nunca foram boas e você sabe disso - eu falei com uma naturalidade impressionante
- Mas elas decaíram Richard e também sabemos que você tem sofrido bullying.
- Desde o sétimo ano - eu mumurrei
- Oi?
- Nada não
- Enfim, eu e a coordenadora conversamos e chegamos a conclusão que você tem que começar a frenquentar a psicóloga do colégio
- Sou obrigado?
- Sim, pelo menos até suas notas melhoraramSpoiler alert, elas não melhoram.
Mas a psicóloga serviu pra uma coisa, eu descobri que tenho depressão e ansiedade.
Uma curiosidade: quem tem ansiedade tem uma imensa dificuldade de dormir, ou seja quem tem dorme poucas horas e quem tem depressão dorme muito. E como eu tive a imensa sorte de ter os dois, eu nunca mais tive um sono regulado, eu não dormia de noite por medo do que aconteceria no dia seguinte e dormia durante o dia por não ter conseguido dormir durante a noite.
E finalmente tinha chegado o último dia do primeiro ano do ensino médio, fiquei aliviado pra caralho, eu não estava aguentando mais.
Mas eu sabia que não ia ser melhor na minha casa, eram gritos 24 horas por dia.
Normalmente durante a noite eu saía para fumar. Eu gostava de ficar olhando a lua.
Nesses momentos eu sentia, por mesmo que só um minuto, eu sentia que eu era feliz.
Foram férias difíceis, mas todos os dias eram.
Mas no último dia de férias, chegou um novo morador na minha rua, na verdade ele era meu vizinho.
Um garoto que parecia da minha idade e sua mãe.
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the fucking life of richie fucking tozier
FanficEssa fic contém conteúdo pesado, incluindo gatilho a depressão, ansiedade, suicidio, abuso sexual, psicológico, verbal e físico. Por favor se vc for sensível com esses assuntos >NÃO< leia. ~finalizada~ ~contém apenas um capítulo~